📅 Publicado em 23/07/2025 10h24✏️ Atualizado em 23/07/2025 14h07
“Eis que faço coisa nova, que está saindo à luz; porventura, não a percebeis? Eis que porei um caminho no deserto e rios, no ermo”, neste versículo de Isaías 43:19 é levado à superfície o poder de Deus em conduzir novidades e transformações, abrindo caminhos onde não existem e trazendo vida onde há seca.
Para quem aprecia os detalhes, essa passagem bíblica também representa Monnika Almeida de Oliveira, moradora de Eldorado do Carajás, onde trabalhou por vários anos na área de saúde.
No pequeno município do sudeste paraense, a paixão de Monnika pela fotografia alcançou raízes. Seu coração foi domado em meados de 2020, primeiro ano da pandemia de covid-19. Naquele momento de incertezas e medo, suas crises de ansiedade surgiram e foram potencializadas.
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“Me vi em um cenário em que eu achava que o mundo ia se acabar. Eu precisava encontrar uma forma de me sentir firme e confiar que tudo ia dar certo”, revela, emocionada.
Até aquele momento a vida profissional de Monnika era na área da saúde e, como ela mesma diz, o “Senhor” a presenteou com a fotografia. Durante algum tempo, ela tentou equilibrar seu trabalho na Secretaria de Saúde de Eldorado do Carajás com a fotografia.
Mas, até então, a arte era apenas um hobby, uma ferramenta para que ela se sentisse bem. Um caminho para a descontração e conexão com outras pessoas e suas histórias.
Cinco anos depois, Monnika tem um estúdio de proporções inimagináveis e que faz inveja à maioria dos que existem em Marabá e Parauapebas. Um trabalho sensível, que captura a essência de maneira minimalista e delicada, mas que traduz a força interior que cada pessoa carrega dentro de si.
Quem quiser conhecer o estúdio e os projetos de Monnika basta abrir o Instagram e buscar por @monnikaoliveira_, onde também oferece orçamentos e informações sobre seu trabalho autoral.

TRANSIÇÃO
“Até hoje eu sinto um pouco de medo”, confidencia, ao ser questionada sobre a transição de carreira. Ela revela que montar o estúdio fotográfico não era sua ideia inicial ao sair da Secretaria de Saúde. Aos poucos, a vida se encarregou de encaminhar Monnika para a carreira que a abraçou.
Foi em janeiro deste ano, durante uma ação da Secretaria de Saúde, quando ainda estava lá, que ela conheceu o local que se tornaria seu estúdio. O espaço não tinha portas e o reboco das paredes era escasso. Dentro dele, Monnika visualizou a nova carreira tomar forma, mas não permitiu que a sementinha germinasse naquele momento.
“De maio para junho, quando eu estava procurando alguns lugares, o Senhor colocou esse espaço no meu coração. Foi aí que deu certo”, relembra.
Sob seu toque cuidadoso o espaço de 100 metros quadrados tomou forma, ficou belo e atualmente abriga cinco cenários diferentes, todos inspirados em personalidades marcantes e que fazem parte da vida da fotógrafa. A mãe, a irmã, o esposo, a família e… Deus.
A construção dos cinco cenários em um único espaço partiu de um impulso espiritual e afetivo. No início, Monnika não tinha um plano definido para cada ambiente. A clareza veio em meio a uma viagem, ao observar o céu e as nuvens. Foi ali que nasceu a ideia do “Véu de Luz”, um cenário concebido para representar a pureza e a graça, com tecidos leves e fluídos, remetendo à presença divina.
“Nesse momento eu decidi que todos os cenários seriam uma homenagem às pessoas que vivem em mim e também ao Senhor, porque nada seria possível sem Ele”, conta.
Entre os espaços cuidadosamente planejados, ela celebra o que foi batizado como “Cadeira da Essência”, dedicado à mãe da artista, cuja fé inabalável foi essencial durante sua fase de transição profissional. Inspirada por uma metáfora materna: Deus às vezes “agita” seus filhos como uma caixinha de suco antes de usar. Foi nesse momento que Monnika encontrou coragem para deixar a estabilidade e seguir um novo chamado.
Os outros ambientes também refletem vínculos profundos e pessoais, como o “Refúgio Boho”, homenagem ao marido que foi seu porto seguro em meio às incertezas. Para a artista, cada cenário é mais do que um ambiente estético: é uma narrativa visual de afeto, coragem e espiritualidade.

OITO MULHERES
Enquanto artista de retratos, Monnika encontrou na própria trajetória e na fé sua maior motivação para criar um projeto visual que homenageia mulheres marcantes de sua vida. Lá atrás, ao conceber seus cenários, ela não queria apenas compor imagens bonitas, mas registrar a essência de histórias que muitas vezes são esquecidas na rotina diária.
O projeto nasceu do desejo de lembrar que cada mulher carrega em si uma narrativa única, um traço da identidade que, segundo ela, “é a marca que o Senhor deixou”. A partir disso, ela convidou oito mulheres para compor um quadro visual afetivo e simbólico.
Entre as homenageadas estão sua mãe, pastora Sandra, sua maior amiga e referência de fé; Ana Raquel, exemplo de liderança; e Cleiva Dantas, que trabalha na área da perfumaria e exerce um papel quase materno na vida da fotógrafa. Também participa Josirene, responsável por detalhes artesanais no estúdio (como mantas e almofadas de crochê) e cuja história inspirou o cenário intitulado “Pontos da Minha História”.
Cada convite foi feito de forma pessoal, como reconhecimento do impacto silencioso, mas profundo, que essas mulheres tiveram em sua jornada.
Outras mulheres igualmente inspiradoras compõem o projeto, como Lucy Damacena, empreendedora de Sapucaia que superou dificuldades desde cedo para criar ações sociais e liderar iniciativas voltadas ao empreendedorismo feminino em um município pequeno.
Com cada retrato, Mônica busca mostrar que a fotografia pode ser mais do que imagem: ela pode ser um ato de reconhecimento, conexão e permanência. O projeto não se limita ao estúdio, é também um gesto de gratidão e uma tentativa de eternizar momentos e presenças.
Monnika explica que seu trabalho vai além do registro visual, é uma proposta de sensibilidade. Em vez de poses perfeitas, ela aposta na espontaneidade e no minimalismo para capturar emoções reais. Mesmo com os desafios de atuar em uma cidade pequena como Eldorado do Carajás, ela mantém o olhar voltado para toda a região e, quem sabe, para o País.
Seu propósito é claro: “Fotografar todas as fases com a beleza de ser você, sem precisar se preocupar com mais nada”.