Correio de Carajás

Por precaução, Dnit desvia caminhões de ponte em Marabá

Eles serão direcionados à ponte mais antiga por pelo menos 15 dias para análise na estrutura da ponte construída na gestão de Maurino Magalhães

Caminhões são desviados para a ponte antiga enquanto equipe técnica aprofunda estudos estruturais Foto: Evangelista Rocha
Por: Milla Andrade
✏️ Atualizado em 20/11/2025 09h57

O Correio de Carajás esteve nesta quarta-feira (19) na sede do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), na Cidade Nova, em Marabá, para apurar detalhes sobre o serviço de reestruturação que passa a ser aplicado na ponte sobre o Rio Itacaiunas inaugurada na gestão de Maurino Magalhães, em 2011.

Conforme apurado pela equipe, a intervenção tem caráter preventivo e ocorre após a constatação de que a flexão (movimento natural de curvatura da estrutura, avançou para um nível que exige atenção técnica especial). A deformação é normal e prevista no projeto, desde que fique dentro dos limites seguros definidos pelos engenheiros.

A ponte é monitorada pelo DNIT desde 2017, ano em que o Correio de Carajás publicou, com exclusividade, reportagem alertando sobre um afundamento perceptível no trecho central, que apresentava uma leve depressão na pista de rolamento. Na ocasião, também foi registrada, na parte inferior, uma rachadura que atravessava a largura total da estrutura.

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Segundo o analista de infraestrutura do Dnit, Jairo de Jesus Rabelo, essa trinca foi posteriormente descartada por especialistas de Brasília e identificada como apenas uma junta de concretagem, mas a flexão permaneceu sob vigilância contínua. “Nós viemos naquela ocasião com uma equipe técnica de Brasília, que cuida de obras especiais, e eles verificaram que aquilo que chamavam de trinca era na verdade uma junta de concretagem, então o problema fora descartado”, explica.

O analista do Dnit, Jairo Rabelo, afirma que a nova estruturação faz parte de um trabalho de prevenção

Jairo afirma que o monitoramento nunca foi interrompido. “Aquela flecha havia, não era tão acentuada e nós continuamos com o acompanhamento que se faz em obras especiais quando há alguns indícios”, completa.

A partir do acompanhamento, foi notado que a flexa (curvatura) na estrutura continuou, com a observação, o nível agora requer uma atenção especial. Para seguir com as investigações, a equipe retirou testemunhos de concreto para análise e aguarda a chegada, na próxima semana, de um novo grupo técnico especializado em pontes.

Até que os estudos sejam concluídos, o DNIT optou por restringir o tráfego de veículos pesados na ponte nova. “Nós vamos restringir o peso sobre ela, direcionando os caminhões para a ponte velha. Ela vai funcionar em um sentido simples, de vai e vem. E vamos deixar a ponte nova, sentido crescente ao aeroporto, só para veículos leves, de até quatro toneladas”, detalha Jairo.

O desvio, iniciado nesta semana, deve durar ao menos 15 dias, período considerado necessário para que a equipe avance nas análises. A partir dos resultados, será definido se haverá reforço estrutural ou outras intervenções. “Esse desvio vai permanecer até que esses estudos sejam concluídos, ou caso, se precisar fazer alguma intervenção para reforços estruturais, ele continua um pouco mais”, diz o analista.

Ponte passa por restrições após avanço da flexão detectado pelo DNIT

A medida adotada no momento, é uma reestruturação da carga excessiva que passa pela ponte nova, transportando para a velha que funcionará de mão dupla. Após a investigação ser concluída o órgão decidirá se será mantida a nova reestruturação com uma nova adaptação e reforço estrutural.

A sinalização se inicia nas proximidades da Velha Marabá, uma estrutura central de concreto foi retirada para dar acesso aos caminhões. Placas educativas serão colocadas na via ainda na Avenida do semáforo da Folha 33, direcionando motoristas para a pista da esquerda antes da entrada da ponte. “Os caminhões já vão se direcionar para a pista da esquerda, e quando chegarem próximo à entrada da ponte, vão seguir para o sentido que agora também será mão crescente”, explica.

Enquanto isso, a ponte antiga voltará a operar como rota principal para veículos pesados, enquanto a ponte nova seguirá exclusiva para automóveis leves. Segundo Jairo, somente após a conclusão dos estudos será possível definir o tipo de intervenção e o prazo definitivo de restrição. A atuação conta com o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante a atividade.

CASO RECENTE

É importante lembrar que uma parte da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que conectava as cidades de Estreito no Maranhão e Aguiarnópolis, no Tocantins, pela BR-226, desabou em 22 de dezembro de 2024, provocando uma tragédia sobre o Rio Tocantins.

A catástrofe resultou na morte de 14 pessoas, enquanto outras três ficaram desaparecidas. No acidente, três caminhões e outros veículos caíram no rio, incluindo cargas como agrotóxicos e ácido sulfúrico, o que agravou ainda mais a situação.

De acordo com um laudo da Polícia Federal, reformas mal executadas e negligência podem ter contribuído para a queda da estrutura, que já ultrapassava seis décadas de uso. Após o incidente, a parte remanescente da ponte foi demolida e uma nova construção está em andamento, a previsão é que estrutura possua uma extensão de 630 metros, sendo 19 metros de largura, e um vão livre de 154 metros, com prazo de entrega até o final deste ano.