Correio de Carajás

Projeto Sarã faz audiência pública com os ribeirinhos

Representantes do Ministério Público e Poder Judiciário estiveram presentes à programação de educação ambiental

Juíza Renata Guerreiro, Vanda Américo e o promotor Erick participaram da audiência pública

Criado com o objetivo de revitalizar e preservar um conjunto de mais de 15 ilhas existentes no Rio Tocantins, desde a foz do Rio Flecheira até o limite de Marabá e Itupiranga, o Projeto Sarã nasceu através da Fundação Casa da Cultura de Marabá e conta com o apoio da 1ª Vara Criminal de Marabá e do Ministério Público do Estado do Pará.

Na manhã desta sexta-feira, 30, foi realizada uma audiência pública com a presença da comunidade ribeirinha, barqueiros, donos de restaurantes e agentes do serviço de limpeza dos rios.

Para Vanda Américo, presidente da Fundação Casa da Cultura de Marabá e idealizadora do projeto, de 2019 até os dias atuais, muita coisa já mudou (para melhor) na região. “É um processo de educação. Queremos passar essa conscientização para a comunidade, para que as gerações futuras também possam usufruir disso tudo. É um processo lento, mas que tem gerado bons frutos; a gente percebe a mudança de conduta e a conscientização de quem vive nesse lugar”, disse.

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Com a presença da juíza Renata Guerreiro, do promotor Erick Ricardo, de representantes da Emater e da Secretaria Municipal de Agricultura, a comunidade pôde, mais uma vez, ouvir e relatar sobre as ações desenvolvidas com o Projeto Sarã.

“A palavra que define o projeto é resistência. Precisamos ser resistentes frente a essas pessoas que depredam e que não têm compromisso com o meio ambiente. Precisamos resistir e estar juntos. O dono de restaurante, o barqueiro que leva o turista para a ilha. Todos temos que orientar as pessoas que chegam até aqui, e é isso que precisamos fortalecer. O projeto só tem dado certo porque todos vocês tomaram consciência e estão propagando essa educação ambiental”, disse a juíza Renata Guerreiro.

Pela primeira vez na comunidade, o promotor de Justiça, Erick Ricardo de Souza Fernandes, se encantou com a participação da comunidade e com a beleza e a preservação das ilhas do entorno do Tocantins.

“É lindo demais isso aqui. Precisamos cuidar desse lugar. Vocês podem contar comigo e com o Ministério Público. Estamos juntos nesse projeto, queremos todos com compromisso e resistência. Façamos o que tem de ser feito enquanto há tempo, porque de repente fica tarde demais”, alertou o promotor.

Por fim, a equipe da Emater fez a entrega de Cadastros Ambientais Rurais aos moradores cadastrados pela FCCM.

Ribeirinhos compartilham suas experiências no trato com os turistas na região das ilhas

Prêmio Innovare

O Prêmio Innovare tem como objetivo identificar, divulgar e difundir práticas que contribuam para o aprimoramento da Justiça no Brasil. Sua criação foi uma dessas raras oportunidades em que uma conjunção de fatores conspira a favor do bem público.

Com o tema “Sarã: práticas de transformações ambientais e sociais”, o Projeto de educação ambiental de Marabá foi selecionado para a 2ª fase do Prêmio Innovare, que tem reconhecimento nacional.

Criado em 2019, em uma parceria entre a FCCM e a 8ª Promotoria de Justiça, de titularidade da promotora Josélia Leontina de Barros Lopes, com participação do promotor Erick Ricardo de Souza Fernandes, de São Geraldo do Araguaia, o projeto Sarã realizou estudos geográficos, baseados em imagens históricas de satélites, onde verificou-se a efetiva diminuição territorial das ilhas localizadas à montante e à jusante do Rio Tocantins ao longo dos anos.

E foi com o intuito de cessar essa situação e recuperar a mata ciliar das ilhas, que o projeto de cunho ambiental e social foi desenvolvido.

Com a inserção da participação da comunidade local, os ribeirinhos começaram a ser incentivados a ter mais consciência ambiental e serem propagadores de boas ações.

Além da promoção à preservação do meio ambiente, o Projeto Sarã atua na qualidade de vida dessas famílias, disponibilizando técnicos para o aprimoramento das principais atividades desenvolvidas na ilha, que são a agricultura, pesca e turismo.

Com o trabalho realizado, o Projeto Sarã trouxe a mitigação da degradação provocada pelo uso desorientado dessas áreas, juntamente com a reconstrução gradativa da fauna e flora.

(Ana Mangas)