Correio de Carajás

Professores lotam plenário da Câmara e cobram prefeito de Marabá

Gestor municipal recebe enxurrada de críticas nas redes sociais após falta de negociação com professores

Foto: Adriano Moura

Muitas promessas de campanha têm pesado na relação do atual prefeito de Marabá com a classe de educadores e servidores públicos do município. Entre eles, o plano de Cargos, Carreiras e Salário, aumento do valor do vale-alimentação e, principalmente, o pagamento do piso da educação aos professores do município.

Com um dos principais motes de sua Campanha, o prefeito Toni Cunha dizia, reiteradamente, que piso não se discute, se paga.

Na manhã de hoje, com o plenário da Câmara Municipal de Marabá lotado, os educadores municipais cobraram o gestor para o cumprimento da promessa.

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A presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Educação Pública do Pará (SINTEPP), Subsede Marabá, Tatiana Alves, explicou que na última semana, o Poder Executivo apresentou proposta de um percentual de pagamento de reajuste salarial de 3,15% em maio de 2024 e 3,15% em janeiro do ano que vem, para os servidores da educação. Mediante à proposta que consideraram inaceitável, a classe decidiu pelo movimento de greve.

Tatiana lembrou que a educação tem recursos específicos do Fundeb, que é repassado pelo Governo federal, e que prevê dinheiro para pagamento do reajuste do servidor. “O Fundeb teve um acréscimo e se ele de fato cumprisse com a promessa de campanha, já teria iniciado esse repasse e o governo dele deveria ter concedido os 6,30% de aumento, que sua responsabilidade”.

A sindicalista reiterou que a categoria não está colocando a faca no pescoço do gestor. Ela ainda lembrou que os professores sempre fizeram manifestação e houve negociação com as antigas gestões e que em vários momentos obtiveram reajuste. “Em 2024 o valor do piso foi 3,67%, e o governo municipal concedeu 5%”, lembrou Tatiana.

Para ela, o gestor atual, Toni Cunha, está sendo desonesto ao colocar que a categoria não se posicionou. “O nosso sindicato é combatente, sempre lutamos, há mais de 30 anos. Com o trabalhador é assim, sempre com luta. Este discurso do gestor municipal é mentiroso, alegando que não há reajuste há 10 anos. “Temos uma dívida de quase R$ 12 milhões, e vamos debater dia 8 de maio. Não há justificativa para a gestão não conceder 6,30%. É importante uma reavaliação do prefeito”.

Tatiana considerou que a proposta feita pelo prefeito Toni Cunha em relação ao vale-alimentação é evasiva, com reajuste de apenas R$ 100,00. Assim ele revela que não quer valorizar o servidor, pois é o único município que não se preocupa com isso na região. Se ele tivesse boa vontade de cumprir o que prometeu em campanha, resolveria o que é de responsabilidade dele e o que ficou da antiga gestão diluiria ao longo dos próximos quatro anos”.

O vereador Marcelo Alves avaliou que os servidores foram enganados. “O prefeito mentiu para a classe, alegando que não paga por causa de emendas impositivas dos vereadores. Marabá está arrecadando R$ 5 milhões por dia. Este ano já houve Cfem de R$ 25 milhões em apenas um mês. Fizemos uma CPI da Vale, que conseguiu mais R$ 115 milhões para o prefeito investir. Nós precisamos reagir. Nestes 4 meses nada mudou, ou melhor, piorou. A relação com o parlamento e servidores piorou. E as promessas de campanha não estão sendo efetivadas”, lamentou.

Marcelo ainda destacou que todos os vereadores assinaram um anteprojeto de lei para elevar o vale alimentação para mil reais. “Se vocês pegarem a arrecadação de Marabá e comparar com Itupiranga, lá o aumento aos servidores foi de 8% e aqui estamos pedindo 6% e o prefeito não atende. Em Parauapebas, com todo o problema que o atual prefeito assumiu, com queda na receita, o vale foi para 1.500 reais. O prefeito insiste em comprar caminhonete blindada para luxar e não tem dinheiro para os servidores. Esses são os piores 100 dias de governo de uma gestão nos últimos tempos de Marabá”, comparou.

Vanda Américo analisou que o prefeito está agindo de forma pequena, mexendo e perseguindo servidores. “Parece que o povo elegeu um delegado e não o prefeito de uma cidade. Não adianta o legislativo se levantar contra o prefeito, é preciso a população fazer isso. Hoje não se paga mais plantões, horas-extra, os médicos especialistas estão deixando seus postos de trabalho, as empresas estão há dois meses sem receber. Ele é caloteiro”, disse ela.

Para a vereadora, o governo está deixando de fazer o básico. “Não tem nem sal nas escolas. Um prefeito que fez discursos e mais discursos, lives e lives, que ataca as pessoas, empresários, funcionários, vereadores. O município de Marabá está isolado. Ele quer o caos, nunca honra com a palavra dada, sempre mente. Não conhece o município, não conhece os problemas de Marabá”.

Miterran Feitosa disse que apoia a decisão de greve dos servidores públicos e professores que são a espinha dorsal do município. “O piso salarial é lei, no caso dos professores de Marabá, acumulam vários problemas e a greve vai muito além de uma reinvindicação de aumento salarial, mas uma fragilidade da educação na cidade. Há anos o Sintepp vem buscando o pagamento do piso. Nenhuma sociedade avança sem conhecer quem trabalha para educar”.

