Correio de Carajás

Repórter relata primeiras impressões sobre Terminal de Passageiros

Propagado com sendo a saída para resolver o drama do transporte coletivo urbano em Marabá, o Terminal Integrado de Passageiros foi inaugurado neste domingo, 26, sem badalação, mas com muitas questões ainda por resolver. A estação de embarque e desembarque de passageiros funciona ao lado da Grota Criminosa, entre as folhas 23 e 26, na Nova Marabá, no pé de uma ladeira, onde os veículos passavam a pelo menos 80 km por hora.

Para evitar acidentes, a Prefeitura colocou sinalização horizontal e vertical nas imediações, para forçar os veículos a passarem mais lentamente no local de entrada e saída de ônibus. Logo no domingo e na segunda-feira, dois repórteres do CORREIO testaram o funcionamento de duas rotas e ouviram as impressões dos usuários.

Entre as vantagens do novo terminal, é que os passageiros que saem do núcleo Cidade Nova para ir a Morada Nova, por exemplo, agora pagam apenas uma passagem, ao contrário do que ocorria antes, quando tinham de pegar dois ônibus e pagar duas vezes. No espaço há também banheiros (dois), bebedouro e a atuação de cinco pessoas das empresas TCA e Nassom para tirar dúvidas e orientar usuários e motoristas.

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Muitos passageiros ouvidos no domingo, dentro do terminal, elogiaram e disseram que a viagem agora estava mais rápida e disseram sentir mais segurança de esperar o ônibus dentro do espaço do que em paradas desertas, com o risco de assalto.

A proposta das empresas de ônibus é que ele seja provisório, até que a Prefeitura autorize a construção de uma estrutura definitiva ali em frente, no canteiro entre as duas pistas. Por isso, lá dentro tudo parece improvisado. A cobertura é estreita, com tendas de lona e quando o sol fica nas extremidades (manhã e tarde) praticamente todo mundo que está embaixo da estrutura pega sol.

Há apenas 15 cadeiras, que na verdade são poltronas de ônibus e grande parte das pessoas tem de esperar o carro de sua linha em pé ou sentada na calçada, fugindo do sol.

Dejafá Silva de Souza, encarregado do Departamento de Fiscalização das empresas Nassom e TCA, mostrou-se empolgado com o novo serviço disponibilizado para o usuário. Em verdade, todos os funcionários da empresa que estavam no local demonstravam o mesmo sentimento. Na avaliação de Dejafá, os usuários gostaram bastante do terminal, principalmente por não ficarem entre 20 a 40 minutos nas paradas esperando ônibus. “Esse era um dos gargalos que atrapalhavam nossa operação, porque o fluxo de carros não tinha fluidez. No dia a dia os usuários vão se acostumando e ficarão mais satisfeitos ainda”.

Segundo ele, o terminal vai funcionar de 6 horas até as 23h30, quando serão liberados os últimos ônibus. Disse também que várias linhas foram criadas em formato circular pelos bairros, o que estaria dando eficiência ao sistema. “Outras linhas serão disponibilizadas em breve e vamos ajustando a operação de acordo com a demanda”, destacou.

Para tentar esclarecer alguns pontos nebulosos do projeto, a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Marabá agendou para esta terça-feira, 28, uma Coletiva de Imprensa, a partir de 9 horas.

Espera para Morada  Nova é muito criticada

Tanto no domingo quanto nesta segunda-feira, dias 26 e 27, a reportagem do CORREIO testou duas rotas, uma que chegava e outra que saía do terminal integrado. Da Liberdade até lá foram 22 minutos de viagem no domingo, sem passar pela Marabá Pioneira (o que é muito bom).

Mas a rota disparada em críticas é a de Morada Nova. Tanto num dia quanto no outro. O tempo entre a chegada de um ônibus e outro deixa os usuários impacientes. Eles veem gente chegando e saindo rapidamente, mas não permanecem ali, até 40 minutos.

Uma das pessoas ouvidas no domingo foi a aposentada Maria Barros Pereira, de 78 anos de idade. Ela disse que chegou à parada de ônibus, no bairro Laranjeiras, rumo a Morada Nova, às 15 horas, mas o ônibus só passou às 16. Chegou ao terminal integrado antes das 16h30 e o ônibus para seu destino final só foi chegar às 17h20. “A única coisa boa até agora é que só paguei uma passagem. O resto está do mesmo jeito”, opinou.

