Com 260 quilômetros de extensão e rota de acesso para importantes localidades rurais dos municípios de Marabá, Itupiranga, Novo Repartimento e São Félix do Xingu, a Estrada do Rio Preto amanheceu bloqueada nesta segunda-feira (19). O ponto de bloqueio está 1,5 km após a Vila Santa Fé, sentido Vila União, em Marabá.
Estima-se que a população que depende da trafegabilidade da via gire em torno de 100 mil pessoas. Os primeiros manifestantes iniciaram a concentração às 6 horas e o objetivo é manter a estrada bloqueada por 24 horas, até 6 horas de amanhã, terça-feira (20).
O pecuarista Zé Alfredo avalia que a manifestação é bem vinda e que a poeira deixada pelos caminhões que servem à mineradora Buritirama dia e noite é o principal inimigo deles, depois da estrada esburacada. “Se não fossem mais de 200 caminhões indo e voltando para Marabá, 24 horas por dia, não existiram tantos problemas em nossas comunidades”, avalia.
Leia mais:Segundo Rosemeire Moreno, uma das organizadoras da manifestação, as pessoas que vivem nas vilas localizadas ao longo da vicinal não aguentam mais as más condições da estrada, que piora a cada dia com o tráfego intenso de caminhões, carregados de minério que vem da mineradora Buritirama, por exemplo.
“A manifestação tem intuito de mostrar para as autoridades que existimos, que somos gente, que temos voz. Queremos ser vistos e queremos asfalto porque não aguentamos mais pai de família ser morto nessa estrada e a gente quer ter patrimônio que aguente, veículos que não se estraguem tão rapidamente”, afirma.
Por enquanto, diz, há cerca de 300 pessoas na manifestação, onde estão sendo preparados alimentos. Segundo a líder, após iniciado o bloqueio por parte dos moradores, a Polícia Militar também bloqueou dois pontos, à altura do Km 09 e Vila Três Poderes, alegando ser medida de segurança. O Correio de Carajás ainda não conseguiu falar com o comando da PM.
FEDERALIZAÇÃO
Em contato com o secretário Municipal de Viação e Obras Públicas (Sevop), Fábio Cardoso Moreira, este informou à Reportagem que a vicinal segue dependendo de federalização para ser asfaltada.
Por parte da Prefeitura Municipal, acrescentou, existe um acordo já com projeto pronto para que as ruas das vilas sejam pavimentadas, com contrapartida da mineradora Buritirama. Paralelamente, o município irá instalar balanças para pesar a carga dos caminhões que trafegam pela rodovia, já que atualmente não há fiscalização e o peso transportado a mais de acordo com a capacidade do veículo piora as condições da estrada. A expectativa é de que as obras de instalação comecem em três ou quatro meses.
Já o secretário de Estado de Transportes (Setran), Pádua Andrade, também procurado pelo portal, afirmou que se trata de uma vicinal pertencente ao município e que está em trâmite a federalização, explicando que a Estrada do Rio Preto deverá tornar-se uma continuidade da Rodovia BR-222.
Confirmou ter participado de uma reunião sobre o caso há alguns meses na qual o estado se comprometeu a cobrar agilidade no projeto de federalização, atualmente tramitando junto ao Senado. O secretário garante que a tramitação está avançada e explica que o estado só poderia intervir realizando a pavimentação se fosse uma rodovia estadual. Após este processo, acrescenta, o papel da administração estadual será a busca por recursos da União a serem aplicados na pavimentação.
SENADO
Tramita no Senado o Projeto de Lei n° 2449, de 2019, de autoria do Senador Zequinha Marinho (PSC/PA), que altera a Relação Descritiva das Rodovias do Sistema Rodoviário Federal, integrante do Anexo do Plano Nacional de Viação, aprovado pela Lei nº 5.917, de 10 de setembro de 1973, para dar novos pontos de passagem à BR-222.
Conforme a justificativa, o último trecho da BR-222 está planejado para ligar a cidade de Marabá com a BR-158, também no Pará. “Ocorre que não há definição exata do traçado desse trecho, embora conste no mapa do Plano Nacional de Viação, uma linha pontilhada sugerindo, teoricamente, essa ligação. Por sua vez, a BR-158, ao cortar o sudeste do Pará, tampouco possui traçado definido. A não implantação da BR-222 constitui um entrave capaz de bloquear qualquer impulso no desenvolvimento dessa região, que é atendida somente por estradas municipais e estaduais em condições precárias”, diz o texto.
A justificativa destaca que a região é dotada de riquezas naturais e possui grande potencial a ser devidamente explorado, sendo que as atividades desenvolvidas na região carecem de melhores vias para o escoamento de produção e requerem, pois, uma urgente intervenção federal por parte do seu setor de viação, para que o traçado da BR-222 possa ser estabelecido e a rodovia implantada, com a maior urgência possível.
De acordo com o projeto, as localidades que mais demandam serem diretamente servidas pela BR-222 são: Dom Eliseu, Rondon do Pará, Abel Figueiredo, Bom Jesus do Tocantins, Marabá, Vila Brejo do Meio, Vila Santa Fé, Vila Trindade, Vila Novo Progresso, Vila Três Poderes, Vila Capistrano de Abreu, Vila São Pedro, Distrito Cruzeiro do Sul, Vila Josenópolis, Vila Plano Dourado, Lindoeste, Distrito Sudoeste, Vila Cascalheira, Vila São Francisco, Vila Teilândia, Vila Tancredo Neves, Vila Canãa, cidade de São Félix do Xingu, Porto Santa Rosa, Vila do Facão, Vila do Macaco, Vila Central, Vila Planalto, Vila da Fumaça, Vila Caboclo, Vila Canopus e BR 163 (Cidade de Novo Progresso).
O último trâmite, conforme informa o a página do Senado, é da última quinta-feira (15), estabelecendo que o requerimento está aguardando ser lido no Plenário. Confira aqui o projeto de lei .