Está sob os cuidados da análise da Comissão de Justiça, Legislação e Redação da Câmara Municipal de Marabá (CMM), o Projeto de Lei nº 44, que autoriza o Executivo Municipal a celebrar Termo de Concessão de uso de bem público de uso comum do povo em favor das empresas concessionárias Transportes Coletivos de Anápolis Ltda. (TCA) e Nasson Tur Turismo Ltda. – EPP, responsáveis por operar o transporte público e que vêm sendo alvo de reclamações constantes da população e dos próprios funcionários, que convivem reiteradamente com atrasos salariais.
O projeto, encaminhado à Câmara Municipal de Marabá pelo Poder Executivo, é justificado pela necessidade de utilização do imóvel para a construção de terminal integrado. O imóvel fica no Canteiro Central da Avenida VP-6, localizado entre as Folhas 27, 26, 22 e 21 (Nova Marabá). A construção do terminal é pensada como medida para tentar “salvar” a situação do transporte público da cidade.
“Um sistema de transporte público eficaz minimiza o tempo de percurso e otimiza o tempo de utilização do serviço pelos cidadãos. Considerando ser a configuração urbana um conjunto integrado de agentes, tal eficiência reflete em melhorias para o trânsito, maior acessibilidade e mobilidade urbana, criação de novos polos geradores de tráfego e a consequente estruturação e implantação de um sistema viário compatível com as necessidades do município”, consta na justificativa do projeto.
Leia mais:O texto defende, ainda, que a ordenação do transporte público direciona o crescimento da cidade e distritos para áreas propícias à urbanização, evitando problemas ambientais e de trânsito, racionalizando o uso da infraestrutura urbana instalada, evitando sobrecarga ou ociosidade. “Trata-se da democratização do espaço público, que reverbera em maior inclusão social e sustentabilidade ambiental”, acrescenta.
UMA LONGA DISCUSSÃO
Ainda no final do ano passado, o secretário municipal de Planejamento, Karam El Hajjar, já havia confirmado que as empresas que exploram o serviço em Marabá procuraram o município para propor a construção do terminal, que seria bancado pelas empresas. O investimento seria de R$ 1,2 milhão.
A ideia é importante porque o transporte público em Marabá tem sido problemático há mais de uma década, com as empresas reclamando que são deficitárias e os usuários reclamando serviço prestado e do valor das tarifas. No meio disso, os motoristas, cobradores e demais trabalhadores do setor fazem paralisações e ameaças de greve – uma atrás da outra – para forçar a empresa a pagar salários e outros benefícios sistematicamente atrasados.
Sobre esse assunto, Karam explicou que com o terminal, todas as rotas de ônibus serão dimensionadas, tudo iniciando e terminando no terminal com pagamento único dentro do novo espaço. Ou seja, o passageiro vai trocar de ônibus dentro do terminal, o que deverá encurtar a viagem, pois o prazo de espera nas paradas de ônibus será diminuído. As empresas também sairão ganhando, pois cada veículo não fará viagens muito longas, como ocorrer hoje em dia.
O município pretende, dentro do Plano de Mobilidade Urbana, em dois anos regulamentar o sistema de transportes entre o distrito sede e os distritos rurais. Além disso, pretende também assegurar o transporte coletivo em horário noturno e aos finais de semana de maneira rotineira e segura, assim como elaborar um estudo para mapeamento qualitativo e quantitativo das demandas, trajetos e horários para saber se as rotas estão corretas e, se necessário, redimensiona-las. “Com a vinda do terminal esse trabalho fica mais fácil de fazer”, acredita.
Atualmente, Marabá conta com 23 rotas de transporte coletivo, das quais 10 terminam no bairro Bela Vista, 11 no Belo Horizonte, duas rotas na Marabá Pioneira. Em todas as rotas há ônibus que passam por Morada Nova e Vila Sarandi. “Esse fluxo hoje é muito oneroso para a empresa porque um ônibus que sai de Morada Nova faz todo esse percurso”, explicou Karam.
SAIBA MAIS
Atualmente as duas empresas que exploram o serviço de transporte coletivo urbano em Marabá dispõem de 67 veículos, ficando 50 em operação, 10 carros na reserva, para emergência, e sete ficam em contínua manutenção. Além disso, há poucos meses, chegaram 20 ônibus de Goiânia, mas ainda não é possível dizer se estão rodando.
(Chagas Filho e Luciana Marschall)