A eleição de 2020 no Pará expôs uma discrepância significativa entre a composição racial dos prefeitos eleitos e a demografia do estado. Dos 144 prefeitos que assumiram cargos municipais, 74 se autodeclararam brancos, representando 51,4% do total. Este dado contrasta fortemente com a composição racial da população paraense, na qual apenas 19,6% se identificam como brancos, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A sobrerrepresentação de prefeitos brancos sugere um desequilíbrio estrutural na política estadual. Enquanto brancos ocupam mais da metade das prefeituras, os pardos, que formam a maioria populacional com 71,9%, são apenas 36,1% dos prefeitos eleitos. Esta sub-representação de pardos é um reflexo das barreiras históricas e sociais que ainda dificultam a ascensão política desse grupo.
Em um contraste sutil, os pretos, que constituem 6,8% da população do Pará, representam 8,3% dos prefeitos eleitos. Embora esta sobrerrepresentação possa parecer um avanço, ainda é uma indicação de que a equidade racial na política está longe de ser alcançada.
Leia mais:Os indígenas, um grupo frequentemente marginalizados, compõem 2,1% da população e possuem 4,2% de representação entre os prefeitos. Esta sobrerrepresentação pode ser vista como um sinal positivo de inclusão, destacando a importância crescente da participação indígena na política local.
Por outro lado, a ausência de prefeitos autodeclarados amarelos, mesmo que este grupo represente 0,4% da população, evidencia uma falta de diversidade total na liderança política do estado.
Esses dados, provenientes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do IBGE, desenham um quadro de disparidade racial que exige atenção. A sobrerrepresentação de grupos minoritários como os brancos e a sub-representação de grupos majoritários como os pardos apontam para a necessidade urgente de políticas públicas e iniciativas que promovam uma maior inclusão e equidade racial.