Correio de Carajás

Recém-inaugurada, Transcarajás já coloca vidas em risco

A primeira etapa da Rodovia Transcarajás, construída às pressas pela Prefeitura de Canaã dos Carajás, no final do ano passado, já foi liberada para tráfego, mas o resultado da afobação são buracos se multiplicando no asfalto irregular. “Asfalto novo, feito esses dias, em pouco tempo já está assim. Tem que ser uma coisa melhor, bem feita. Muito ruim o asfalto”, reclama o agricultor Vivaldo Maia.

A rodovia deve ligar o município de Canaã dos Carajás à Rodovia BR-155, na cidade de Xinguara, no sul do Pará. A importante estrada que encurta distâncias e é estratégica para o escoamento da produção rural na região pode estar ameaçada pela falta de qualidade, mesmo diante do grandioso orçamento.

Inicialmente, o valor seria de R$ 46 milhões, mas com os aditivos de contrato a conta já passou dos R$ 53 milhões. O quilômetro do asfalto não saiu por menos de R$ 3 milhões, considerado um dos mais caros do Brasil e que já está se desfazendo. “Estrada nova e já está cheia de buracos”, comenta a dona de casa Rosângela da Silva.

Leia mais:

Gabriel é motorista de ônibus, precisa passar pela Transcarajás quase todos os dias e já sente na pele os problemas que começaram a surgir. “Já tem uns buraquinhos né? Chove muito. É perigoso”, diz o condutor.

Na base da pista a erosão pode comprometer toda a estrutura. Basta chover forte para que surjam os riscos de desmoronamentos e, aos poucos, a rodovia está cedendo. Rachaduras no asfalto e meio fio crescem a cada temporal.

Ainda faltam 22 quilômetros para a Transcarajás ser concluída. O projeto da rodovia prevê, também, articulação com o governo estadual para asfaltamento até o Rio Araguaia, na divisa com o Tocantins.

A prefeita de Canaã dos Carajás, Josemira Gadelha, gravou recentemente um vídeo falando das obras de reparo que precisaram ser feitas apenas dois meses depois da inauguração da Transcarajás. Promete que todas as falhas serão corrigidas. “Essas obras fazem parte da garantia de cinco anos que o consórcio de empresas dá à construção da estrada e que está em contrato”.

Seu Manuel Santana, entretanto, tem medo que a obra vá por água abaixo e transforme o sonho em pesadelo. “Eu tiro pelo bairro Vale da Bênção, em Canaã, que o asfalto é só a capa. Aliás, na cidade inteira. Esse asfalto aqui não tem fiscalização”, desabafa o operador de máquinas. (Nyelsen Martins)