Lançado no dia 2 de agosto, o Projeto Sarã, da Fundação Casa da Cultura de Marabá, logo no início conseguiu o apoio do Judiciário, por meio da 1ª Vara Criminal de Marabá, do Ministério Público Estadual, do Grupo Só da Terra e da Eleve Comunicação. O objetivo é recuperar áreas degradadas de um conjunto de mais de 15 ilhas existentes no Rio Tocantins, desde a foz do Rio Flecheira até o limite do município de Marabá com Itupiranga.
Durante a execução da primeira etapa, diversos ribeirinhos e barqueiros entenderam a importância do Projeto Sarã e solicitaram para participar de suas ações. O mesmo aconteceu com jovens universitários que cursam graduações ligadas ao meio ambiente, que pediram para auxiliar nas atividades que ainda serão desenvolvidas daqui para frente.
Na segunda etapa, realizada no dia 16 deste mês, técnicos de várias áreas começaram os estudos sobre as condições da primeira ilha e, posteriormente, apresentarão um relatório para que sejam discutidas que medidas precisam ser adotar para recuperar as áreas degradadas da mesma.
Leia mais:A presidente da Fundação Casa da Cultura de Marabá, Vanda Américo, explica que nesta segunda etapa biólogos coletaram plantas para registro e estudo, avaliaram condições de animais e peixes; os geólogos analisaram a situação do solo, das rochas, a formação das ilhas, as estruturas e assoreamento; o arqueólogo investigou sobre a possível existência de fragmentos arqueológicos nessa ilha, porque o 1º sítio arqueológico registrado pela Fundação Casa da Cultura de Marabá foi ali próximo, na Vila Espírito Santo; e a historiadora registrou a vida socioeconômica e cultural das famílias residentes na referida ilha.
“A partir desse exame meticuloso, os técnicos vão confrontar os resultados de cada área e se reunirão para projetar os próximos passos que serão dados. Os ribeirinhos estão ansiosos com a possibilidade de atrair o turismo ecológico para aquela região, que tem belas praias de água doce”, observa a presidente da FCCM.
O ribeirinho Joaquim Maranhão Filho nasceu na região do Espírito Santo e vive em uma ilha próximo ao Rio Flecheira há seis anos. Ele confessa que quando chegou para morar na residência atual derrubou árvores e outros tipos de vegetação para plantar. “Aqui era mais preservado, eu reconheço. Comprei dois alqueires e resolvi montar uma chácara, desmatando um alqueire e meio. Se fosse hoje, com o conhecimento que eu tenho, não faria aquilo. Estamos mais conscientes da importância de preservar a natureza, que nos dá alimento e a vida”.
Quando soube do projeto Sarã, Joaquim pediu para ser parceiro e pretende recuperar parte da área que desmatou e ainda ajudar a conscientizar outros vizinhos da região, para que tenham a mesma mentalidade de manter intacta a vegetação das ilhas em que moram, para que elas não desapareçam. “Esse projeto foi bem aceito por todos nós, daqui. A gente ouvia falar em preservar, mas não sabíamos como fazer isso. Hoje, estou plantando para beneficiar meus netos, no futuro próximo”, celebra.
Vanda Américo não condena o ribeirinho. Ela observa que o pensamento natural de quem chegava numa terra da região, no passado recente – ainda que fosse ilha – era derrubar a vegetação ao redor e colocar fogo. “Alguns proprietários moram mesmo nas ilhas e sobrevivem do que está em seu entorno e têm a cultura da vazante, plantando várias espécies de alimentos, como maxixe, quiabo, melancia, entre outros”, explica ela.
O marabaense Welson da Silva Tininho, ao ficar sabendo do projeto Sarã, enviou a seguinte mensagem por rede social: “Parabéns para esse projeto e a todos que tiveram a iniciativa de começar a executar ele (sic). Agora é trabalhar com a consciência de toda a comunidade para a melhoria e limpeza dos nossos rios, praias, balneários e dar continuidade a ele”.
A terceira etapa está agendada para acontecer no início de setembro, alcançando a segunda ilha, com trabalho igual ao realizado na primeira, que foi mapeada por completo pelos pesquisadores. (Ulisses Pompeu)