Correio de Carajás

Recém-nascido morre no HMI e hospital admite falta de médico

Uma sindicância interna e também o Ministério Público devem apurar mais uma grave ocorrência no hospital público de Marabá

Hospital já havia sido tema de reportagem na última semana, quanto a médicos sem especialidades

Mais uma tragédia se registrou no Hospital Materno Infantil (HMI) de Marabá: recém-nascido morreu por inalar fezes no ventre da mãe. Uma sindicância interna e também o Ministério Público devem apurar o caso, mas denúncias de servidores da própria casa de saúde indicam que havia apenas dois obstetras de plantão, quando, na verdade, deveria haver quatro profissionais durante o final de semana. Além disso, a própria Organização Social (OS) que administra o HMI, admitiu a ausência de profissionais no domingo (14), quando tudo aconteceu.

De acordo com o que foi apurado pela reportagem, a paciente de 28 anos chegou ao centro de parto normal, no HMI, por volta das 8h30, com 6 ou 7 centímetros de dilatação. Às 10h30 ela estava com dilatação completa e baixo batimento cardíaco, assim, foi levada imediatamente para a sala de parto, segundo a prefeitura, acompanhada de médico ginecologista, pediatra e equipe multidisciplinar.

Mas, diferente do que informou a Secretaria de Comunicação da Prefeitura (Secom), a própria OS Madre Tereza, que gerencia o HMI, admitiu que, embora o contrato determine que deveriam constar quatro médicos, isso não está acontecendo.

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“Devido a desistência de alguns médicos por questões pessoais e perda por falecimento de outro, nossa empresa momentaneamente vem tendo dificuldades em fechar a escala”, assume a OS, contrariando a nota da própria prefeitura que alegou que a paciente estava acompanhada de uma equipe completa.

Por outro lado, a OS promete que em breve o problema será sanado, pois “já contactamos com aceite de alguns profissionais para suprir a necessidade”.

MAIS CONTRADIÇÕES

Embora a Secom tenha informado que foi iniciada uma reanimação no recém-nascido com a presença de pediatra e equipe de enfermagem, servidores do HMI, que pediram para não serem identificados, informaram que o socorro à criança demorou e isso pode ter sido determinante para o desfecho trágico do caso.

“Todos as manobras foram efetuadas para a tentativa de salvamento, mas infelizmente o recém-nascido veio a óbito. Ainda assim o HMI e a Secretaria de Saúde estão abrindo uma sindicância interna para checagem de todos os procedimentos”, disse a nota da Secom.

Nossa reportagem não teve acesso ao prontuário para tentar localizar a família que foi vítima de mais uma morte no HMI para saber que providências serão tomadas. Os servidores que são fonte da nossa reportagem também se dizem assustados com os problemas que têm ocorrido no hospital e as consequências aos pacientes. (Chagas Filho)