Antonio Ivo Costa Lima, morador da zona rural de Itupiranga, está vivenciando um quadro de saúde delicado. Ele apresenta abscessos profundos na região do glúteo e espera transferência para o Hospital Regional do Sudeste do Pará, em Marabá, mas enquanto isso, de acordo com familiares, está sofrendo internado no Hospital Municipal de Itupiranga.
Nesta semana, o Correio de Carajás foi procurado por Lucilene Costa Lima, irmã do paciente, que fez duras reclamações sobre o atendimento que ele recebeu na cidade. Lucilene acusa a casa de saúde de causar os abscessos no paciente e, ainda, o médico plantonista Thiago André de maltratá-lo psicologicamente.
Do outro lado da história, Janiel Braga, coordenador de enfermagem, e o médico Thiago André, afirmam que Antonio Ivo recebeu o tratamento adequado e alegam que ele foi bem assistido durante a internação, negando os maus tratos.
Leia mais:Imagens recebidas pela reportagem são fortes e mostram a profundidade dos abscessos. Nas fotos que foram tiradas há algumas semanas, é possível ver um acúmulo de secreção no local. Na mais recente, registrada na segunda-feira (8), a aparência do ferimento é melhor, mas a situação ainda é delicada.
Durante uma conversa por ligação com a reportagem, Janiel informou já ter recebido a liberação para transferir o paciente para o Hospital Regional de Marabá. Questionado sobre quando a transferência seria realizada, ele indicou que até terça-feira (9).
IMAGEM SENSÍVEL A SEGUIR
VERSÕES
O relato de Lucilene Costa Lima descreve que Antonio Ivo foi até o hospital porque sentia febre e inflamação na garganta. Lá, o médico receitou medicação injetável, que foi aplicada em um dos glúteos do paciente. A mulher diz que já no dia seguinte seu irmão começou a sentir dor no local da aplicação e uma das pernas começou a inchar. Ele retornou ao hospital, foi novamente medicado e voltou para casa.
Sem melhorar, Antonio Ivo foi internado no dia 11 de junho, de acordo com Lucilene, e recebeu uma nova medicação analgésica. “A dor melhorou, mas o local da aplicação ainda estava muito inchado. Então eles colocaram gelo diretamente na pele dele e queimou a região do glúteo, descendo para a perna. Virou uma ferida e o caso dele foi só se agravando cada vez mais”, relata a mulher.
Janiel Braga, por sua vez, explicou que em relação à gravidade do caso, o paciente não corre risco de morte. Sobre a alegação de que os abscessos foram causados pela má aplicação do injetável e pelo uso de gelo no local, Janiel confirma que Antonio Ivo foi ao hospital em 8 de junho, recebeu a injeção e posteriormente retornou ao hospital com um edema no local. Nessa data ele foi internado e regulado. “Aqui no hospital ele foi avaliado por um cirurgião que viu a necessidade de fazer uma drenagem no local. O quadro dele não estava evoluindo para melhora porque precisava desse procedimento. No local abriu uma fístula, porque tinha um edema”. Janiel complementa que não pode negar e nem afirmar que foi a aplicação do injetável a responsável pelo edema de Antonio Ivo. “O que eu tenho certeza é que o pai dele, que deu entrada com ele aqui no hospital, me relatou que o paciente sofreu um trauma há uns meses na região do glúteo. Ele mexe com madeira e parece que caiu em cima. Ele sofreu um trauma e não procurou atendimento”, detalha.
No relato, Lucilene também afirma que o irmão está sujeito a adquirir bactéria hospitalar, pois, de acordo com ela, ele não está usando materiais adequados do hospital, como cobertor e lençol de cama higienizado. “Ele está em um local que fica muito exposto, ele está no corredor. Ele estava em um quarto, mas foi tirado de lá e infelizmente está em uma situação bem difícil”.
Sobre essa situação, que seria precária, Janiel rebate afirmando que o paciente está em um leito, que é uma cama com colchão forrado, recebendo alimentação quatro vezes por dia, e com médico e equipe de enfermagem 24 horas no hospital. “Não está faltando medicação e também não falta material para fazer os curativos”, alega.
Janiel destacou para a reportagem que Antonio Ivo está sendo bem cuidado, mas que este é um caso que evolui aos poucos.
Por sua vez, Lucilene também reclama da demora na transferência do irmão para um dos hospitais de Marabá, uma vez que o hospital de Itupiranga não tem suporte para lidar com a complexidade do quadro.
MAUS TRATOS PSICOLÓGICOS
Ela sustenta, ainda, que os maus tratos não param na esfera física. “O doutor Thiago tem tratado mal o meu irmão, causando abalo psicológico no meu irmão, que está em um estado muito difícil e muito grave”, diz Lucilene sobre as afirmações de maus tratos psicológicos. Segundo ela, o médico relatou que a situação foi uma infelicidade do paciente, que poderia ter sido uma bactéria no momento da aplicação e que o hospital não tem culpa do que aconteceu.
Segundo ela, o médico já disse que o caso de Antonio não seria resolvido no hospital, e que Thiago não dava meios para tirar o paciente de lá. “O que ele está fazendo é pouco, simplesmente só atualizando o caso, mandando atualização para o hospital de Marabá”, diz Lucilene.
Em conversa com a reportagem, o médico nega as acusações e afirma que informou para a família que o hospital de Itupiranga chegou em seu limite para o tratamento de Antonio Ivo, que precisa de algo mais avançado e por isso ele foi regulado para Marabá. Eu falei, para a família, da fatalidade que até então não havia sido liberado este leito. Sempre fiz visita ao paciente, acompanhei os curativos”, alega.
Thiago diz ainda que em uma conversa com o pai do paciente – quando este alegou que a culpa do abscesso era do hospital – afirmou que a situação é algo passível de acontecer em qualquer procedimento.
(Luciana Araújo)