Correio de Carajás

Resgate do Rouxinol, a chama da Fogo no Rabo Mirim e a excepcional Morgana

Apresentação do Rouxinol foi realizada antes da final das quadrilhas do Grupo A (Fotos: Ulisses Pompeu)

O Resgate do Rouxinol foi responsável não somente por levar às quadras da Santa Rosa, na Marabá Pioneira, uma tradição marabaense por meio do teatro e da comicidade, como também de abrir a noite das apresentações do último dia de Festejo Junino, em Marabá, neste domingo, 30.

Segundo José de Jesus Marques de Souza, o Mestre Zequinha, todo o esforço dedicado ao resgate do Cordão de Pássaros no evento, uma tradição cultural de Marabá que estava esquecida há 70 anos, pretende reavivar essa manifestação artística que combina teatro e música.

A iniciativa partiu da vontade do próprio de resgatar o Cordão de Pássaros, uma forma de teatro de rua que envolve cânticos e narrações ao ar livre. “A ideia era resgatar o cordão de pássaros. E nós conseguimos até agora o rouxinol. Vamos ver se a gente consegue fazer arara, beija-flor, o tucano e outros mais”, explica.

Leia mais:

A tarefa não foi fácil, especialmente porque o Cordão de Pássaros, que inclui o pássaro rouxinol estava parado por sete décadas.

Vários personagens se uniram para resgatar a tradição do cordão de pássaro Rouxinol

O Cordão de Pássaros é descrito por Zequinha como um “teatro aberto com cânticos”. Ele destaca a importância da narrativa teatral que acompanha o cordão, afirmando que “não é só o cordão, porque o cordão sai na rua cantando. Mas tem uma saga que precisa ser contada aqui. Que é o teatro.”

A tradição incorpora elementos místicos e culturais brasileiros, como cartomancia, pajés e ciganas. “Isso aí é a nossa cultura. O povo brasileiro tem isso”, diz Zequinha. Ele esclarece que a saga original, de origem japonesa, foi adaptada para a Amazônia, incorporando aspectos culturais locais como cangaceiros e curandeiros. “Quando veio pra cá, que o japonês trouxe em 30, importaram essa cultura e a gente abraçou adaptando às condições da sua região.”

 

FOGO NO RABO MIRIM

Campeã das juninas mirins, Fogo no Rabo foi a segunda a se apresentar e provou mais uma vez o motivo de ter sido consagrada campeã entre os grupos da categoria. Desde os mais velhos aos menores, a animação e a fofura eram aspectos presentes, esses que, inclusive, cativaram os espectadores em mais uma noite do evento.

O comprometimento, mesmo com tão pouca idade, encantou. A escolha da temática do Chaves, ao mesmo tempo que resgatou memórias afetivas, preservou a infantilidade dos brincantes que, mais do que dançar, puderam se divertir.

Foto: Jordão Nunes

Em entrevista ao Correio de Carajás, Anthony de Sousa compartilha sua experiência e a emoção de ser campeão com o tema “Chaves, o Menor Abandonado”, que aborda a questão do abandono infantil.

“A gente traz o tema Chaves, o Menor Abandonado. A gente traz a questão sobre o abandono infantil”, explica. Ele ressalta a relevância universal do tema, destacando que o abandono infantil é um problema presente no mundo inteiro. A apresentação na arena foi uma oportunidade de trazer essa realidade à tona através da dança e da cultura popular.

Quando questionado sobre a sensação de vitória, Anthony mostra grande felicidade e orgulho. “Nesse momento, quando a gente viu que fomos campeões, a gente se sentiu muito honrado, muito feliz. Pois vimos que o nosso trabalho realmente foi valorizado”, afirma. Ele mencionou que a conquista foi o resultado de três meses de esforço e perseverança, o que tornou a vitória ainda mais gratificante.

 

RAINHA DA DIVERSIDADE

Morgana Salvatore provou que para brilhar e concentrar atenção na arena, não é preciso de uma junina inteira, basta presença e talento. Com temática de Exu, uma divindade do panteão africano das religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda, a rainha usou as cores preto e vermelho para representar o “guardião dos caminhos e das encruzilhadas”.

 O vermelho, nas religiões, representa a energia, a vitalidade e o dinamismo de Exu. É uma cor de força, movimento e transformação, características bastante presentes na apresentação da vencedora. Já o preto é associado ao mistério, ao poder e à profundidade. Representa a ligação de Exu com as forças ocultas e com os aspectos menos visíveis da existência.

Morgana mostrou por que foi eleita Rainha da Diversidade 2024

Em entrevista, Morgana Salvatore, participante estreante na competição na categoria, abriu o coração sobre a experiência de representar sua junina Arrastão do Amor, como rainha.

“Bom, essa modalidade eu nunca participei, é meu primeiro ano aqui”, revela. Anteriormente, ela participava de competições em Belém, em uma categoria. “Lá a gente chamava de Miss Mix, mas eu dançava em Parauapebas, e conquistei quatro títulos como Rainha da Diversidade, também”, explica. Este ano, Morgana se aventurou e arrasou em uma nova experiência ao competir como rainha em sua estreia na quadrilha junina.

Ela destaca o grande sentimento de responsabilidade ao representar sua equipe. “A emoção é muito grande, então eu senti um peso muito grande em representar ela. Tentei entregar o máximo possível e, graças a Deus, deu a vitória”, disse.

A felicidade pela vitória foi imensa, evidenciada por suas palavras: “É muito, muito maravilhoso. Estou muito feliz.” (Thays Araujo)