Foliões começaram a se preparar, na tarde deste domingo (19), para, logo mais, participar do Carnaval em Curuçá, no nordeste do Pará e distante aproximadamente 140 km de Belém.
Antes do desfile, os foliões vão para o porto Pretinhos do Mangue e, ao som de muito carimbó, pegam sua fantasia ecológica – a lama retirada do mangue, que eles passam pelo corpo. Como dizem os brincantes: é o abadá mais barato que existe, pois é retirado direto da natureza. Não causa danos ao meio ambiente e nem à saúde das pessoas.
É uma forma de chamar a atenção para a importância de se preservar o meio ambiente.
Leia mais:E, após dois anos sem carnaval presencial, o tradicional bloco Pretinhos do Mangue deverá arrastar milhares de foliões pelas ruas de Curuçá. Vai ser o 34º desfile do bloco, que, com o tema “Abre alas, que o Pretinhos voltou”, se apresentará novamente nas ruas da cidade no próximo dia 21. A expectativa é que mais de 17 mil brincantes participem da folia.
“O ‘Pretinho’ voltou com alegria, com saúde, trazendo de volta a cultura, a questão ambiental”, disse o presidente do bloco, Edmilson Campos, o “Cafá”. Neste ano, e durante o desfile, Cafá vai falar sobre a atual situação dos Yanomamis, enfatizando a importância da garantia dos direitos aos povos originários brasileiros.
Uma das preocupações é que pudesse chover durante o desfile, já que a chuva poderá acabar com o abadá dos foliões, que é a lama retirada do mangue. Há muitos manguezais em Curuçá.
A partir das 12 horas, os foliões começaram a se concentrar no Porto Pretinhos do Mangue, preparando-se para o desfile oficial, marcado para começar às 3 da tarde.
O “Pretinho do Mangue” vai levar para o corredor da folia o “Carro da Ostra”, uma homenagem ao Cultivo de Ostras, muito forte no município, na Vila de Lauro Sodré. O carro sempre traz uma musa que sai de dentro de uma ostra de dois metros, valorizando a beleza da mulher curuçaense.
Há também o tradicional Carro Abre-Alas, com um caranguejo medindo quatro 4 metros de comprimento e um 1 metro de altura, realizando movimentos em todo seu conjunto em no entorno, com garças e guarás, que simbolizam o cenário do mangue O caranguejo é o mascote do bloco.
Além do Carro da Barraca do Avoado, que apresenta a culinária local (peixe assado, caranguejo, turu, camarão e, como novidade, a ostra).
O “Pretinhos do Mangue” surgiu de uma brincadeira em 1989, numa terça-feira de Carnaval, quando os amigos Everaldo Campos e Sebastião resolveram ir ao mangue pegar alguns caranguejos para tira-gosto. Eles observaram a escassez do crustáceo e resolveram protestar, desfilando, no corredor da folia, lambuzados por inteiro de tijuco, que é a lama existente nos manguezais.
Mas foi sob a coordenação de Edmilson Campos, o “Cafá”, em 2000, que o bloco passou a chamar a atenção da mídia por sua originalidade e por apresentar, em seus desfiles, um forte apelo ecológico, valorizando a cultura oriunda dos manguezais.
Em 2010, o bloco foi declarado Patrimônio Cultural do Estado do Pará e Patrimônio Cultural do Município de Curuçá. E, desde então, tem impulsionado o carnaval da cidade, elevando-o ao patamar de 3º melhor do Estado do Pará.
(Fonte: O Liberal)