Um projeto de botânica, realizado em Marabá, foi aprovado para participação no 73º Congresso Nacional de Botânica, que iniciou neste domingo, 29 de outubro, e segue até 4 de novembro, em Belém. A capital sedia a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-30), em novembro de 2025.
Os pesquisadores Caroline Anjos e Júnior Ferreira Neves são os autores do projeto “Levantamento florístico em fragmentos florestais sob pressão antrópica no Sudeste do Pará”. O trabalho conta com a colaboração do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, por meio do professor Guilherme Sousa Silva.
Caroline é bióloga e coordenadora do Núcleo de Botânica da Fundação Casa da Cultura de Marabá e Júnior neves é técnico em botânica e presidente do Instituto Paraense de Pesquisa e Proteção Ambiental (IPPAM).
Leia mais:A dupla, de currículo invejável na região, tem como objetivo principal da pesquisa a coleta de fragmentos da flora, em áreas afetadas pela “cultura do chacreamento” e ocupação irregular do solo, que resultam na devastação de muitas áreas de preservação crítica, como matas ciliares de córregos e igarapés, afluentes do Rio Tocantins.
Dados do projeto revelam que Marabá é o segundo, entre os cinco municípios do sudeste paraense, que apresenta as maiores áreas desmatadas, sendo 8.853,39 km² degradados. Durante a realização da pesquisa, mais de 200 espécies da flora local do município foram coletadas, muitas das quais já estão em perigo de extinção.
Como resultado do estudo, foram levantadas 50 espécies, 27 famílias e 40 gêneros. Destes, 49 são espécies nativas, 11 são endêmicas do Brasil e uma única é naturalizada.
A família melhor representada é a “Fabaceae”, sendo oito gêneros e 12 espécies. No total, foram encontradas 23 novas ocorrências no município de Marabá.
A relevância da pesquisa é descrita nas considerações finais do cartaz apresentado no congresso, que descreve que o estudo possibilita a descoberta de novas espécies e o registro de novas ocorrências botânicas. Além disso, também amplia o entendimento sobre a riqueza da região e contribui na produção de dados inestimáveis para a formulação de estratégias de conservação e uso de manejo sustentável dos recursos vegetais na Amazônia.
O CONGRESSO
A 73ª edição do Congresso Nacional de Botânica tem como tema “A Botânica no Brasil: Desafios Interdisciplinares e Interculturais”, e está sendo realizada no Museu Emílio Goeldi, promovida pela Sociedade Brasileira de Botânica.
Os objetivos do evento abrangem o incentivo ao estudo e interesse pela botânica em todos os aspectos, particularmente na promoção da interdisciplinaridade para aproximar estudiosos, pesquisadores e apoiadores dessa ciência. Além disso, o congresso visa à análise e debate dos trabalhos técnicos e científicos apresentados e à facilitação da divulgação do conhecimento sobre os ecossistemas do Brasil, sua vegetação e elementos da flora.