Correio de Carajás

Primeira vacina contra câncer do pulmão começa testes com humanos em 7 países

Testes envolvem uma nova injeção que instrui o corpo a caçar e matar células cancerígenas – e depois impede que elas retornem; Janusz Racz, de 67 anos, de Londres, foi um dos primeiros a receber a vacina

Janusz Racz, de 67 anos, de Londres, foi a primeira pessoa a receber a vacina no Reino Unido. Ele foi diagnosticado em maio e logo depois começou a quimioterapia e radioterapia. — Foto: Aaron Chown/PA Images via Getty Images

Médicos começaram a testar em pacientes a primeira vacina de RNA mensageiro contra câncer de pulmão e dizem que seu potencial “inovador” pode salvar milhares de vidas. A informação é do jornal The Guardian.

Os testes envolvem uma nova injeção que instrui o corpo a caçar e matar células cancerígenas – e depois impede que elas retornem. Conhecida como BNT116 e fabricada pela BioNTech, a vacina é projetada para tratar o câncer de pulmão de células não pequenas (NSCLC), a forma mais comum da doença.

Racz, um cientista de 67 anos, se mudou da Polônia para a Inglaterra há dez anos; ele foi tratado com quimioterapia e radioterapia antes de tomar a vacina — Foto: Aaron Chown/PA Images via Getty Images
Racz, um cientista de 67 anos, se mudou da Polônia para a Inglaterra há dez anos; ele foi tratado com quimioterapia e radioterapia antes de tomar a vacina — Foto: Aaron Chown/PA Images via Getty Images

A vacina usa RNA mensageiro (mRNA), similar às vacinas contra a Covid-19, e funciona apresentando ao sistema imunológico marcadores de tumor de NSCLC para preparar o corpo para combater células cancerígenas que apresentem esses marcadores.

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O objetivo é fortalecer a resposta imunológica da pessoa ao câncer, enquanto deixa as células saudáveis intocadas, diferente do que acontece na quimioterapia.

O ensaio clínico de fase 1 e primeiro estudo humano do BNT116 foi lançado em 34 locais de pesquisa em sete países: Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha, Hungria, Polônia, Espanha e Turquia.

No total, cerca de 130 pacientes – desde estágios iniciais antes de cirurgia ou radioterapia até doença em estágio avançado ou câncer recorrente – serão inscritos para receber a injeção com imunoterapia.

“Estamos agora entrando nesta nova e empolgante era de ensaios clínicos de imunoterapia baseada em mRNA para investigar o tratamento do câncer de pulmão”, disse o professor Siow Ming Lee, oncologista consultor médico do University College London Hospitals NHS Foundation Trust (UCLH), que está liderando o ensaio no Reino Unido.

“É simples de administrar, e você pode selecionar antígenos específicos na célula cancerígena e, em seguida, direcioná-los. Esta tecnologia é a próxima grande fase do tratamento do câncer, completou.”

Janusz Racz, de 67 anos, de Londres, foi a primeira pessoa a receber a vacina no Reino Unido. Ele foi diagnosticado em maio e logo depois começou a quimioterapia e radioterapia.

“Eu sou um cientista e entendo que o progresso da ciência, especialmente na medicina, depende de as pessoas concordarem em se envolver em tais investigações”, disse ele.

“E também posso fazer parte da equipe que pode fornecer prova de conceito para essa nova metodologia, e quanto mais rápido ela for implementada em todo o mundo, mais pessoas serão salvas”, afirmou.

Racz recebeu seis injeções consecutivas com cinco minutos de intervalo ao longo de 30 minutos. Cada injeção continha diferentes cadeias de RNA. Ele receberá a vacina toda semana durante seis semanas consecutivas e, em seguida, a cada três semanas por 54 semanas.

“Esperamos que esse tratamento adicional impeça o câncer de voltar, porque muitas vezes, para pacientes com câncer de pulmão, mesmo após cirurgia e radiação, ele volta”, disse Lee.

O câncer de pulmão é a principal causa de morte por câncer no mundo, responsável por cerca de 1,8 milhão de mortes todos os anos.

Segundo o especialista, cerca de 20% a 30% dos pacientes permanecem vivos com estágio 4 de imunoterapia e agora eles querem melhorar essas taxas de sobrevivência. “Esperamos passar para a fase 2, fase 3 e, em seguida, esperamos que se torne o padrão de atendimento em todo o mundo e salve muitos pacientes com câncer de pulmão.”

(Fonte:G1)