Layse Silva sofria um dilema parecido. Funcionária do Supermercado Líder, ela saiu do trabalho às 16 horas, pegou um ônibus para o terminal de integração, mas incomodou-se com o tempo de esperar para pegar outro carro para Morada Nova. Ela era uma das raras pessoas que conseguiram cadeira para sentar. “Pelo menos isso, já que a gente tem de esperar tanto tempo aqui”.

Keliane Silva, de 15 anos de idade, amamentava o filho de um mês de nascido sentada na calçada do terminal porque as cadeiras disponíveis estavam todas no sol, às 16h30. Ela veio do Jardim União e disse que seguiria para a Folha 18, em companhia da mãe e de outra irmã. “Devia ter mais cadeiras aqui e mais proteção contra o sol”, queixou-se.

João Martins, gerente das empresas que operam o sistema de transporte coletivo em Marabá, avalia que o terminal de integração passa a ser uma espinha dorsal do sistema e lamentou que as gestões anteriores não deram a atenção devida para esse serviço, embora estivesse previsto no edital de licitação. Ele reconhece que faltam informações internas para os usuários no terminal, mas garante que elas estarão disponíveis em breve. (Ulisses Pompeu)

Estrutura do Terminal é acanhada, promete ser temporário, mas recebe críticas

Repórter do Jornal Correio testou e  aprovou (com ressalvas)

A repórter Karine Sued testou a rota para Morada Nova na manhã desta segunda-feira, 27, e sentiu na pele o que os usuários sofrem no dia a dia. O ônibus estava superlotado e muitos usuários reclamando do longo tempo de espera para a chegada do veículo e do fato de viajarem em pé.

Karine percorreu todos os espaços do terminal, falou com a direção das empresas Nassom e TCA, que têm a concessão pelo serviço, e acredita que, se forem aplicadas algumas alterações apontadas pelos usuários, a coisa tende a melhorar nas próximas semanas.

Abaixo, leia o testemunho de Karine Sued sobre sua viagem e uso do terminal:

Fui ao Terminal de Integração de Marabá para saber como está sendo prestado este serviço por lá. Ao chegar ao local, me deparei com uma catraca, que fica logo na entrada e, após pagar R$ 3,60 pela passagem e passar pela roleta, tive acesso à área de embarque e desembarque de passageiros.

Nesse momento, logo consegui identificar os fiscais. Eles usam coletes verdes florescentes e estão a todo momento atendendo ao público. A função deles é dar informações e também anotar o horário de saída dos coletivos. Conversando com um deles, que apenas se identificou como “Zico”, recebi a informação de que, lá do Terminal “tem ônibus para todos os lugares”.

Depois de ouvir a informação de seu Zico, dei uma volta pelo lugar para saber como estão as instalações. Vi bebedouro, mas não tem copo. E, inclusive, o único que tinha era de vidro, utilizado por funcionários e que os usuários têm disponível para matar a sede. Existem dois banheiros, um masculino e outro feminino, ambos com acesso para cadeirantes. Um rapaz de serviços gerais alternava entre um e outro para mantê-los limpos.

Conversei com dezenas de pessoas, dentre elas Dalvina de Moura e Fabriciana dos Santos, duas mulheres que não se conheciam, mas nutriam a mesma sensação de insatisfação: estavam no Terminal há quase uma hora aguardando o ônibus para Morada Nova. Decidi, então, acompanhar a saga de ambas e aguardar junto o mesmo coletivo.

Depois de mais de uma hora aguardando pelo ônibus, exatamente às 11h23, embarquei rumo ao Distrito.

Ônibus lotado, calor e muita reclamação. Durante toda a viagem fiquei em pé e conversei com passageiros que, pasmem, comentaram que o ônibus “até que não demorou”. Segundo eles, já estão acostumados com o longo tempo e o Terminal, por enquanto, ainda não melhorou essa espera.

Por outro lado, outros passageiros afirmaram que a implementação do terminal ainda é muito recente e que eles esperam que esse serviço possa melhorar nos próximos dias. (Karine Sued)