A cena literária em Marabá vem ganhando cada vez mais destaque e representatividade, prova disso é o lançamento do livro “Memória, Multiplicidade e Metalinguagem: modulações autorais em Manoel de Barros e Roberval Pereyr” do Prof. Dr. José Rosa dos Santos Júnior. A estreia ocorre na Biblioteca Municipal Orlando Lima Lobo, no Núcleo Marabá Pioneira, às 19h, neste sábado, 31. Na ocasião, os livros serão autografados pelo autor.
Publicado em outubro de 2018 pela Editora da Universidade do Estado da Bahia (EdUNEB), a obra é fruto de uma tese de doutorado defendida em 2016 que posteriormente se tornou um livro. A dissertação foi defendida no Instituto de Letras, da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e trouxe discussões definidas pelos prismas da autobiografia, da multiplicidade e da metalinguagem. José Rosa é professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA).
O professor explica que o livro fala sobre uma análise de dois autores pertencentes a épocas próximas uma da outra que escreviam sobre o mesmo assunto – unidos pela metalinguagem – e se diferenciavam por um falar de suas memórias utilizando um personagem para representá-lo, enquanto o outro apenas observava e criticava o mundo ao seu redor. “Manoel fala de memórias vividas na região do pantanal e percebe-se que são coisas da sua infância. Já o Roberval deixa a entender que está em um ambiente urbano, sem identificação geográfica, criticando o que ele observa”, diferencia José.
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No dia 19 de julho, o livro foi contemplado com o Prêmio ABRALIC de Literatura Comparada, denominado “Prêmio Eugênio Gomes”, edição 2019. A cerimônia ocorreu no auditório da Universidade de Brasília (UNB) durante o XVI Congresso Internacional Abralic que contou com a participação de grandes e renomados escritores da área.
Em entrevista ao Jornal Correio, na época, o professor contou que a emoção de vencer foi grande pela magnitude da premiação. Hoje, ele reafirma a sua colocação acrescentando que graças a ela o livro ganhou mais notoriedade, já que “houve uma grande repercussão entre as pessoas do meu círculo social que me cobravam por um lançamento aqui em Marabá também. Eles sabiam que eu havia lançado um livro, porém não tinham conhecimento do seu conteúdo. Assim, resolvi lançá-lo aqui na cidade também para que as pessoas tivessem a oportunidade de conhecer mais sobre o meu trabalho”.
Direitos autorais?
Polêmicas envolvendo direitos autorais dos mais diversos segmentos têm repercutido bastante nos últimos anos. Com o Prof. José Rosa não foi diferente. Ele publicou o livro através da EdUNEB, por meio de um edital, não tendo nenhum gasto com os custos desse serviço, logo, os direitos autorais ficaram detidos pela editora.
“Na época, como eu não tive como bancar custos como normalização, revisão, capa, linguística, entre outros, eu não vi isso como algo negativo. Tive direito a uma cota de 30 cópias para o lançamento na Bahia e após isso fiquei apenas com a minha cópia. Quando eu venci o prêmio, o valor do livro aumentou de R$ 40 para R$ 50, e esse valor eu tive de pagar por cada exemplar – para a editora – para trazê-los a Marabá para o lançamento, por não deter os direitos autorais”, conta José.
O professor explica que hoje considera “não tão legal” ter que pagar por aquilo que lhe pertence, mas “foram as regras do ‘jogo’ que eu aceitei, de certa forma”, conforma-se. (Zeus Bandeira)