Correio de Carajás

Prefeitura protela entrega de boxes e feirantes da Folha 28 chiam

Embora os novos boxes já estejam prontos, os feirantes ainda não podem ocupa-los

A feira da Folha 28 é clássica e não há um marabaense que nunca tenha frequentado ou, ao menos, tenha conhecimento do que se trata esse quase patrimônio cultural da Nova Marabá. Mas, algo que a maioria não sabe é a labuta atual que os comerciantes do local têm vivenciado. Um verdadeiro descaso que reflete uma displicência que põe em risco a saúde dos comerciantes e a qualidade dos produtos.

Com a chegada do período das chuvas e a falta de escoamento que abrange a área, o caos tem sido vivido diariamente pelos feirantes do mercado aberto. Em dias de chuva forte, vivenciados nas últimas semanas, é possível ver enxurradas que cobrem os pés dos trabalhadores e encharcam suas mercadorias. Mas, o problema não se resume apenas ao fim e início do ano, já que, sem cobertura, todos e tudo ficam expostos ao sol diariamente.

Em maio deste ano foi prometido aos que fazem dali o local do seu ganha-pão, um novo estabelecimento, coberto, com escoação e até mesmo estacionamento. No entanto, o poder público mostra não haver pressa e nem compromisso com a categoria, que já espera há seis meses pela obra, que está quase concluída, mas ainda não entregue.

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A TV Correio foi até a feira e conversou com alguns comerciantes que, indignados, falaram sobre a situação que têm vivido na pele. Elizabeth Souza expõe que, no último dia 24 deste mês completaram-se nove meses da falsa promessa e, até agora, não há previsão alguma da mudança: “Eles não nos dão respostas e nós ficamos à mercê, sem saber, se quer, se iremos ser contemplados”, conta.

Ela chama atenção, principalmente, para o período de chuva, tendo em vista que devido à falta de saneamento básico, a água acumula e produzi um lamaçal, o que causa frieiras nos pés dos comerciantes. Elizabeth desconhece o motivo de ainda não terem sido transferidos e se chateia com a falta de comunicação.

O marabaense e feirante Manoel Alves Farias Filho faz questão de salientar que a situação de todos ali segue cada vez mais complicada: “O tempo não para e agora com o inverno amazônico esperávamos já desfrutar da cobertura que nos foi prometida. Aqui nós convivemos diariamente com o sol forte e agora com a água que nos causa prejuízo com relação à mercadoria, sendo nosso sustento“, desabafa.

Ele explica que quando a chuva vem, automaticamente se inicia uma correria. Manoel diz que uma data para a mudança já era suficiente, para dar e ele e aos outros feirantes uma luz de quando poderão desfrutar do novo local e abandonar as dificuldades. Lamenta que até mesmo os clientes enfrentam problemas para chegar até lá, considerando a falta de estacionamento, prejudicando diretamente as vendas.

“Para mim, dava para já ter mudado de lugar, porque o novo local não contará com divisórias e já está coberto. Não vejo razão para não mudarmos. Em maio fez um ano que mudamos da outra feira, logo, essa é uma questão que já devia ter sido solucionada há um tempo. Nós precisávamos da ajuda do poder público para continuar a ganhar o nosso pão de cada dia. E de forma digna”, pontua.

Mas, nem todos possuem essa esperança. Um feirante que preferiu não se identificar por medo de represálias, aponta a circunstância como um clássico problema de saneamento básico que os atinge diretamente. Ele também afirma que nunca ouviu nenhuma previsão estipulada pelas lideranças para a mudança: “Isso é o Brasil, do jeito que eu enxergo as coisas, clamar pelos nossos direitos é pedir para sofrer mais ainda, nada muda“, encerrou.

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Viação e Obras Públicas enviou a seguinte nota:

“A antiga feira da Folha 28 já foi remanejada para VP-8. Já foram construídos 40 novos boxes para que os feirantes tenham mais higiene e conforto, e os usuários também possam estacionar seus veículos com mais segurança. Ela já está na fase final e nos próximos meses iremos entregá-la à população. Na primeira parte será colocada a feira móvel que funcionará no final de semana sob supervisão”. (Thays Araujo com informações de TV CORREIO)