Correio de Carajás

Portuguesa radicada no Pará inspira vítimas de câncer de mama

Maria Fernanda Pereira, a portuguesa de 61 anos que elegeu o município de Santarém para chamar de lar relatou ao Correio de Carajás, nesta semana, uma história emocionante. Após cinco cirurgias na mama, 52 quimioterapias e 36 radioterapias ela venceu um câncer. Agora se dedica a dividir a experiência com outras mulheres em palestras.
Fernanda costumava passar por checkup anualmente, mas em maio de 2013, durante um autoexame, sentiu um nódulo. Afirma não ter se preocupado na hora, mas ao mostrar para as filhas Giovana e Brenda, ambas sugeriram a procura de um médico.
Como o nódulo não aparecia nos exames dos anos anteriores, a médica receitou uma medicação oral, suspensa no mês seguinte, junho, quando Fernanda sofreu princípio de um infarto. Ela passou a se recuperar, mas em uma manhã de setembro levou o maior susto da vida. “Acordei sem o bico do seio esquerdo”.
O bico havia se retraído. Uma biópsia comprovou o que ela tanto temia: era um câncer maligno. Maria Fernanda teve toda a mama esquerda retirada. Depois disso, passou por cirurgia para colocar uma prótese e outras três por ter havido rejeição da prótese.
“Eu chorei por vinte e quatro horas. Ninguém aguenta receber um diagnóstico de câncer maligno, que transforma a sua vida de uma maneira que você se pergunta o que fará dali em diante”, relembra, acrescentando que só lembra de ter sentido dor igual nas mortes de dois filhos.
Mas a portuguesa de alma paraense enxugou as lágrimas, decidindo encarar o câncer e profetizando que a fé inabalável iria curá-la.
Decidiu, então, iniciar o tratamento e da memória ainda não foi apagado o dia da primeira quimioterapia, 8 de janeiro de 2014, depois repetida consecutivas vezes até dezembro de 2016. Com o tratamento os fios de cabelo começaram a cair e ela passou dois anos e meio careca.
Durante a jornada de cura, engordou 25 quilos. “Mas nada do que perdi é melhor do que esta mulher que me tornei hoje, me acho linda, me acho cem por cento”, celebra. As dores do tratamento não diminuíram a força guerreira da mulher que aprendeu a desenhar com lápis a sobrancelha e começou a ensinar outras mulheres que também passavam pelo mesmo tratamento.
Apesar de sempre manter o sorriso no rosto e a gratidão pela vida, teve momentos que Fernanda não quis se ver no espelho, pois o seio representava para ela a feminilidade. Hoje acredita que ser feminina vai muito além de uma parte do corpo, está na maneira de ser.
As consultas de rotina permanecem. O recado que a vencedora divide com quem possa ler a história dela é de que o câncer não é a morte e que é nesses momentos que se conhece a família e os amigos que se possui. Com alegria, ela se recorda da neta que veste o lenço na cabeça para ficar igual a avó.

Luto

Leia mais:

Maria Fernanda se casou com um paraense de Santarém, com quem teve quatro filhos, dois homens e duas mulheres. Os dois homens faleceram. O primeiro há 39 anos, com 45 dias de nascido. O segundo morreu aos 24 anos de idade em um acidente de carro, no dia em que Maria Fernanda completou 50 anos. O casamento também teve um ponto final com o divórcio e ela decidiu seguir brindando a vida na própria companhia. (Theíza Cristhine)