Correio de Carajás

Prefeito marcado

O prefeito de Novo Repartimento, Deusivaldo Silva Pimentel, está com as barbas de molho. Jurado de morte, não quer que se repita com ele o ocorrido com os prefeitos de Goianésia, Breu Branco e Tucuruí: os três, mortos por pistoleiros. Quando vai à zona rural do município, sai num comboio de seis, sete caminhonetes de secretários e vereadores. E no trajeto vai trocando de veículo para confundir possível inimigo à espreita. Pimentel ri e faz graça da situação, segundo matéria da revista “Época”.

Dublê ou barba

Um dos assessores diz que Pimentel deveria contratar um dublê para andar por Novo Repartimento ou pela Transamazônica. Um vereador emenda e brinca: deveria baixar um decreto-lei obrigando todo mundo a ficar de barba, igual a ele. Tudo para evitar ser morto por inimigos. Brincadeiras à parte, o prefeito, desde que assumiu o cargo, não sabe o que é ficar sozinho. Nem o que é ter paz.

Leia mais:

Na raiz, corrupção

Segundo a revista, além dos três prefeitos assassinados, um secretário e um vereador da região sudeste paraense foram mortos nos últimos dois anos. No início, a polícia trabalhou com a hipótese da existência de um consórcio de matadores a serviço de outros políticos. Afinal, a pistolagem sempre foi comum no Pará. Mas a causa era outra: a corrupção. Tucuruí, Breu Branco e Novo Repartimento têm um fator comum que desperta cobiça pela cadeira de prefeito e atiça ataques ao dinheiro público.

Royalties e cobiça

 

Numa região marcada pela pobreza, os 3 municípios são agraciados com royalties da hidrelétrica de Tucuruí, a segunda maior do Brasil. O repasse depende de duas variáveis: a área alagada de cada município durante a construção da usina; e a geração anual de energia, que muda conforme o volume das chuvas. O valor vai de R$ 3,8 milhões a R$ 23,1 milhões por ano – e, em alguns casos, representa cerca de um sexto do orçamento da prefeitura. “

Verba livre e solta

“São municípios estratégicos do ponto de vista arrecadatório”, afirma Francisco Charles Teixeira, promotor que investigou dois dos assassinatos. “E a verba dos royalties, por lei, não é vinculada a nenhum fundo, pode ser gasta livremente pelos prefeitos”, diz. A disputa pelo acesso corrupto a esse dinheiro e a abundância de pistoleiros levaram aos três assassinatos dos prefeitos. Com o maior assentamento agrário da América Latina, numa região conhecida pela pistolagem, Novo Repartimento respira medo.

Promotor armado

A morte se tornou tão banal que, até pouco tempo atrás, assassinos de aluguel disputavam quem matava mais. A prática do acerto de contas à bala está enraizada. O próprio promotor Francisco Teixeira trabalha com uma pistola na cintura. “Aqui tem de andar assim”, declarou. O patrulhamento na cidade é ostensivo. Minutos depois de repórteres da revista chegarem a Repartimento numa caminhonete branca alugada, uma viatura da Polícia Militar veio em seu encalço e mandou-a encostar.

Falsa grávida

Três policiais desceram com fuzis em posição de tiro. Um veículo igual era suspeito de envolvimento num plano de assalto a banco interceptado pela inteligência da PM. Os agentes estavam cuidadosos porque dias antes, ao abordar suspeitos, um sargento morreu atingido por tiros disparados por uma mulher com falsa barriga de grávida numa abordagem semelhante.

_____________________BASTIDORES____________________________

 

* A segurança pública virou brinquedo nas mãos do governador Simão Jatene. Ele resistiu o quanto pôde para demitir o general Jeannott Jansen do cargo. Mas, quando demitiu, trouxe de volta quem havia demitido do cargo; o agora ex-secretário da Semas, Luiz Fernandes.

* Para quem não se liga em números, mas apenas vive o medo de sair às ruas e não voltar com vida, Luiz Fernandes deixou a Secretaria de Segurança no segundo governo de Jatene com índices elevados de violência e mortes por todo o Estado.

* A gestão de Fernandes foi pífia, mas agora ele volta, anunciado como a salvação da lavoura de um governo moribundo e incapaz de reduzir os altíssimos índices de criminalidade. Trocar Jansen por Fernandes , como antes havia trocado Fernandes por Jansen -, é como trocar seis por meia dúzia.

* A Vale volta a comemorar seus índices de sucesso econômico e exportação de minérios. Enquanto isto, no entorno dessas minas, a violência explode até nas pequenas cidades.

* Questionar a Vale sobre isso é perda de tempo: ela foge do assunto. E diz que violência é problema do Estado. No caso do Pará, onde a Vale abriga seus maiores projetos minerais, o governo fica com o ônus.

* O bônus, como se sabe, fica com as mineradoras, que ainda usufruem da renúncia fiscal no pagamento de impostos. Tudo em nome do “progresso” e “desenvolvimento” de regiões atrasadas.

