Correio de Carajás

Reflexões sobre depressão e suicídio

Um jovem de 28 anos tirou a própria vida se atirando na direção de uma carreta em movimento. O caso ocorreu na noite da última quinta-feira, 23, em Floresta do Araguaia, região sul do Pará. Segundo a ocorrência da Polícia Militar, uma das rodas traseiras do veículo passou por cima da cabeça do rapaz. A cena é forte, apavorante, assustadora. O jovem optou por uma morte rápida. Os possíveis motivos que o levaram a isso não foram esclarecidos.  O que se sabe, é que ele se tornou mais uma vítima do suicídio, que aliás, não é nenhum fenômeno recente.

Os números são assustadores: no mundo, são registrados cerca de 800 mil suicídios anuais. Um a cada 40 segundos. No Brasil, cerca de 12 mil pessoas tiram a própria vida por ano, quase 6% da população. A cada 46 minutos uma pessoa tira a própria vida no Brasil.

Os números evidenciam que se trata de um grave problema de saúde pública. Uma realidade devastadora quando se identifica o perfil das vítimas brasileiras: a maioria é homem, negro, com idade entre 10 e 29 anos, exatamente o perfil do jovem citado no início do texto.

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Os números se baseiam em dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, respectivamente, avaliados nos últimos quatro anos. Depressão, problemas amorosos ou familiares, desemprego, traumas emocionais, abuso de substâncias tóxicas, bullying, enfim as causas que podem levar ao suicídio são profundamente complexas e multifacetadas para caber em quaisquer análises superficiais ou simplistas, assim como as dores que cada um de nós carrega.

Só é “fraqueza, tentativa de chamar atenção ou mimimi” quando não dói em quem julga, mas em quem sofre a dor. Embora ainda bastante visto como um tabu ou um assunto assustador, é preciso, sim, falar sobre o tema, e este Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio, é justamente pra isso.

A OMS afirma que o suicídio tem prevenção em 90% dos casos. O ato de falar sobre este assunto, observar os possíveis sinais de alguém precisando de ajuda, de carinho e de atenção, pode salvar vidas, inclusive, a vida de alguém que você ame. Quando ouvir falar em depressão, tentativa ou desejo suicida ou alguma notícia sobre suicídio, não seja indiferente ou sarcástico, isso não ajuda em nada nessas horas.

Não se engane, a próxima vítima de suicídio pode ser alguém que você sentirá falta, mas preferiu ignorar os sinais de alerta do seu sofrimento. (Delmiro Silva)