Correio de Carajás

Protesto marca inauguração do Pontal do “Cabelo Seco”

Moradores escolheram o dia da inauguração para se manifestarem

Na noite desta sexta-feira (23), um protesto dos moradores do Bairro Francisco Coelho – o popular “Cabelo Seco” – marcou a inauguração da nova orla. Vestidos de preto como forma de luto, os manifestantes seguravam faixas e o alvo era o poder público municipal. Em silêncio, a presença deles foi “ouvida” por todos no local. Os moradores mais tradicionais do bairro se dizem desrespeitados pela escolha e definição de um nome para o novo espaço sem que a comunidade tenha sido ouvida. Personalidades históricas do bairro foram desprezadas na escolha para a homenagem.

Parados em frente a estrutura armada pela Prefeitura de Marabá para inaugurar a nova orla, os manifestantes conseguiram chamar a atenção de forma pacífica. A frente do Grupo de Mulheres do Cabelo Seco, Ana Luiza Rocha da Silva, disse que está feliz com a inauguração do novo espaço do bairro. Contudo, está indignada pelo nome que foi dado ao local, homenageando Cila Quintino.

Ana Luiza diz que sentimento é de indignação

“Isso a gente não aceita. Essa pessoa não nos representa. Tem que colocar o nome de uma pessoa que sabe a nossa história. Aqui no Cabelo Seco foi onde tudo começou. Vamos manifestar pacificamente”, disse.

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Questionada sobre a adesão dos moradores do bairro à manifestação, Ana Luísa explica que a maioria faz parte do quadro de funcionários da Prefeitura de Marabá. “Todos têm medo de serem demitidos no dia seguinte. Mas, os que não são estão conosco. Não só o pessoal do Cabelo Seco, mas de toda a cidade”, afirma.

A professora aposentada, Terezinha Maravilha Santis, ressalta que o nome escolhido não tem representatividade com a comunidade. “Prestem atenção nos nomes que querem colocar em suas comunidades. Respeitem as nossas origens”, exclamou.

De passagem pela orla, Eunice Silva, não mora no Bairro Cabelo Seco mas concorda com o protesto. Para ela, o ideal seria escolher o nome de uma lavadeira, dona de casa, pescador. “Existem muitos moradores antigos com uma bela história, que criaram seus filhos com esses dois rios, pescando e lavando roupas. Existem pessoas que realmente representam o encontro desses dois rios”, finaliza. (Da Redação)