Presentear é uma forma de expressar valores morais em diversas religiões/Foto: Getty images
Você já planejou todos os seus presentes de Natal? Se você for como eu, pode estar esperando até o último minuto. Mas não importa se todos os presentes já estão embrulhados ou se você vai comprar na véspera de Natal — dar presentes é uma característica curiosa, mas central, do ser humano.
Enquanto pesquisava para o meu novo livro, So Much Stuff (“Tanta coisa”, em tradução livre), sobre como a humanidade passou a depender de ferramentas e tecnologia ao longo dos últimos 3 milhões de anos, fiquei fascinado pelo ato de dar coisas. Por que as pessoas simplesmente entregariam algo precioso ou valioso quando elas mesmas poderiam usar isso?
Para mim, como antropólogo, esta é uma questão especialmente poderosa porque dar presentes provavelmente tem raízes antigas. E os presentes podem ser encontrados em todas as culturas conhecidas ao redor do mundo.
Sem dúvida, os presentes servem a muitos propósitos. Alguns psicólogos observaram um “brilho no olhar” — um prazer intrínseco — associado ao ato de dar presentes.
Os teólogos notaram como presentear é uma forma de expressar valores morais — como amor, bondade e gratidão — no catolicismo, no budismo e no islamismo.
E filósofos que vão de Sêneca a Friedrich Nietzsche consideravam presentear como a melhor demonstração de altruísmo.
Não é de admirar que os presentes sejam uma parte central do Hannukah, do Natal, do Kwanzaa e de outros feriados de fim de ano – e que algumas pessoas possam até ficar tentadas a considerar a Black Friday, o dia das ofertas da época de compras de fim de ano, como um feriado em si.
Mas de todas as explicações sobre a razão pela qual as pessoas dão presentes, a que considero mais convincente foi dada em 1925 por um antropólogo francês chamado Marcel Mauss.