Correio de Carajás

Por falta de combustível, Parauapebas ficou sem transporte nesta segunda

O dia começou com os veículos parados no pátio da Cooperativa

Desde o dia 17 a Central das Cooperativas de Transportes não recebe o repasse público destinado ao abastecimento dos veículos

A população de Parauapebas foi surpreendida, na manhã desta segunda-feira (22), com a paralização do transporte público do município, que não teve condições de circular devido à falta de recursos para abastecer os veículos com diesel. A paralização foi realizada pelos trabalhadores da Central das Cooperativas de Transportes de Parauapebas (CENTRAL).

Francisco Brito, presidente da CENTRAL, conversou com a reportagem do Correio de Carajás e explicou os motivos da paralização das atividades, que já acumulam problemas há meses, até o ponto em que a situação ficou insustentável, de acordo com ele.

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O presidente começou afirmando que o problema mais urgente é a falta de recursos tanto para o pagamento dos salários dos funcionários, quanto para o combustível dos veículos que operam na Cooperativa. “Hoje o nosso carro chefe – os pagantes – aderiram a outras modalidades de transporte e o nosso público maior são os usuários com direito à gratuidade, que é subsidiada pela Prefeitura Municipal de Parauapebas (PMP), além das empresas de vale-transporte”, explicou Francisco.

Neste sentido, diz, os recursos atuais, principalmente os coletados aos finais de semana, não é suficiente. “Em média, de segunda a sexta, as empresas arrecadam diariamente cerca de R$ 5 mil a R$ 6 mil dos usuários pagantes – chamados de ‘picadinhos’ – em todos os micro-ônibus da Cooperativa”. Contudo, só o gasto em combustível, de R$ 12 mil no mesmo período. Já os recursos captados a partir das empresas giram em torno de R$ 200 mil.

Além disso, a Prefeitura de Parauapebas repassa R$ 5 mil por dia para o gasto em combustível, mas o valor não é suficiente. Para piorar, desde a última quarta-feira, dia 17, o repasse foi interrompido, o que tornou inviável a circulação dos veículos nesta segunda-feira.

Francisco afirmou que a CENTRAL também não tem recursos para realizar a manutenção, nem para o pagamento dos salários dos trabalhadores, que já estão sem receber há quatro meses. Os únicos recursos que chegam vinham sendo utilizados com o combustível.

Ele também destacou que a cooperativa não teria condições de operar sem o suporte da Prefeitura, que também contribui com o repasse de cestas básicas aos funcionários. Ainda assim, as condições de trabalho se tornaram insustentáveis.

O problema se arrasta há anos, mas piorou com a maior circulação de veículos de aplicativo na cidade, que acabam sendo a primeira opção ao consumidor, mesmo sendo mais caro na maioria das vezes.

Francisco Brito e Denis Assunção conversaram com a reportagem

VOZ DA PREFEITURA

A reportagem também conversou com Denis Assunção, que está à frente da Secretaria Municipal de Segurança Institucional e Defesa do Cidadão (SEMSI), e explicou o papel da Prefeitura de Parauapebas na situação do transporte público.

O secretário começou afirmando que o problema do transporte vem de administrações anteriores, que não souberam pensar em problemas a longo prazo na manutenção do serviço na cidade. “Lá atrás, quando os micro-ônibus foram repassados em parceria com a Prefeitura, não foi realizado um planejamento a longo prazo, principalmente considerando o vencimento desses veículos”.

Esse problema, diz, estaria sendo corrigido pela atual administração. “Hoje, enquanto Secretário de Segurança, nós iniciamos o Plano de Mobilidade Urbana, que tem algumas etapas: a que compete à Secretaria de Segurança é a licitação do transporte. Outras áreas, como a SEGOV, ficaram responsáveis pela construção dos Pontos de Integração”, afirmou Denis.

Conforme ele, 85 novos veículos – entre micro, médio e ônibus extensivos – devem ser adquiridos com o apoio do Governo Federal. A licitação, que antes seria utilizada para adquirir os veículos, deve englobar a parte de operação de transporte público. Para isso, o Governo Federal deverá fazer um repasse de R$ 45 milhões, enquanto a Prefeitura Municipal deve dar uma contrapartida de R$ 15 milhões. O secretário destacou que as negociações para renovação da frota já tiveram início e devem ser acompanhadas de mudanças em outras faces do transporte público da cidade, com mudança nas rotas dos veículos e a criação dos Pontos de Integração.

A prefeitura acredita que a combinação dessas mudanças deve incentivar os moradores da cidade a usar o transporte público, explicou o secretário, que reforçou a questão dos veículos de aplicativo, que dominam o transporte não apenas em Parauapebas, mas em uma crise que se estende por todo o território brasileiro.

Em nota, a Prefeitura de Parauapebas afirmou que a situação foi normalizada ainda na manhã desta segunda-feira e que o repasse do subsídio financeiro deve realizar uma prestação de contas mensal junto à SEMSI, que as cooperativas ainda não teriam realizado.

O posicionamento ressalta que em 2023 a prefeitura realizou processo licitatório para o transporte público, mas não houve empresas interessadas em concorrer à licitação. Assim, um novo processo licitatório para a operacionalização do transporte público em Parauapebas será aberto neste ano. (Clein Ferreira – com informações de Ronaldo Modesto)