Durante uma operação policial com objetivo de investigar crimes diversos na zona rural de Marabá, como porte e posse ilegal de armas de fogo e munições, além de furto e roubo de gado, policiais civis flagraram um grupo de suspeitos nessas condições. Entre eles estava o policial militar identificado como Elias Pereira da Silva Júnior. O PM estava com outros dois elementos, em um carro e uma moto, carregando dois colonos, os quais estavam sendo torturados para que entregassem espingardas que tinham em casa. O policial e os comparsas dele foram autuados por extorsão, porte ilegal de armas e associação criminosa.
De acordo com o Boletim de Ocorrência Policial, a ação foi comandada pelo delegado Marcelo Delgado Dias, do Núcleo de Apoio à Investigação (NAI) e também participaram policiais da Delegacia de Conflitos Agrários (DECA) e PMs do Grupamento Tático Operacional (GTO), bem como policiais militares do Posto Destacado da Vila Sororó.
Durante a operação, as equipes se dividiram em duas frentes de ação, devido à grande extensão geográfica da área das abordagens, bem como de um grande número de pessoas que estavam na mira das investigações. Uma das equipes passou a empreender diligências na localidade conhecida como “Iraque” (que fica dentro de uma área ocupada na Fazenda Peruano).
Leia mais:Foi durante as diligências ali que os policiais avistaram um veículo do tipo sedan, marca GM, modelo Prisma. Dentro do carro estava o PM Silva Júnior, além do indivíduo identificado como Edson Paterna Rodrigues e sobre o poder destes estavam Luiz Pereira de Souza e Alberto Nélio Nunes dos Santos, enquanto o elemento Irisvan Lima da Silva pilotava a motocicleta pertencente a Luiz Pereira, acompanhando os outros dentro do Prisma.
Os policiais suspeitaram da ação das pessoas no carro, pois viram que Edson Paterna Rodrigues sacou de uma arma de fogo e tentou livrar-se dela jogando-a sobre o banco do motorista do carro. Diante disso, foi realizada abordagem tática onde a equipe de policiais civis e militares deu voz de comando para que deitassem ao chão, para fazer a revista.
Durante a abordagem aos suspeitos, viram que o PM Silva Júnior (que estava à paisana) levava consigo o colete com a brasão da Polícia Militar do Estado do Pará. E no colete foi encontrada uma pistola calibre 9mm, acompanhada de cinco munições 380 mm (que podem ser usadas nesse tipo de pistola).
Mas não é só isso, no bolso da calça do policial, havia outra pistola, da marca Taurus, 380mm, com registro, acompanhada de cinco munições calibre 380mm. Na revista do veículo Prisma, os policiais localizaram no porta-malas uma arma de fogo do tipo espingarda de calibre 12 com três munições do mesmo calibre com registro em nome do soldado Silva Júnior.
Mas o arsenal não acabava aí. Foi encontrada também uma pistola da marca Taurus modelo 638, calibre 380mm, com 10 munições do mesmo calibre, portada por Edson Paterna Rodrigues, o qual alegou possuir registro, mas não apresentou.
A parte mais tensa da missão se deu quando os policias perguntaram a Luiz Pereira e Alberto Nélio sobre o que e por que estavam sendo mantidos no interior do veículo pelos três acusados. Eles revelaram que estavam sendo mantidos presos, inclusive Alberto Nélio mantido algemado, sob coação, para entregarem armas de fogo que lhes acusavam possuir. Foi nessa hora que os policiais perceberam que o trio, formado por “Silva Júnior”, Edson e Irisvan, estava mantendo Luiz e Alberto presos, sem nenhuma justificativa.
Imediatamente, os policiais se dirigiram até a Vila “Iraque” na residência de Alberto, e lá localizaram uma espingarda calibre 20 (nº 4120) e um rifle da marca Rossi, calibre 38. Ainda em se tratando do veículo Prisma, os policiais constataram que o mesmo estava com placa “fria” (clonada), pois checaram através do número do chassi e descobriram que a placa verdadeira se refere ao veículo de placa QEK-0419, o qual consta como roubado no município de Santa Maria da Barreiras.
Ainda segundo o boletim policial, o soldado PM Silva Júnior já foi preso preventivamente no ano de 2015, em Parauapebas, por haver indícios suficientes de sua participação em um crime de homicídio ocorrido em Imperatriz (MA). Os policiais civis também suspeitaram que a documentação referente à espingarda calibre 12 encontra-se fora do padrão convencional.
Em relação a Irisvan Lima da Silva, os policiais descobriram que ele já foi preso diversas vezes, por vários crimes, como porte ilegal de arma de fogo, tráfico de drogas, corrupção ativa, corrupção de menor, associação criminosa, roubo, em Marabá, Curionópolis e Canaã dos Carajás.
Ao examinar as vítimas da extorsão, os policiais perceberam que Alberto Nélio tinha com marcas no pescoço que aparentam ser provenientes de esganadura e que segundo o próprio Alberto eles estavam sendo torturados pelo trio.
Vale dizer que Alberto Nélio, embora tenha sido vítima do policial e seus comparsas, não escapou de ser também autuado. Ele responderá pelo crime de porte ilegal de arma de fogo.
Saiba mais
O assassinato do qual o policial Silva Júnior é acusado aconteceu dia 2 de agosto de 2015 (domingo), em frente à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no Parque São José, na cidade de Imperatriz, no Maranhão, em plena luz do dia, e teve como vítima o ex-detento Ítalo Barros da Silva Gomes. Segundo informação do delegado Eduardo Galvão, na época do crime, o policial assassinou Ítalo Barros por vingança, já que a vítima era acusada de ter assassinado um sobrinho dele.
(Chagas Filho)
Fotos: Divulgação