O presidente da Câmara Municipal de Marabá, vereador Ilker Moraes (MDB), encaminhou na última sexta-feira (24/1) um ofício ao Ministério Público do Pará (MPPA), solicitando a investigação de uma preocupante sequência de óbitos de recém-nascidos e parturientes no Hospital Materno Infantil de Marabá (HMI). O pedido foi direcionado à promotoria responsável pela garantia dos direitos à saúde.
Em apenas 23 dias da nova gestão municipal, foram registrados sete óbitos no HMI, enquanto no mesmo período do ano anterior houve apenas um caso. A nova administração anunciou a abertura de uma sindicância para apurar os acontecimentos e, caso necessário, responsabilizar as equipes médicas envolvidas.
“Na manhã desta sexta-feira (24), protocolei no MPPA um ofício solicitando a apuração sobre as mortes de crianças no HMI, o mau atendimento no HMM e a falta de médicos especialistas na rede pública”, declarou Ilker Moraes, reforçando sua preocupação com a precariedade do atendimento de saúde no município.
Leia mais:Além disso, foi marcada uma reunião para o próximo dia 4 de fevereiro, às 14h30, na sala de comissões da Câmara Municipal, com representantes da Secretaria de Saúde e a direção do hospital. No ofício enviado ao MP, foi solicitada também a presença de representantes do Ministério Público, bem como a participação do Conselho Municipal de Saúde, para acompanhar as discussões e medidas que serão tomadas.
Os casos geraram comoção e cobranças da população, que exige respostas rápidas e eficazes. A medida da presidência da Câmara busca garantir transparência e justiça diante do aumento significativo nos registros de óbitos, além de pressionar por melhorias no atendimento médico.
HISTÓRICO
No último dia 16 de janeiro, uma comissão de vereadores foi ao Hospital Materno Infantil para tomar ciência dos fatos que levaram à morte de um bebê durante o parto de uma mulher de 21 anos de idade, ocorrido naquela maternidade na tarde de quarta-feira, dia 15.
Estiveram presentes os vereadores Ilker Moares (presidente), Cristina Mutran, Dean Guimarães, Orlando Elias, Marcelo Alves, Jocenilson Silva, Priscila Veloso, Miterran Feitosa, Maiana Stringari e Vanda Américo. Também acompanhou a visita Monalisa Miranda, representando o Conselho Municipal de Saúde.
O grupo de parlamentares foi ouvido pelo médico Fábio Farias, diretor do HMI. O presidente Ilker Moraes disse, na ocasião, que os vereadores querem entender o que aconteceu, que nos últimos dias ocorreram três óbitos relacionados à maternidade em Marabá. “Nós queremos a melhoria do serviço público e atendimento da nossa população. Parece que aqui há falta de profissionais especializados para atendimento à população”, analisou Ilker.
Os demais vereadores fizeram várias ponderações, pediram apuração rigorosa do caso ocorrido nesta quarta-feira. Como encaminhamento, ficou agendada uma reunião entre a atual gestão do município, a OS Madre Tereza e os vereadores da Câmara Municipal de Marabá para discutir melhorias no atendimento no HMI.
O vereador Jocenilson questionou sobre qual o plano de trabalho para acabar com mortes na maternidade e pediu esforço coletivo para que a situação seja resolvida na esfera administrativa para que a comunidade tenha segurança no serviço de saúde do município.
Marcelo Alves disse que os vereadores ficaram preocupados com esse início de ano, com três mortes em 15 dias, com uma mãe e dois bebês. “Há relatos de que as mães vêm e são mandadas para casa, mesmo já estando em estágio final de gestação, passando das 40 semanas. Para ele, é preciso ter especialistas atendendo para que possam dar diagnóstico preciso.
O vereador Miterran disse que as mortes não podem virar rotina. “É preciso identificar o erro e tomar as providências. “É necessário uma avaliação desde o primeiro atendimento até o procedimento cirúrgico e quando a mamãe retorna para casa. Devemos avaliar o processo da empresa e realizar uma apuração sobre a empresa que presta serviço médico no HMI”, pontuou.
Médica de formação, a vereadora Cristina Mutran disse que a empresa Madre Tereza já está há mais de quatro anos atuando em Marabá e que a falta de especialistas ginecologistas e obstetras precisa ser superada. Disse que ficou preocupada por colocarem na linha de frente médicos recém-formados, alertando que eles precisam primeiro realizar residência ou especialização. “Essa rotina de clínico geral atendendo no HMI precisa ser superada. É preciso contratar especialistas. Além disso, é necessário investir em uma humanização neste atendimento e capacitação para os servidores”, notificou.
O diretor do HMI, Fábio Farias, reconheceu que a nova gestão precisa dar uma resposta à sociedade, não apenas com palavras, mas com ações efetivas. Ele considerou o óbito daquela ocasião como uma tragédia e que é preciso implementar um atendimento humanizado até o final da ponta para os pacientes.