Atualização 11 de julho de 2024 por Redação
Antonio Ivo Costa Lima, morador da zona rural de Itupiranga, está vivenciando um quadro de saúde delicado. Ele apresenta abscessos profundos na região do glúteo e espera transferência para o Hospital Regional do Sudeste do Pará, em Marabá, mas enquanto isso, de acordo com familiares, está sofrendo internado no Hospital Municipal de Itupiranga.
Nesta semana, o Correio de Carajás foi procurado por Lucilene Costa Lima, irmã do paciente, que fez duras reclamações sobre o atendimento que ele recebeu na cidade. Lucilene acusa a casa de saúde de causar os abscessos no paciente e, ainda, o médico plantonista Thiago André de maltratá-lo psicologicamente.
Leia mais:
Do outro lado da história, Janiel Braga, coordenador de enfermagem, e o médico Thiago André, afirmam que Antonio Ivo recebeu o tratamento adequado e alegam que ele foi bem assistido durante a internação, negando os maus tratos.
Imagens recebidas pela reportagem são fortes e mostram a profundidade dos abscessos. Nas fotos que foram tiradas há algumas semanas, é possível ver um acúmulo de secreção no local. Na mais recente, registrada na segunda-feira (8), a aparência do ferimento é melhor, mas a situação ainda é delicada.
Durante uma conversa por ligação com a reportagem, Janiel informou já ter recebido a liberação para transferir o paciente para o Hospital Regional de Marabá. Questionado sobre quando a transferência seria realizada, ele indicou que até terça-feira (9).
IMAGEM SENSÍVEL A SEGUIR

VERSÕES
O relato de Lucilene Costa Lima descreve que Antonio Ivo foi até o hospital porque sentia febre e inflamação na garganta. Lá, o médico receitou medicação injetável, que foi aplicada em um dos glúteos do paciente. A mulher diz que já no dia seguinte seu irmão começou a sentir dor no local da aplicação e uma das pernas começou a inchar. Ele retornou ao hospital, foi novamente medicado e voltou para casa.
Sem melhorar, Antonio Ivo foi internado no dia 11 de junho, de acordo com Lucilene, e recebeu uma nova medicação analgésica. “A dor melhorou, mas o local da aplicação ainda estava muito inchado. Então eles colocaram gelo diretamente na pele dele e queimou a região do glúteo, descendo para a perna. Virou uma ferida e o caso dele foi só se agravando cada vez mais”, relata a mulher.
Janiel Braga, por sua vez, explicou que em relação à gravidade do caso, o paciente não corre risco de morte. Sobre a alegação de que os abscessos foram causados pela má aplicação do injetável e pelo uso de gelo no local, Janiel confirma que Antonio Ivo foi ao hospital em 8 de junho, recebeu a injeção e posteriormente retornou ao hospital com um edema no local. Nessa data ele foi internado e regulado. “Aqui no hospital ele foi avaliado por um cirurgião que viu a necessidade de fazer uma drenagem no local. O quadro dele não estava evoluindo para melhora porque precisava desse procedimento. No local abriu uma fístula, porque tinha um edema”. Janiel complementa que não pode negar e nem afirmar que foi a aplicação do injetável a responsável pelo edema de Antonio Ivo. “O que eu tenho certeza é que o pai dele, que deu entrada com ele aqui no hospital, me relatou que o paciente sofreu um trauma há uns meses na região do glúteo. Ele mexe com madeira e parece que caiu em cima. Ele sofreu um trauma e não procurou atendimento”, detalha.
No relato, Lucilene também afirma que o irmão está sujeito a adquirir bactéria hospitalar, pois, de acordo com ela, ele não está usando materiais adequados do hospital, como cobertor e lençol de cama higienizado. “Ele está em um local que fica muito exposto, ele está no corredor. Ele estava em um quarto, mas foi tirado de lá e infelizmente está em uma situação bem difícil”.
Sobre essa situação, que seria precária, Janiel rebate afirmando que o paciente está em um leito, que é uma cama com colchão forrado, recebendo alimentação quatro vezes por dia, e com médico e equipe de enfermagem 24 horas no hospital. “Não está faltando medicação e também não falta material para fazer os curativos”, alega.
Janiel destacou para a reportagem que Antonio Ivo está sendo bem cuidado, mas que este é um caso que evolui aos poucos.
Por sua vez, Lucilene também reclama da demora na transferência do irmão para um dos hospitais de Marabá, uma vez que o hospital de Itupiranga não tem suporte para lidar com a complexidade do quadro.
MAUS TRATOS PSICOLÓGICOS
Ela sustenta, ainda, que os maus tratos não param na esfera física. “O doutor Thiago tem tratado mal o meu irmão, causando abalo psicológico no meu irmão, que está em um estado muito difícil e muito grave”, diz Lucilene sobre as afirmações de maus tratos psicológicos. Segundo ela, o médico relatou que a situação foi uma infelicidade do paciente, que poderia ter sido uma bactéria no momento da aplicação e que o hospital não tem culpa do que aconteceu.
Segundo ela, o médico já disse que o caso de Antonio não seria resolvido no hospital, e que Thiago não dava meios para tirar o paciente de lá. “O que ele está fazendo é pouco, simplesmente só atualizando o caso, mandando atualização para o hospital de Marabá”, diz Lucilene.
Em conversa com a reportagem, o médico nega as acusações e afirma que informou para a família que o hospital de Itupiranga chegou em seu limite para o tratamento de Antonio Ivo, que precisa de algo mais avançado e por isso ele foi regulado para Marabá. Eu falei, para a família, da fatalidade que até então não havia sido liberado este leito. Sempre fiz visita ao paciente, acompanhei os curativos”, alega.
Thiago diz ainda que em uma conversa com o pai do paciente – quando este alegou que a culpa do abscesso era do hospital – afirmou que a situação é algo passível de acontecer em qualquer procedimento.
(Luciana Araújo)