O vaqueiro Edésio Batista Nogueira, de 54 anos, saiu do Posto de Atendimento aos Sintomas da Covid-19, em Curionópolis, levando os medicamentos para tratamento dos sintomas leves que vem sentindo ao longo da semana. No mesmo local, instalado para atendimento exclusivo à doença, ele passou por atendimento médico e também foi submetido ao teste rápido, que resultou positivo.
Edésio começou a sentir-se mal no domingo passado, dia 21, com dor de cabeça e moleza pelo corpo. Durante a semana foi liberado do trabalho para fazer o teste. Conforme informado a ele, já está fora do período de contaminação, mas deverá permanecer em isolamento e fazendo o uso da medicação por alguns dias. “Aqui foi rápido e muito bom. Gostei porque o medicamento já está na mão, vou chegar em casa, tomar e ficar quieto para me recuperar”, disse.
Edison Sousa da Silva, coordenador da Vigilância Sanitária do município, explica que diariamente são distribuídas 50 fichas para atendimento no centro, mas o número de testes aplicados é maior porque outras unidades também encaminham pacientes para serem testados. Conforme o servidor, ao haver novo aumento do número de casos positivos na cidade vizinha, Parauapebas, foi possível sentir, em seguida, os efeitos também em Curionópolis.
Leia mais:“Na semana seguinte já deu um boom e cresceu. A gente fazia, em média, 20 testes e fomos para 50 testes. Foi um crescimento assustador para quem vinha trabalhando nessa área”, diz, acrescentando que a resposta rápida da gestão impediu que este cenário fosse pior. “O sistema de saúde de Curionópolis manteve a situação, mas o número de casos foi aumentando, acredito, pela circulação nos municípios vizinhos. As pessoas daqui compram lá, resolvem negócios lá e quando voltam trazem o vírus”, afirma.
Além do centro de atendimento exclusivo, a Prefeitura de Curionópolis está abrindo mais três pontos de atendimentos em escolas do município. O anúncio foi feito pela prefeita, Mariana Chamon, em entrevista concedida ao Correio de Carajás nesta quinta (25), na sede da administração.
“A gente já aumentou os pontos, levamos o atendimento para mais postos de saúde e agora também preparamos três escolas do município para que as pessoas recebam esse atendimento com o teste rápido, a entrega da medicação e outros cuidados necessários”, diz, explicando que o município já vinha aplicando uma média de 500 testes semanais, número que pode dobrar com a ampliação do atendimento.
Em relação à vacinação, Curionópolis já está aplicando as doses na faixa etária de 70 anos. “Aos idosos que não conseguem vir até o posto de saúde a gente leva a equipe até a casa para que a gente consiga vacinar um maior número de pessoas em menor tempo”, diz a gestora, acrescentando ter aderido ao consórcio da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) para aquisição de imunizantes. “Estamos também nessa luta para que a gente possa, o quanto antes, conseguir fazer a aquisição dessas vacinas”.
LOCKDOWN
Na última quarta-feira (24) foi iniciado lockdown com paralisação das atividades consideradas não essenciais em Curionópolis. A medida é válida por 12 dias e, de acordo com a prefeita, essencial para que o município possa evitar óbitos decorrentes da covid-19.
“Trata-se de uma medida extremamente importante de prevenção, tendo em vista que os casos têm aumentado de forma significativa. Nas últimas 24 horas foram 35 novos casos e só na manhã de hoje (quinta) nós já detectamos 17 novos casos. É uma medida necessária porque a gente vê diariamente o colapso no sistema de saúde em todo o país e na nossa região, infelizmente, não está diferente”, alerta, acrescentando que os municípios maiores, como Parauapebas e Marabá, que possuem leitos de UTI, estão sobrecarregados.
Ela diz ter dialogado com os comerciantes antes de decretar o fechamento e levado em consideração o feriado do próximo dia 2, Sexta-feira Santa, no impacto para as empresas. “Estamos priorizando a saúde, o cuidado com a vida das pessoas, mas conversamos com os comerciantes locais porque essa também é uma grande preocupação pra gente. São 12 dias e, destes, somente seis são dias úteis, o que diminui o impacto no comércio local. A gente sabe o quanto é importante manter a economia local aquecida, mas em se tratando de vidas a gente precisa priorizar”, defende.
Para amenizar o impacto social, Mariana Chamon anunciou na última semana o Programa Renda Emergencial Curionópolis que pagará três parcelas de R$ 150 para famílias em situação de extrema pobreza. O Projeto de Lei, inclusive, já foi aprovado pela Câmara de Vereadores. “Nos preocupamos com a comida na mesa e tenho certeza que isso vai levar um pouco de acalento para essas famílias que estão assando por essa necessidade”, finaliza. (Luciana Marschall)