Correio de Carajás

Promotora de Justiça Agrária de Marabá realiza visita a comunidades ribeirinhas em Tucuruí

Na manhã do dia 10 de outubro, a Promotora de Justiça Agrária de Marabá, Alexssandra Muniz Mardegan, liderou uma reunião na Promotoria de Justiça de Tucuruí. Estiveram presentes representantes da LAGOTUR e do Ideflor-BIO, assim como vários secretários municipais responsáveis pelas áreas de saúde, educação, pesca, assistência social, agricultura, obras, turismo e meio ambiente. O objetivo do encontro foi discutir as decisões tomadas durante a reunião anterior, realizada em 11 de julho de 2023, em Tucuruí.

Durante a reunião, foram abordados diversos temas de grande importância voltados para o desenvolvimento rural no município. A agricultura familiar foi um dos pontos centrais, dada sua relevância para a economia local. A Promotora de Justiça enfatizou a necessidade de apoiar e fomentar esse setor, fundamental para o crescimento sustentável da região.

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A melhoria da trafegabilidade das estradas vicinais na zona rural também foi um tema de destaque. A manutenção e aprimoramento dessas vias desempenham um papel crucial para garantir o escoamento da produção rural, bem como o acesso das comunidades à educação e aos serviços de saúde, tornando-os disponíveis durante todo o ano.

Outro ponto discutido foi a incorporação de produtos da agricultura familiar na composição da merenda escolar, promovendo uma alimentação saudável e apoiando os agricultores locais. O turismo de base comunitária (TBC), com seu potencial de crescimento na região, foi outro tema tratado, visando ao desenvolvimento econômico e à valorização da cultura local.

O TBC pode desempenhar um papel crucial no apoio à agricultura familiar, proporcionando diversificação de renda, promoção de produtos locais, preservação da cultura e tradições, melhoria das infraestruturas locais pelo poder público, e conscientização ambiental, entre outros benefícios. Além disso, o TBC pode conscientizar os turistas sobre a importância da agricultura familiar e práticas agrícolas sustentáveis, promovendo, assim, a conservação ambiental e a preservação da cultura local.

No período da tarde, das 14h às 19h, a Promotora de Justiça visitou comunidades ribeirinhas de difícil acesso, cujo transporte é feito exclusivamente por veículos aquáticos, como canoas, lanchas e barcos. As visitas ocorreram na localidade chamada Água Fria, situada a cerca de 15 km da zona urbana, demandando aproximadamente 30 minutos de viagem de lancha pelas águas esverdeadas do lago de Tucuruí. Esse tempo pode triplicar caso uma embarcação convencional seja utilizada.

Durante essas visitas, a Promotora de Justiça Alexssandra Mardegan teve a oportunidade de vivenciar de perto a realidade dos ribeirinhos, bem como os desafios que enfrentam diariamente devido aos impactos causados pela hidrelétrica, e as atividades que realizam para superá-los. Os ribeirinhos Gilberto Vaz e Francisco Brandão, que se dedicam à piscicultura, compartilharam informações sobre o processo de criação de peixes e demonstraram, na prática, os cuidados necessários nesse tipo de empreendimento e as dificuldades que enfrentam diariamente, especialmente devido à escassez de peixes na região do lago, o que os leva a utilizar tanques-rede, uma estrutura cercada por redes ou telas, dentro do rio, permitindo a livre circulação da água. Esses tanques podem ser instalados em ambientes aquáticos por meio de flutuadores, em locais onde há oscilação periódica no nível da água, como é o caso da região do lago.

Outro ribeirinho visitado foi Zébino de Oliveira Rodrigues, de 63 anos, que reside na ilha Santa Maria, também situada na região de Água Fria, onde a energia elétrica ainda não é uma realidade. Ele compartilhou que os ribeirinhos utilizam kits de energia solar, com capacidade limitada de geração de eletricidade, representando mais um obstáculo a ser superado. Zébino é um produtor multifacetado, envolvendo-se na produção de açaí, mandioca, farinha, maniva, cacau, cupuaçu, murici, caju, entre outros produtos. Além disso, ele opera uma casa de farinha, onde a mandioca é processada e transformada em farinha, sendo depois transportada por barco e comercializada na feira local da zona urbana.

(Fonte: MPPA)

Texto e Fotos: PJ Agrária de Marabá, com edição da Assessoria de Comunicação.