“Como pode um grande museu numa cidade tão grande ficar desguarnecido e desprotegido contra incêndios?”, questiona Hawass em entrevista à BBC News Brasil.
“Foi uma falha da equipe do museu ou do governo? Não sei, mas foi um crime que nos faz lamentar muito”, afirmou.
Segundo o arqueólogo, “todo museu no mundo faz testes de incêndio para garantir que o sistema de alarme funcione”. Ele diz que a tragédia legitima o movimento pela repatriação de objetos egípcios em museus espalhados pelo mundo. “Se eles não forem protegidos, deverão voltar à terra mãe”, diz.
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Famoso por suas participações em documentários sobre o Egito Antigo, Hawass ganhou ainda mais visibilidade nos últimos anos ao endossar uma campanha pelo retorno da arte egípcia presente em outros países.
Em 2011, Hawass chefiou por alguns meses o Ministério de Antiguidades após a criação do órgão, até a queda do presidente Hosni Mubarak, em meio à Primavera Árabe.
Ele diz que visitou o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, em 2009. “Eu vi como as crianças de escolas corriam para ver as múmias e pude ver que os artefatos eram muito importantes”, afirma.
Entre os 700 itens da coleção egípcia, havia sarcófagos, estátuas, amuletos, bronzes e múmias – a maioria dos períodos mais tardios da história egípcia, como o Reino Novo (1550 AC a 1077 AC) e o Terceiro Período Intermediário (1069 AC a 664 AC).
O arqueólogo destaca ainda a coleção de gatos e crocodilos embalsamados e “uma múmia muito peculiar de uma rainha do Período Romano” (entre os séculos 4 e 6).
Coleção egípcia do Museu Nacional
Hawass diz que as peças do Museu Nacional não estavam entre as coleções que arqueólogos egípcios tentam repatriar, pois “muito desses itens deixaram o Egito como presentes ou num período em que o comércio de antiguidades era legal no país”.
Vários objetos que o movimento pretende recuperar saíram do Egito quando a nação era um protetorado britânico (1882-1953) e potências europeias enriqueciam os acervos de seus museus com objetos retirados das colônias.
Entre os itens mais cobiçados estão a Pedra de Roseta, hoje no Museu Britânico (Londres), e o busto da rainha Nefertiti, do Museu Egípcio de Berlim.
Embora a coleção do Museu Nacional não estivesse na mira dos arqueólogos egípcios, Hawass diz que a destruição do acervo reforça o movimento pela repatriação de objetos.
“Este incidente nos permite pedir à Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) para que países com coleções no exterior, e museus no exterior, tenham controle sobre essas coleções, para que possamos garantir que esses objetos sejam protegidos e restaurados adequadamente.”
E se os museus estrangeiros não forem capazes de garantir a segurança e conservação dos objetos, o arqueólogo defende que sejam devolvidos à terra natal.
“Acho que essa é uma decisão que a Unesco pode tomar, porque o incêndio foi devastador para todos nós.” (Fonte:BBC)