Diógenes dos Santos Samaritano finalmente será julgado nesta terça-feira (20), respondendo pela acusação de ter assassinado a ex-mulher: Dayse Dyana Sousa e Silva, crime ocorrido em 31 de março de 2019, em Parauapebas. A contragosto da família da vítima, o caso foi desaforado e será julgado em Belém, no Fórum Criminal, no Bairro Cidade Velha, e será presidido pelo juiz Cláudio Hernandes Silva Lima, da 4ª Vara do Tribunal de Júri de Belém.
O CORREIO apurou que a promotora Magdalena Torres Teixeira, titular da 1ª Promotoria de Justiça Criminal de Parauapebas, foi designada oficialmente pelo Ministério Público do Pará (MPPA) para atuar no julgamento, também, junto a colega da capital. Essa providência foi um pedido da família e do advogado Ricardo Moura, assistente de acusação, uma vez que a promotora acompanhou todo o caso, desde a época do crime.
Outro fato que chama a atenção nesse julgamento é que o acusado, que ainda é agente do Detran, mesmo estando preso, nunca se pronunciou sobre a morte de Dayse, de forma que não se sabe qual será a estratégia de defesa. Diógenes sempre evocou o direito de permanecer em silêncio, o qual pode, inclusive, reproduzir no julgamento.
Leia mais:São três as prováveis teses que a defesa dele poderia adotar neste julgamento, segundo imagina a acusação: a primeira – negativa de autoria, atribuindo que Dayse Dyana tenha se atirado do primeiro andar da casa, o que seria, portanto, um suicídio; a segunda – que ela teria caído do andar de cima por acidente, durante discussão entre eles; e a terceira – a presença de uma outra pessoa, um invasor, no imóvel.
Ocorre que para as duas últimas, o próprio resultado da Perícia Criminal descarta tais possibilidades. Já para o suicídio, o momento de vida pelo qual ela passava, recém aprovada em concurso público, não casava com pensamento suicida.
“Nós estamos preparados para todos os cenários. Caso ele fique em silêncio, ou caso crie uma narrativa para o crime, estamos prontos para contrapor com provas levantadas na investigação e no curso do processo”, afirma Ricardo Moura.
FAMÍLIA
A mãe de Dayse, a advogada Wilma Lemos, está em Belém, juntamente com a outra filha Stephannye Lemos, e pretende acompanhar todo o julgamento. Via redes sociais, no Instagram “justicapordayse”, elas vêm chamando atenção da comunidade para o caso e lutando para que seja feita justiça.
“Quero que a população de Belém saiba que o acusado não é inocente, mas sim um assassino. É de uma frustração enorme que o julgamento não ocorrerá em Parauapebas, onde o crime aconteceu, mas sim na capital, devido a uma manobra legal feita pela defesa do acusado”, aponta Wilma.
O RELACIONAMENTO
A mãe compartilha detalhes angustiantes sobre o relacionamento abusivo que o acusado impunha a Dayse. Ela descreve como a filha foi gradualmente isolada do convívio social e familiar e controlada pelo agressor, mesmo após denúncias de violência doméstica. Ela destaca a manipulação emocional e psicológica que sua filha sofreu, incluindo a chantagem emocional envolvendo o filho do casal.
“É imensurável o profundo impacto que a perda da minha filha teve, e como nós lutamos incansavelmente por justiça nos últimos quatro anos e onze meses”, diz, fazendo questão de acrescentar sua descrença e indignação com o fato de que o agressor ainda mantém seu emprego e benefícios, mesmo ser acusado de crime tão horrendo.
ACUSAÇÃO
O advogado da família, Ricardo Moura, explica que as acusações que pesam sobre o réu são de uma gravidade extrema, conforme detalhado pelas partes envolvidos no caso. “Esse júri tende a ter uma grande repercussão em razão das condicionantes das qualificadoras do crime perpetrado pelo denunciado”.
Ele esclarece também que o caso em questão é um feminicídio qualificado por motivo fútil e emprego de tortura. E, conforme os laudos apresentados, o crime foi marcado por uma crueldade inimaginável, incluindo a exposição de um filho de apenas quatro anos às cenas de violência. “Inclusive a cena também é da retirada da vida da vítima e depois do arremesso em razão de uma janela tentando simular um possível suicídio”, detalha Rodrigo.
O advogado também enfatizou a importância de trazer à tona questões ligadas ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), dado o envolvimento do filho da vítima nas circunstâncias do crime.
Outro ponto levantado por ele é que o julgamento está gerando grande comoção social e a expectativa é que a verdade e a justiça prevaleçam diante do exposto durante o processo. “Estamos confiantes que a verdade e a justiça serão alcançadas pelo vasto probatório que se encontra nos autos”.
Ele também ressalta a transparência do processo e convida a opinião pública a acompanhar o julgamento através do portal do Tribunal de Justiça, onde será transmitido ao vivo.
O caso, que chocou a comunidade de Marabá e Parauapebas, será acompanhado de perto por aqueles que buscam justiça para a vítima e seu filho. O acesso à transmissão ao vivo garantirá que mesmo aqueles que não puderem estar presentes em Belém acompanhem o desenrolar do julgamento.
TRANSMISSÃO
O plenário onde ocorrerá o julgamento, em Belém, é equipado para transmissão online e ao vivo do julgamento, que poderá ser acompanhado em qualquer parte do mundo, via internet. O CORREIO publica, abaixo, o QR Code com o link para a sala de transmissão do TJPA. No horário do julgamento, que deve iniciar às 8 horas da manhã, em ponto, o júri vai constar como opção no site. (Da Redação)