* É assim que a banda do conformismo toca por aqui

O prefeito de Novo Repartimento, Deusivaldo Silva Pimentel, está com as barbas de molho. Jurado de morte, não quer que se repita com ele o ocorrido com os prefeitos de Goianésia, Breu Branco e Tucuruí: os três, mortos por pistoleiros. Quando vai à zona rural do município, sai num comboio de seis, sete caminhonetes de secretários e vereadores. E no trajeto vai trocando de veículo para confundir possível inimigo à espreita. Pimentel ri e faz graça da situação, segundo matéria da revista “Época”.

Dublê ou barba

Um dos assessores diz que Pimentel deveria contratar um dublê para andar por Novo Repartimento ou pela Transamazônica. Um vereador emenda e brinca: deveria baixar um decreto-lei obrigando todo mundo a ficar de barba, igual a ele. Tudo para evitar ser morto por inimigos. Brincadeiras à parte, o prefeito, desde que assumiu o cargo, não sabe o que é ficar sozinho. Nem o que é ter paz.

Na raiz, corrupção

Segundo a revista, além dos três prefeitos assassinados, um secretário e um vereador da região sudeste paraense foram mortos nos últimos dois anos. No início, a polícia trabalhou com a hipótese da existência de um consórcio de matadores a serviço de outros políticos. Afinal, a pistolagem sempre foi comum no Pará. Mas a causa era outra: a corrupção. Tucuruí, Breu Branco e Novo Repartimento têm um fator comum que desperta cobiça pela cadeira de prefeito e atiça ataques ao dinheiro público.

Royalties e cobiça

 

Numa região marcada pela pobreza, os 3 municípios são agraciados com royalties da hidrelétrica de Tucuruí, a segunda maior do Brasil. O repasse depende de duas variáveis: a área alagada de cada município durante a construção da usina; e a geração anual de energia, que muda conforme o volume das chuvas. O valor vai de R$ 3,8 milhões a R$ 23,1 milhões por ano – e, em alguns casos, representa cerca de um sexto do orçamento da prefeitura. “

Verba livre e solta

“São municípios estratégicos do ponto de vista arrecadatório”, afirma Francisco Charles Teixeira, promotor que investigou dois dos assassinatos. “E a verba dos royalties, por lei, não é vinculada a nenhum fundo, pode ser gasta livremente pelos prefeitos”, diz. A disputa pelo acesso corrupto a esse dinheiro e a abundância de pistoleiros levaram aos três assassinatos dos prefeitos. Com o maior assentamento agrário da América Latina, numa região conhecida pela pistolagem, Novo Repartimento respira medo.

Promotor armado

A morte se tornou tão banal que, até pouco tempo atrás, assassinos de aluguel disputavam quem matava mais. A prática do acerto de contas à bala está enraizada. O próprio promotor Francisco Teixeira trabalha com uma pistola na cintura. “Aqui tem de andar assim”, declarou. O patrulhamento na cidade é ostensivo. Minutos depois de repórteres da revista chegarem a Repartimento numa caminhonete branca alugada, uma viatura da Polícia Militar veio em seu encalço e mandou-a encostar.

Falsa grávida

Três policiais desceram com fuzis em posição de tiro. Um veículo igual era suspeito de envolvimento num plano de assalto a banco interceptado pela inteligência da PM. Os agentes estavam cuidadosos porque dias antes, ao abordar suspeitos, um sargento morreu atingido por tiros disparados por uma mulher com falsa barriga de grávida numa abordagem semelhante.

_____________________BASTIDORES____________________________

 

* A segurança pública virou brinquedo nas mãos do governador Simão Jatene. Ele resistiu o quanto pôde para demitir o general Jeannott Jansen do cargo. Mas, quando demitiu, trouxe de volta quem havia demitido do cargo; o agora ex-secretário da Semas, Luiz Fernandes.

* Para quem não se liga em números, mas apenas vive o medo de sair às ruas e não voltar com vida, Luiz Fernandes deixou a Secretaria de Segurança no segundo governo de Jatene com índices elevados de violência e mortes por todo o Estado.

* A gestão de Fernandes foi pífia, mas agora ele volta, anunciado como a salvação da lavoura de um governo moribundo e incapaz de reduzir os altíssimos índices de criminalidade. Trocar Jansen por Fernandes , como antes havia trocado Fernandes por Jansen -, é como trocar seis por meia dúzia.

* A Vale volta a comemorar seus índices de sucesso econômico e exportação de minérios. Enquanto isto, no entorno dessas minas, a violência explode até nas pequenas cidades.

* Questionar a Vale sobre isso é perda de tempo: ela foge do assunto. E diz que violência é problema do Estado. No caso do Pará, onde a Vale abriga seus maiores projetos minerais, o governo fica com o ônus.

* O bônus, como se sabe, fica com as mineradoras, que ainda usufruem da renúncia fiscal no pagamento de impostos. Tudo em nome do “progresso” e “desenvolvimento” de regiões atrasadas.

* É assim que a banda do conformismo toca por aqui