Neste sábado (7), as forças rebeldes do movimento jihadista Organização para a Libertação do Levante (HTS, na sigla local) tomaram o controle de mais duas cidades: Quneitra, no Golã sírio, perto da fronteira com Israel, e Sanamayn, a cerca de 20 km do portão sul de Damasco.
Segundo a agência Reuters, as informações vêm dos depoimentos de rebeldes à agência Reuters, entre eles o comandante Hassan Abdul Ghany, e de um oficial sírio, que confirmou a retirada das tropas governamentais de Quneitra.
Na província sulista de Suweida, próximo à fronteira com a Jordânia, a milícia drusa tomou a maioria das bases do exército, que se retirou do território.
Leia mais:Desde sexta (6), os rebeldes vêm avançando em direção à capital, Damasco, para montar um cerco e tentar derrubar o governo do ditador Bashar al-Assad. Autoridades do Egito e da Jordânia pediram para que Assad deixe o país, segundo reportagem do jornal “The Wall Street Journal”.
Ainda na sexta-feira, os rebeldes afirmaram estarem posicionados próximo aos muros de Homs, a terceira maior cidade do país. O exército sírio tem resistido, desmanchando a linha de frente dos insurgentes e bombardeando os locais de concentração das forças.
O avanço dos rebeldes
O HTS levantou ofensivas no leste, sul e norte do país, começando pela cidade de Aleppo, a segunda maior da Síria. Além dela, os rebeldes já tomaram as cidades de Hama e Deir el-Zor, assim como Quneitra e Sanamayn.
Os rebeldes afirmam ainda terem capturado a cidade de Daraa, embora o exército de Assad não reconheça a captura.
Atualmente, o ponto crítico está no cerco a Homs, cidade que conecta Damasco à costa mediterrânea — onde estão localizadas bases militares da Rússia, aliada de Assad.
O que está acontecendo na Síria
A ofensiva dos rebeldes reacendeu a guerra na Síria, que acontece desde 2011. O conflito estourou durante manifestações da Primavera Árabe, que foram duramente reprimidas pelo exército de Assad.
No começo, as manifestações começaram de forma pacífica, com movimentos pedindo mais democracia e liberdades individuais. Os manifestantes também acusavam o governo de corrupção e nepotismo.
Diante da repressão violenta do Exército, o governo sírio viu surgir uma revolta armada apoiada por militares desertores e grupos islamistas. Nesse contexto, começou uma guerra civil.
À época, grupos rebeldes entraram em conflito com as forças de Assad, que perdeu o controle de alguns territórios, mas conseguiu se manter no poder. O regime obteve apoio principalmente da Rússia e do Irã, seus aliados.
Após o início da guerra, mais de meio milhão de pessoas morreram e 6,8 milhões de sírios deixaram o país. Assad retomou o controle de cerca de 70% do território. As demais áreas estão ocupadas por tropas opositoras e estrangeiras.
Nos últimos 13 anos, pouca coisa havia mudado na Síria. Mas, nos últimos dias, os rebeldes lançaram uma operação relâmpago que pegou o regime de Assad de surpresa.
Um comandante de uma das brigadas rebeldes afirmou que o avanço rápido pelas cidades sírias foi facilitado pela falta de apoio do Irã no país. Grupos que são financiados pelo governo iraniano se enfraqueceram nos últimos meses, principalmente por causa das ações de Israel.
(Fonte:G1)