Correio de Carajás

Quadrilheiros mirins garantem manutenção e continuidade da tradição junina

No universo de cores, sons e muito ritmo das quadrilhas, um detalhe garante um espetáculo à parte: as crianças. Responsáveis pelas quadrilhas mirins, elas se dedicam à produção do São João e às apresentações como gente grande; ensaiando, estudando os temas propostos e, sobretudo, cultivando o amor pela cultura junina com inocência e verdade que só a infância pode proporcionar.

As quadrilhas mirins funcionam tal qual a dos adultos. Os espetáculos também devem ter um tema que guia toda a apresentação e os quadrilheiros se debruçam sobre um roteiro que dita como serão as coreografias, eventuais falas, trilha sonora e figurinos. Os pequenos, que podem ter de 4 a 16 anos, passam vários meses ensaiando e preparando tudo para no São João se apresentarem nos arraiais espalhados pela cidade e, também, no evento da Prefeitura.

Leia mais:

Diferentemente do ano passado, quando houve apresentação de apenas duas quadrilhas juninas mirins, em 2019 elas chegam ao número de sete no 34º Festejo Junino de Marabá, que teve abertura na noite do último sábado, 22 e prossegue até 29. Se multiplicarmos sete pelo mínimo de 15 pares em cada quadrilha, então teremos mais de 200 crianças e adolescentes envolvidos na festa. Isso sem contar com aquelas que já fazem parte dos bois-bumbás, que também vão herdando um legado cultural importante.

Embora não haja competição oficial e nem premiação para as mirins, elas se apresentam logo no início de cada noite e arrancam aplausos pelas fofurices que desfilam na arena. Na noite de domingo, se apresentaram a estreante Pinga Fogo e Rei do Sertão e a performance dos meninos e meninas mostrou que a nova geração de quadrilheiros está garantida.

Brincadeira em família

Por se tratar de crianças, os familiares costumam acompanhar de perto a participação dos quadrilheiros mirins no ciclo junino. Mães, pais, tias e avós acabam se tornando parte do grupo e se envolvem ajudando nas necessidades práticas das quadrilhas e, claro, torcendo e incentivando os pequenos.

Da Quadrilha Pinga Fogo, Nikolly Shauane, de 8 anos de idade, fez par com o adolescente Keury Warrison, de 14, e o casal brilhou na arena, parecendo que tinha vários anos participando de grupo junino.

Eles fazem parte do Projeto Futuro Brilhante, sediado no Bairro Nossa Senhora Aparecida e coordenado por Eliete Torres. E é exatamente Eliete quem celebra a apresentação das crianças na arena e conta como o Futuro Brilhante tem impactado positivamente a vida de um grupo de 40 garotos naquela comunidade.

Eliete conta que a quadrilha foi criada em 12 de outubro do ano passado, durante uma brincadeira de crianças. “A experiência foi muito boa de participar do festejo este ano e já estamos projetando voltar em 2020”, avisa.

Já a quadrilha Mirim Rei do Sertão é mais recente ainda e foi criada neste ano de 2019 (há cerca de dois meses), com estudantes do 5º ano da Escola Municipal Maria Luzia de Oliveira, no núcleo São Félix. O idealizador foi o próprio diretor da Escola, Elias Celestino, em parceria com o produtor cultural e coreógrafo Rayr Wanderson.

Na noite desta segunda-feira, 24, entram na arena as quadrilhas Fogo no Rabo Mirim e Levada Louca Mirim, abrindo a programação da noite de São João.

Também se apresentam hoje os bois-bumbás Brilho da Noite e Rei do Campo; a quadrilha do Grupo “B” Águia de Fogo; e do Grupo “A” Arrastão do Amor, Fuá da Conceição e Explode Coração. (Ulisses Pompeu)