Correio de Carajás

Populares protestam contra fim das buscas

Na tarde de ontem (29), amigos e familiares de Gilliard Reis Santos, que está desaparecido desde o dia 10 deste mês, fizeram protesto contra o fim das buscas anunciado oficialmente pelo Corpo de Bombeiros na semana passada. Na visão deles, o trabalho realizado até agora não foi suficiente. A versão dos manifestantes é bem diferente da que foi apresenta pelas autoridades, que reuniram a Imprensa no sábado (27) para falar sobre o assunto.

Autoridades envolvidas nas buscas explicaram o porquê de encerrar os trabalhos

No protesto desta segunda, quem conversou com a reportagem do Jornal CORREIO foi Neidiane Ribeiro dos Santos Reis, casada com Gilliard há 10 anos. Ela diz que só foram feitos cinco dias de buscas efetivas e com poucos homens. “Nosso clamor hoje é que sejam feitas buscas mais eficientes porque até agora não houve esse tipo de buscas… Eu preciso de uma resposta, eu preciso dele vivo ou pelo menos o corpo”, clamou, acrescentando que esses 20 dias têm sido de aflição e desespero, mas que a luta continua. “Nós não vamos desistir dele”.

Perguntada sobre o que teria levado o marido dela a se embrenhar no interior da Reserva Biológica do Tapirapé, em Marabá, perto da Vila Bandinha, depois da Vila União, ela contou que ele estava desempregado havia quase três anos e surgiu uma oportunidade de trabalhar em um garimpo naquela área. “Devido ao desespero, viu isso como um meio de resolver os problemas financeiros dele”, comentou.

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Também procurado pelo jornal, o delegado Élcio de Deus, da Polícia Civil, confirmou a abertura de um inquérito para investigar o caso e disse também que no decorrer desta semana as duas pessoas que estavam com Gilliard – identificadas apenas como Valdecy e Cândido – serão ouvidas formalmente, pois elas podem ser a chave para elucidar o estranho caso.

Segundo o delegado Élcio, a Polícia Civil tomou conhecimento do fato no dia 14, quando Boletim de Ocorrência Policial foi registrado. De lá para cá, a Polícia Judiciária vem atuando em parceria com o Corpo de Bombeiros e demais órgãos envolvidos nas buscas.

Ainda de acordo com o delegado, a Polícia Civil fez alguns levantamentos, colheu alguns materiais e foram feitos levantamentos prévios, recebendo inclusive demanda do delgado Vinícius Cardoso, diretor da 21ª Seccional, além de que o Núcleo de Apoio a Investigação também repassou várias informações. Durante esta semana, ele disse que vai ouvir também parte da equipe do Corpo de Bombeiros que participou das buscas.

Helicóptero do GRAESP foi uma das ferramentas empregadas nas buscas por Gilliard

GRANDE EFETIVO EMPREGADO

Por sua vez, o major o major Átila das Neves Portilho, comandante do 5º Grupamento Bombeiro Militar (GBM), disse que as buscas duraram 12 dias e contaram com ajuda de 10 homens do Corpo de Bombeiros, 40 soldados do Exército e cinco policiais do Grupamento Aéreo de Segurança Pública do Estado do Pará (Graesp), totalizando 55 agentes públicos, além de ter contado com o apoio da mineradora Vale. Até mesmo um cão farejador também foi empregado nas buscas.

De acordo com o major, diante de evidência alguma da presença ou da permanência de Gilliard no local, a não ser no acampamento onde ele estava alojado com mais duas pessoas, foi definido o encerramento das buscas. A decisão foi tomada em conjunto com os órgãos envolvidos na força-tarefa.

Até mesmo um cão farejador foi usado pelos bombeiros na mata fechada

Segundo o comandante, a primeira equipe andou dois dias na mata até chegar ao local do acampamento onde estavam Gilliard e os dois companheiros de viagem dele. Durante dois dias ininterruptos a equipe chefiada pelo sargento Aurino empreendeu novas buscas, mas nenhum vestígio foi encontrado. De todo modo, o oficial bombeiro disse que caso haja algum fato novo a instituição está a postos para retomar os trabalhos. (Chagas Filho com informações de Josseli Carvalho e Evangelista Rocha)