📅 Publicado em 11/11/2025 17h44
No segundo dia de programação da Green Zone, no painel do Ministério Público Federal (MPF), realizado na manhã desta terça-feira (11), o debate contou com a presença do líder indígena Cacique Raoni Metuktire, referência do povo Kayapó e ativista ambiental. Também participaram representantes do MPF, da Procuradoria-Geral do Pará, jornalistas e pesquisadores e outras lideranças, que discutiram um dos temas considerados mais importantes da COP30, a exploração de petróleo e gás na Foz do Amazonas.
O debate teve início com uma fala que relembrou a COP21, onde foi celebrado o Acordo de Paris. Naquele evento paralelo à Conferência das Partes, Raoni afirmou que as mudanças climáticas estavam afetando de forma direta os indígenas, mais iria afetar ainda mais o homem branco. Passados dez anos, a fala do cacique é lembrada como um prenúncio ignorado do que já começa a atingir o planeta.
Reconhecido como liderança política e religiosa, Raoni diz, em sua fala inicial, que sempre lutou em defesa de todos e contra o desmatamento. “Eu estou sabendo que querem perfurar petróleo. Não podemos permitir que isso aconteça”, pede.
Leia mais:Em sua língua originária, o cacique demonstrou indignação e ressaltou ser contra guerras, conflitos, a poluição dos rios e o desmatamento. Segundo ele, se as agressões continuarem, “algo muito ruim pode acontecer com todos”.
Para o líder, é preciso ter consciência e preservar as florestas que restam, pois as próximas gerações também precisarão de ar para respirar. Ao evidenciar que está mais cansado e envelhecido, ele reforça que a sociedade precisa de paz, união e posicionamento diante do que ameaça a vida. Segundo o cacique, é preciso lutar juntos. “Precisamos preservar a floresta, cuidar da nossa terra. Precisamos garantir uma temperatura ideal para viver”, diz Raoni.
O líder indígena também enfatizou que as comunidades tradicionais necessitam de atividades econômicas sustentáveis em suas terras, porque o desmatamento está acabando com animais e peixes. Há, segundo ele, necessidade de apoio para fortalecer o trabalho nas aldeias.
A EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO
O debate sobre a exploração de petróleo e gás na Foz do Amazonas envolve argumentos complexos sobre desenvolvimento econômico, segurança energética e riscos ambientais. A atividade pode gerar efeitos positivos na economia, mas também traz impactos ambientais significativos.
A discussão ganha ainda mais destaque após a autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) para que a Petrobras perfure um poço exploratório na região. A decisão levanta questionamentos sobre os prós e contras da atividade.
O MPF acompanha o tema e tem buscado ouvir as vozes das populações diretamente afetadas, que vivenciam o risco da destruição em seus territórios.
O debate dá voz aos indígenas, que enxergam a proposta como uma ameaça à vida nas aldeias e à conexão histórica dos povos originários com seus territórios. Segundo eles, a liberação do Ibama para a perfuração do poço demonstra um apagamento daqueles que vivem no ambiente que será mais afetado.

