Ocorreu na tarde desta quarta-feira (19), a assinatura da Ordem de Serviço da 1ª etapa do Programa de Saneamento Ambiental, Macrodrenagem e Recuperação de Igarapés e Margens do Rio Parauapebas (Prosap). O evento lotou o auditório da Prefeitura Municipal, com participação do prefeito, Darci Lermen, secretários, vereadores e representantes da Transvias Construções e Terraplenagem Ltda, que fará a obra.
A promessa é que os trabalhos sejam iniciados já no próximo dia 3 de março, terça-feira, nos bairros Liberdade I e União. De acordo com Cleverland Araújo, coordenador geral do Prosap, o contrato entre o município e a construtora foi assinado em outubro do ano passado, mas a falta de algumas licenças ambientais – foram oito ao todo – impediam que o investidor, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), autorizasse a assinatura da ordem de serviço.
“Na semana passada foi autorizada a ordem de serviço de parte dessa primeira etapa e a empresa tem uns 10 dias para iniciar a mobilização de fato”, explicou, acrescentando que a drenagem vai começar à jusante do Rio Parauapebas.
Num primeiro momento, algumas das vias de ambos os bairros serão interditadas. No Liberdade I serão a Perimetral Norte, a Santa Catarina e a Vinicius de Morais. No União haverá bloqueios nas Ruas 11, 19, I, J, M, N, O e Sol Poente, às proximidades do Igarapé Ilha do Coco.
“A medida que formos resolvendo questões técnicas de desocupação de áreas a gente vai liberando paralelamente as áreas para as obras”, adianta o coordenador. Inicialmente, 250 famílias foram removidas da área de intervenção e estão abrigadas, por aluguel social, enquanto aguardam a conclusão das moradias nas quais serão realocadas.
A primeira etapa da obra conta com recursos de aproximadamente R$ 80 milhões, incluindo a construção das casas. Para o Prosap, especificamente, são mais de R$ 63 milhões. Ao longo dos próximos seis anos deverão ser investidos 70 milhões de dólares do BID, com contrapartida de 17 milhões de dólares do município, o que ultrapassa os R$ 350 milhões.
Na cerimônia de assinatura da ordem de serviço, o prefeito municipal resgatou o trabalho realizado até a aprovação do projeto pelo BID, com apoio da esfera nacional. Comemorou o início dos trabalhos e demonstra otimismo em relação aos próximos anos. “As lagoas vão acabar. O Bairro Primavera tem esse nome, mas em quatro anos queremos ter a Praça das Flores em vez de ter o mau cheiro que existe lá (…). Vai ser diferente e vai mudar a vida das pessoas”, garantiu Lermen.
Ele destacou que o Prosap deve diminuir de forma significativa os alagamentos que têm causado grandes transtornos em dias de chuvas fortes. “É um problema hoje em Parauapebas e no Brasil inteiro. Quando a gente constrói e faz coisas que a água não entra na terra ela anda por cima, não tem jeito. Com esse projeto vamos reduzir bastante”, garante.
Ainda conforme o administrador municipal, a assinatura das obras cala quem se mostrou cético diante da grandiosidade do projeto anunciado pela prefeitura. “Conseguimos construir esse projeto conjuntamente e quando foi enviado à Câmara muita gente perguntou o que esses loucos desses vereadores estavam aprovando aqui. Agora eles vão ver o que é”, disse.
FISCALIZAÇÃO
Questionado pelo Correio de Carajás de que maneira será feito o controle da grande quantidade de recursos, o coordenador Cleverland Araújo destacou que não apenas a Prefeitura Municipal irá realizar a fiscalização como também há equipe do banco atenta à aplicação. “O BID segue parâmetros de legislação e fiscalização internacionais. A prefeitura, ao assinar o contrato, é obrigada a seguir as regras e o BID tem auditorias anuais, equipe de gerenciamento e uma de supervisão em conjunto com a prefeitura, o que dá firmeza de que a obra vai ser executada no prazo, no custo, no cronograma e nas áreas de intervenção”, argumenta, lembrando que esse dinheiro pode ser empregado apenas no Prosap.
MÃO DE OBRA LOCAL
A expectativa da Transvias é finalizar a primeira etapa em um período de 18 a 24 meses, conforme compartilhou com a Reportagem o diretor operacional da empresa, Guilherme Lourenço. “Ainda há desapropriações que a PMP está agilizando, mas que estão em âmbito judicial, o que pode atrapalhar ser concluído em menor tempo”, informou.
Sobre a contratação de mão de obra, já que a comunidade pressiona para que sejam gerados mais empregos em Parauapebas, o diretor afirmou que até 400 pessoas deverão ser admitidas no pico da obra e que estas estão sendo selecionadas na cidade. “Até os mais graduados, como engenheiros e ambientalistas, estamos tentando pegar daqui. Apenas a gerência é de fora porque é um pessoal que me acompanha já em outras grandes obras”, disse, confirmando, inclusive, que o escritório local está cadastrando candidatos.
“Uma grande mudança vai ocorrer após essas obras de saneamento, pelo menos 40% do esgoto será coletado. Todo investimento em parte de saneamento você reverte em saúde, percentualmente a cidade deve economizar 40 dólares por pessoa mensalmente na área de saúde após a implantação”, destacou Lourenço.
Pelo edital, a empresa de engenharia terá de executar obras de macro e microdrenagem, do sistema viário, de esgotamento sanitário, urbanização e iluminação pública nesta fase. Já o Prosap todo inclui retificação de 9.482 metros de canal, intervenções nos Igarapés Ilha do Coco, Guanabara II e Chácara das Estrelas, reassentamento de famílias residentes em áreas de risco, implantação de dois Parques Urbanos e Parques Lineares ao longo dos igarapés, implantação e ampliação do sistema de esgotamento sanitário e de abastecimento de água. (Luciana Marschall)