Os diversos agricultores extrativistas são um dos grandes destaques do I Simpósio de Gestão do Conhecimento e Biodiversidade da Floresta Nacional do Tapirapé-Aquiri (SICOB – FLONATA), que ocorre de hoje (9) até sábado (11). Vindos de diversos municípios que fazem parte de assentamentos rurais de áreas protegidas pelo Instituto Chico Mendes (ICMBio), com um largo sorriso e muita alegria, eles apresentam seus produtos aos visitantes do evento.
Com o objetivo de conservação da biodiversidade e segurança alimentar para as comunidades que moram próximo à Flona, o Instituto promoveu a agroecologia, uma forma de agricultura sustentável de renda que é uma importante estratégia para conter as pressões sobre as unidades de conservação, que tem como ameaças o desmatamento promovido por garimpos e as atividades madeireiras e pecuárias no entorno da unidade de conservação.
Para selecionar as famílias que pudessem participar do Projeto Agroextrativismo da Flona, o ICMBio definiu critérios avaliativos para a seleção. Dentre eles, estavam: propriedades que faziam parte do limite com a unidade, os produtores que já desenvolviam alguma prática agroecológica nas suas propriedade e também pequenos agricultores que manifestaram, espontaneamente, vontade em desenvolver práticas agroecológicas.
Leia mais:Uma dessas produtoras selecionadas foi a falante e sorridente agricultora Lindalva Gonçalves Rabelo, que junto com toda sua família apresentava com orgulho os produtos no simpósio. Na barraca dela era possível encontrar um universo de frutas, poupas, queijos e doces. “É muito gratificante estar aqui hoje. Estou feliz de estar divulgando os produtos que produzo na minha terra”, comemorou.
De acordo com André Luís Macedo Vieira, gestor da Flonata, o que se pretende com os pequenos agricultores é fortalecer a transição agroecológica de sistemas agrícolas e de pecuária convencionais para modelos que conciliem a produção rural com a conservação da biodiversidade, segurança alimentar e desenvolvimento socioambiental. O intuito disso é cultivar, na comunidade local, o valor da proteção dos recursos naturais para a sua própria subsistência.
Outro produtor que faz parte do projeto é José Romão Pereira Brandão. Ele frisou a importância de fazer parte do programa e agradeceu ao ICMBio pela oportunidade de trabalhar produzindo. “É a primeira vez que participo de algo assim. Está sendo muito bom porque recebi um convite do pessoal do Instituto para trazer meus produtos expor e vender aqui”, explicou.
Segundo André, o envolvimento dos agricultores em práticas agroecológicas já resulta na diminuição de pressões sobre a unidade de conservação e na melhoria na qualidade da produção e de vida dessas famílias.
Questionado pela Reportagem do Portal Correio de Carajás, o gestor conta que o agroextrativismo é uma resposta ao desmatamento porque havia antes na região um “ciclo vicioso”, que prejudicava a área em que isso ocorria. “As pessoas desmatavam e plantavam em pastagens por meio de práticas insustentáveis de produção, que levavam à degradação do solo e essas áreas se tornavam improdutivas. O agroextrativismo veio para quebrar esse sistema porque garante a produtividade e preservação do solo, da água e garante que o agricultor produza por muito tempo numa mesma área”, esclareceu.
O EVENTO
Ocorrendo no Centro de Convenções Carajás, localizado na Folha 30, Nova Marabá, o evento conta com a presença de 70 expositores e cerca de 30 produtores, vindos de municípios como São Félix do Xingu, Canaã dos Carajás e Parauapebas.
No local é possível encontrar diversas espécies de plantas e animais da Flonata. Um ninho de harpia (gavião-real) é a grande atração de quem passeia pelo salão. Medindo mais de um metro e com ovos reais, ele está exposto aos visitantes que passam pelo simpósio. Animais empalhados como jacarés, jabutis, onças e camundongos também atraem os olhares curiosos de quem anda pelo espaço.
Aos amantes de queijos, há um estande montado da Queijaria Cosa Nostra, de Paraupebas, que oferece uma degustação de três tipos diferentes do alimento. Ao lado, pode-se encontrar produtores de mel, da Associação Filhos do Mel da Amazônia, que também oferecem uma “prova” de seus produtos.
A programação segue até sábado, dia 11, com palestras, mesas redondas, amostras de projetos, apresentação de pesquisas, degustações e muito mais. (Karine Sued)