O vereador Fernando Henrique, da base aliada do governo municipal, reiterou que é preciso cobrar pelas promessas feita por Toni Cunha em campanha e que o pagamento do piso é uma delas. “Minha posição é estar ao lado do servidor, apesar de ser base do governo. Esta foi uma promessa de campanha, e eu que sou base estarei junto cobrando do prefeito. Quero continuar acreditando no governo como acreditava na campanha, mas para isso ele precisa fazer a sua parte e cumprir o que prometeu em campanha. Ele disse que piso não se discute, se paga, e contem comigo para esta luta”.

Aerton Grande pontuou que quando se promete algo, tem de cumprir porque as pessoas acreditam. E que a partir do momento em que o prefeito senta na cadeira de gestor municipal o problema passa a ser dele.

Orlando Elias opinou que Marabá tem uma gestão problemática e difícil, e que algumas coisas só se consegue na porrada. “Só vão conquistar desta forma, com luta. As promessas não cumpridas não vêm só da campanha, vêm do mandato também. O prefeito fez uma propagando imensurável de máquinas que iriam entrar nos bairros e resolver os problemas, e até hoje não se vê maquinário nestes bairros periféricos. As promessas do gestor atual começaram na campanha e se estende até agora. Cadê os maquinários para ajeitar as ruas, que foram prometidas?”

O presidente da Câmara, Ilker Moraes, disse que a cidade vê uma paralisia do governo atual. Ele salientou que nos primeiros 100 dias de governo gerou-se um clima de desconfiança e preocupação nas pessoas. Sem licitações importantes para a melhoria dos serviços públicos, e priorizando a adesão de atas milionárias como a da iluminação pública e dispensa para compra de carro blindado. “O que se vê é uma paralisia quase total do governo, em um momento no qual a cidade esperava ação”.

Ilker ainda destacou que na saúde, o cenário é de caos. “Especialistas pedem exoneração, cirurgias eletivas estão suspensas e viralizam imagens de superlotação em postos de saúde, aqueles que ele prometeu abrir 24 horas. Nos hospitais, denúncias de falta de alimentação e material de higiene só pioram a situação. O HMI se tornou um símbolo do desastre, com um início de ano que aterrorizou a população e quem depende daquele centro de saúde. A UBS do bairro Bela Vista, que atenderia uma grande população, pode simplesmente não sair do papel porque a prefeitura não entregou a documentação necessária ao Ministério da Saúde”, lamentou.

Por fim, Ilker criticou a postura do prefeito em cortar ponto dos servidores que aderiram à greve e que não dará continuidade à negociação enquanto o movimento estiver mantido. “Quantos debates foram realizados sobre educação aqui na Câmara? Não adiante querer se apresentar como samaritano, tem má intenção, é perseguidor e irresponsável com suas falas na rede social. Mentiu ao falar que não dá o ajuste por conta das emendas. O parlamento municipal não irá aceitar qualquer irresponsabilidade do gestor. Se houver brecha na lei pelo não pagamento do piso nós iremos acionar a justiça e apurar todas as possíveis irregularidades que o prefeito municipal venha a cometer.

O vereador Jocenilson Silva lamentou a postura do gestor municipal e considerou lamentável acompanhar um prefeito que maltrata o servidor público, que é quem faz a máquina pública andar. “É obrigação do gestor dar um aumento salarial, dar o reajuste ao servidor. Todos os vereadores são solidários à causa dos professores. Todo secretariado do governo que ameaçar e coagir servidor, a Câmara irá convocar para dar esclarecimentos. Estamos sofrendo com uma promessa de R$ 100 reais no reajuste do vale e de 3,15%% para o os salários dos servidores.

O presidente da Comissão de Educação, Marcos Andrade, se colocou à disposição de toda a classe para dialogar junto ao poder público municipal. “Sem educação nós não somos nada, pois ela é o pilar fundamental de uma sociedade. Todas as profissões passam pela sala de aula. Estou à disposição para o diálogo que valorize a educação e os servidores de Marabá”.

Maiana Stringari falou da importância de todos abraçarem a causa dos educadores. “Me sinto orgulhosa e parabenizo a classe dos professores. Não conheço uma classe tão unida na luta por melhorias de trabalho, de salários e de uma melhor qualidade no ensino. As promessas feitas em campanha geram uma expectativa, e às vezes quando nos vemos enganados por uma promessa não cumprida, nos frustramos e pensamos que mais uma vez caímos em falácias”, lamentou ela.

Dean Guimarães disse que o seu dever é a defesa dos direitos do povo. “Quero deixar aqui garantido pra vocês que eu faço, sim, parte da base, mas entendo que direito é direito e nós estaremos nessa luta também”, dispara.

Marcos Andrade, por sua vez, foi firme ao defender que haja diálogo entre professores e prefeito. “O meu papel, enquanto vereador e representante do povo, é ser uma ponte entre os servidores e o governo. Estou à disposição para o diálogo, buscando sempre uma solução que valorize a educação e respeite os direitos da categoria. A greve é um direito, mas o diálogo é um dever de todos nós”, encerrou.

(Fonte: CMM)