Correio de Carajás

Rapaz assassinado era apenas usuário de drogas

Familiares de Victor Augusto Sousa Bastos, assassinado no último dia 21, procuraram este CORREIO para falar sobre a situação do rapaz. Ele foi morto com um tiro na cabeça, em uma área de ocupação na Folha 16 (Nova Marabá). Os parentes dele relatam que Victor não era bandido.

Pelo contrário: a história do que aconteceu com ele deveria servir para que a sociedade reflita sobre empatia e amor ao próximo, ao invés do julgamento apressado, como é comum na sociedade.

De acordo com o relato dos familiares, que preferiram não aparecer na reportagem, Victor começou a apresentar problemas neurológicos ainda muito jovem e foi levado para tratamento psiquiátrico na cidade de Palmas (TO). Voltou de lá com encaminhamento para usar medicamento controlado.

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Acontece, porém, que Victor enfrentou problemas cognitivos, tendo dificuldade até mesmo para aprender a ler, o que diminuía sua autoestima. Nesse período, ele se envolveu em más companhias e parou de fazer uso do medicamento. Tornou-se usuário de drogas ilícitas e, com isso, vieram os pequenos delitos.

Ainda conforme os familiares, ele chegou a ser levado para Goiânia, a fim de fazer tratamento para se livrar das drogas, mas não conseguiu se firmar lá, por estar longe dos familiares e encontrar problemas até mesmo para conseguir emprego.

Victor chegou a ser preso e ficou uma temporada na cadeia, mas saiu de lá inocentado das acusações de roubo, tráfico e receptação, pois ficou claro no decorrer do processo que ele era apenas usuário de drogas.

Apesar dos conselhos e de toda luta da família, Victor sempre recaia e ia para lugares onde o consumo e venda de drogas são comuns. Existe, inclusive, uma casa abandonada na Folha 16, onde essa prática é muito comum.

E foi numa dessas incursões em busca de drogas, que Victor acabou sendo assassinado por alguém. Nada o trará de volta. Mas as investigações precisam continuar para que o criminoso seja preso. Ao mesmo tempo, a sociedade precisa refletir sobre os cuidados com os jovens, para que não entrem nesse caminho que é, muitas vezes, sem volta.

(Chagas Filho)