Correio de Carajás

Recursos adiam julgamento de PM que matou professor do IFPA

Preso desde o dia 9 de agosto de 2018, o policial militar Felipe Freire Sampaio Gouveia, pelo assassinato do professor Ederson Costa dos Santos, ainda não teve a data do seu julgamento marcada por causa de dois recursos, um da defesa dele e outro do Ministério Público. O homicídio aconteceu em Marabá na madrugada de 4 de agosto daquele ano. A vítima trabalhava no IFPA Campus Industrial e toda a cena do crime foi filmada, gerando grande repercussão e revolta. A morte foi motivada por uma discussão de trânsito.

Felipe já foi pronunciado. Mas o advogado dele, Arnaldo Ramos de Barrosa Júnior, recorreu ao Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) para tirar duas qualificadoras: motivo torpe e situação que impossibilitou a defesa da vítima. Arnaldo entende que as qualificadoras são excessivas e quer que seu cliente seja julgado por homicídio simples.

O outro recurso foi movido pelo Ministério Público, em relação à namorada do policial, Thaís Santos Rodrigues, que estava com o militar no momento em que ele atirou e matou o professor. O que ocorre é que Thaís foi impronunciada pela Justiça, ou seja, não deve ser julgada, mas apenas ouvida como testemunha. O Ministério Púbico discordou da decisão e recorreu ao TJPA para que ela também sente no banco dos réus e responda pela morte do professor, como coautora do crime.

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O advogado Arnaldo Ramos diz acreditar que assim que passar esse período de isolamento social por conta do Coronavírus, que culminou com o recesso de várias atividades forenses, será definido o júri, seja apenas de Felipe ou dos dois.

O CRIME

O professor Ederson estava com duas amigas no carro em uma via da Cidade Nova, quando se envolveu em uma colisão leve com o carro dirigido pelo policial militar Felipe Gouveia, que estava acompanhado de Thaís. Os dois veículos pararam no início da Avenida Tocantins, bairro Novo Horizonte, em frente ao SESI, e começaram a conversar. Do lado de fora do carro ficaram Ederson, Felipe e Thaís.

O PM Felipe Gouveia foi preso no dia 9 de agosto e será julgado em breve/Foto: Evangelista Rocha/arquivo

Em determinado momento, Thaís se afasta, enquanto Felipe observa se tem algum carro passando ali naquele momento. Ao perceber que a rua está deserta, o policial se aproxima do professor, saca sua pistola e dispara duas vezes contra a vítima, que estava de braços cruzados, encostada no carro. O rapaz caiu morto na mesma hora.

Além das duas testemunhas que ficaram o tempo inteiro dentro do carro da vítima, toda ação foi filmada por uma câmera de segurança de uma empresa localizada bem em frente onde tudo aconteceu. Como a filmagem não conseguiu captar o áudio da conversa, não é possível dizer exatamente o que os envolvidos conversaram antes do crime.

Thaís, namorada do policial, escapou da pronúncia, mas o MP recorreu e ela pode ser julgada

PRISÕES

A partir das imagens com as características dos envolvidos e também do veículo do casal, o delegado Ivan Pinto da Silva, que era titular do Departamento de Homicídios da Polícia Civil naquela época, iniciou uma investigação, que também contou com valiosas informações anônimas que o levaram até o paradeiro de Felipe. O acusado é policial militar lotado na cidade de Imperatriz, no Maranhão.

De posse de um mandado de prisão, o delegado viajou até a cidade que fica no sudoeste do vizinho Estado e seguiu direto para a sede do 3º Batalhão de Polícia Militar, onde comunicou o comandante e o oficial de dia, pegando todos de surpresa, pois Felipe continuava trabalhando normalmente como se nada tivesse acontecido. Felipe foi convocado pelos seus superiores e entregue à Polícia Civil de Marabá. Isso aconteceu no dia 9 de agosto, cinco dias depois do crime.

O passo seguinte foi tentar prender Thaís. Ela já estava encurralada, escondida na casa de um parente aqui mesmo em Marabá, e acabou se apresentado à Polícia Civil no dia 14, cinco dias após a prisão de Felipe. Resta saber agora se Thaís também sentará no banco dos réus junto com seu namorado, ou se acompanhará o julgamento apenas como testemunha. Só o tempo dirá, mas tudo indica que será em breve. Por enquanto ela aguarda essa definição em liberdade. (Chagas Filho)