📅 Publicado em 22/07/2025 09h08✏️ Atualizado em 23/07/2025 08h35
Em nova abordagem sobre a “ponte que nunca termina”, como já virou anedota na boca do povo da região, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) põe a culpa, agora, nos processos de desapropriação. Do lado paraense, por exemplo, uma audiência de conciliação com os afetados está prevista para o início de agosto. Tal alegação, no entanto, não impediria que empreiteiras estivessem trabalhando a todo vapor na área já liberada de contestação, assim como no asfaltamento sobre a ponte já pronta.
A ponte rodoviária que conectará Xambioá, no Tocantins, a São Geraldo do Araguaia, no Pará, atravessa o sétimo ano desde o início do projeto sem data definitiva para inauguração.
O empreendimento, que integra a BR-153 e promete beneficiar mais de 1,5 milhão de pessoas, teve seu contrato inicial firmado durante a gestão Michel Temer, em 2017. Desde então, os custos escalaram significativamente. O orçamento original de R$ 132 milhões evoluiu para R$ 204,2 milhões apenas para a ponte, valor que não contempla os R$ 28,6 milhões necessários para a construção dos acessos.
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Atualmente, a imponente estrutura de 1.724 metros de extensão apresenta 95% de conclusão, criando um cenário paradoxal: uma ponte praticamente finalizada que não pode ser utilizada. A situação evidencia os desafios enfrentados por grandes projetos de infraestrutura no país, onde questões burocráticas e jurídicas frequentemente se sobrepõem ao cronograma técnico.
O Consórcio A. Gaspar/Arteleste/V. Garambone, responsável pela execução da parte de concreto, já levantou acampamento há mais de ano, deixando a fase final para outra empreiteira, que nunca operou com força total no canteiro montado em Xambioá. Neste momento, em visitas ao local, é possível perceber não mais que 10 operários, envolvidos na construção de um duto de escoamento de água com manilhas, onde passará um aterro.
Os acessos planejados contemplam uma extensão total de 2.010 metros, distribuídos em 310 metros no território paraense e 1.700 metros no tocantinense. O projeto prevê plataforma com 12 metros de largura, incluindo pista, acostamento e calçadas de 1,50 metro em cada lateral, além da implementação de vias marginais à rodovia principal.
Enquanto a população aguarda a conclusão da obra, a travessia do Rio Araguaia continua dependendo do sistema de balsas, operação que recentemente enfrentou complicações. Na segunda-feira passada (14), uma embarcação da empresa responsável pelo transporte colidiu com um dos pilares da ponte em construção, gerando transtornos adicionais para usuários da rota.
O incidente, causado por uma combinação de falha mecânica no rebocador e condições climáticas adversas, resultou na retirada temporária da balsa de operação por determinação da Capitania dos Portos. A situação agravou os congestionamentos nas cidades envolvidas, evidenciando a urgência da conclusão da ponte.
A estiagem que afeta a região tem contribuído para o estreitamento do canal de navegação próximo à estrutura, aumentando os desafios operacionais para as embarcações. Esse fator adicional reforça a importância estratégica da ponte como alternativa definitiva para a travessia.
A expectativa atual aponta para a entrega no segundo semestre de 2025, condicionada à resolução das questões fundiárias pendentes. O cronograma depende fundamentalmente do andamento das negociações de desapropriação no lado paraense, processo que envolve múltiplos proprietários e interesses diversos.

O que diz o DNIT
“O DNIT informa que a obra em questão se refere à ponte rodoviária sobre o Rio Araguaia, localizada na rodovia BR-153/PA/TO, entre as cidades de Xambioá/TO e São Geraldo/PA. Em 2023, o DNIT contratou os serviços de encabeçamento da ponte. Desde então, estão em curso os processos de desapropriação necessários, conduzidos por meio de conciliações judiciais.
As desapropriações no lado do estado do Tocantins foram concluídas no primeiro semestre de 2025. No lado do estado do Pará, as primeiras audiências de conciliação estão agendadas para os dias 6 e 7 de agosto deste ano.
O DNIT reforça que está empenhado na conclusão das obras e trabalha para garantir a funcionalidade da ponte ainda em 2025”.
O que diz a Pipes
“A PIPES, empresa responsável pela travessia de balsas, informa que, infelizmente, houve uma falha mecânica em uma de nossas embarcações. Segue o relato detalhado do ocorrido:
- Problema Técnico no Rebocador:
A correia do motor do rebocador rompeu, causando danos à hélice do radiador. Diante disso, a empresa imediatamente deslocou outro rebocador para realizar o socorro da embarcação.
- Incidente com a Balsa:
A balsa estava carregada com ônibus e caminhões. A altura dos caminhões, somada aos ventos fortes registrados no momento, acabou empurrando a balsa contra um dos pilares da ponte antes que o auxílio chegasse ao local.
- Impacto no Pilar da Ponte:
Após inspeções preliminares, foi constatado que não houve avarias no pilar da ponte, garantindo sua integridade estrutural. Ressaltamos, no entanto, que o canal de navegação, localizado próximo à ponte, é o único disponível e, devido à estiagem, está cada dia mais estreito, aumentando os desafios operacionais.
- Medidas Tomadas pelas Autoridades:
Em razão do ocorrido, o Capitão dos Portos de Palmas – TO determinou a retirada da embarcação de tráfego até a conclusão da perícia. Essa decisão gerou um congestionamento significativo nas cidades envolvidas, o que lamentamos profundamente.
Pedimos desculpas pelos transtornos causados e estamos empenhados em resolver a situação o mais breve possível, garantindo a continuidade dos serviços de travessia com a excelência que sempre buscamos”.
O que diz a Marinha
“A Marinha do Brasil (MB), por meio da Capitania Fluvial do Araguaia-Tocantins (CFAT), informa que tomou conhecimento, no dia 14 de julho, da colisão de uma balsa da empresa PIPES com a estrutura da ponte localizada na travessia Xambioá-TO / São Geraldo do Araguaia-PA, no rio Araguaia.
Diante do fato, a CFAT determinou o envio de uma equipe de peritos até o município de Xambioá, com a finalidade de realizar a perícia na embarcação e no local do ocorrido. O procedimento visa subsidiar a abertura de Inquérito Administrativo sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN), conforme previsto em Norma da Autoridade Marítima (NORMAM-302), que versa sobre o assunto.
A referida perícia visa colher as provas testemunhal, pericial e documental na busca da causa determinante e demais circunstâncias relacionadas ao evento. O Inquérito deverá ser concluído, por meio de relatório circunstanciado, no prazo máximo de noventa dias.
Ademais, ressalta-se que, até o presente momento, a referida balsa foi retirada de tráfego, devendo ser apresentado pela empresa proprietária da embarcação um Certificado de Segurança da Navegação (CSN) válido, a fim de comprovar a manutenção das boas condições de estanqueidade das estruturas e equipamentos.
A Marinha do Brasil reafirma seu compromisso com a Segurança da Navegação, a Salvaguarda da Vida Humana e a prevenção da poluição hídrica em águas sob jurisdição nacional. A MB permanece à disposição da sociedade por meio do Disque Emergências Marítimas e Fluviais no número 185”.