Em nota enviada à Imprensa, professores do Instituto Federal do Pará (IFPA) Rural, que estão ministrando aulas na Aldeia Parakanã, cobram uma ação mais enérgica das autoridades para agilizar a busca aos caçadores desaparecidos na reserva. Mas denunciam também que os indígenas estão sendo alvo de preconceito e de oportunismo de grupos que cobiçam o território do povo Awaeté.
De acordo com a nota, houve uma intrusão abrupta de um grupo não indígena na ladeia, com gritos, ameaças e a obstrução da entrada do Posto Taxakoakwera. Os Awaeté que presenciaram a situação descrevem que alguns dos intrusos que ali estavam portavam armas.
“Por que tanta desinformação? O que justificaria a construção tão rápida de argumentos incondizentes com o ocorrido? Por que tamanho ódio aos indígenas? Por que denúncias de cárcere privado aos familiares foram oficializadas e atendidas com mais celeridade do que o pedido de buscas aos desaparecidos?”, questionam os professores.
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Eles alertam para o fato de que um clima de insegurança e ameaças vêm aumentando devido a morosidade do poder público competente em se fazer presente para mediar a interlocução das partes envolvidas e acelerar o processo de busca, o que preocupa os Awaeté e seus parceiros institucionais, como os professores.
Por fim, eles declaram solidariedade aos familiares que procuram por seus filhos e irmãos desaparecidos. “Esperamos que as buscas sejam efetivas e tão logo sejam localizados em segurança”.
Contudo eles destacam que tais episódio expõe ataques ao povo indígena Awaeté e a cobiça pelo fragmento de território que compõe a TI Parakanã. “Soma-se a isso, a carga de preconceitos e etnocentrismo que vêm alcançando desdobramentos nos corpos indígenas com a possibilidade de um novo estado de exceção sobre suas vidas”, alertam. (Chagas Filho)