Correio de Carajás

Policiais civis presos acusados de extorsão

Os investigadores da Polícia Civil Paulo Lisboa da Costa, Álvaro Afonso Lobato Martins e Aelson de Barros Garcia foram processados por extorsão na cidade de Itupiranga, a 50 km de Marabá, e estão presos. O trio é acusado de tomar dinheiro de uma traficante, de promotores de festas, de um dono de supermercado e também do proprietário de um depósito de bebidas naquela cidade. Os casos vêm sendo investigados desde 2018. Solicitada pelo Ministério Público, a prisão foi decretada na semana passada.

O procedimento investigativo criminal contra os três investigadores foi instaurado pelo promotor de Justiça de Itupiranga, Arlindo Jorge Cabral Júnior. Segundo as informações que o que o jornal conseguiu levantar sobre o caso, os três policiais agem em várias frentes criminosas, às vezes juntos, às vezes separados, mas sempre atuando da mesma forma: extorquindo.

Por parte da Polícia Civil, o inquérito é conduzido pela Delegacia de Crimes Funcionais (Decrif), que realizou a prisão dos investigadores. De acordo com a Assessoria de Comunicação da Polícia Civil, os três investigadores estão recolhidos no Presídio Coronel Anastácio, no Complexo Penitenciário de Santa Izabel do Pará, em cumprimento à determinação Judicial.

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ARREGO DO TRÁFICO

Conforme o que foi apurado pela reportagem, entre as vítimas dos policiais Lisboa e Aelson, o “Índio”, estaria uma traficante, a qual disse em depoimento que vinha repassando valores aos investigadores para não ser presa. Mas como o dinheiro da droga estava dando apenas para pagar a propina ela resolveu “desabafar” e acabou contando ao Ministério Público o que estava acontecendo.

Inclusive, essa mulher diz ter sido ameaçada pelos investigadores dentro da delegacia, o que a fez procurar o Ministério Público e pedir proteção para ela e para sua família, pois temia que algo lhe acontecesse. Aliás, ela se mudou da área urbana de Itupiranga após a denúncia.

LICENÇAS PARA FESTA

Mas não é só isso: dois promotores de festa disseram ter sido procurados por Aelson que teria lhes cobrado valores para que eles pudessem realizar seus eventos. Ocorre que em alguns momentos esses donos de casas noturnas também eram cobrados, de forma legal, pelo delegado do município.

Temendo entrar em algum conflito, acabavam pagando a licença duas vezes: uma para o Estado (legal) e outra para os investigadores (de forma ilegal).

Segundo um dos denunciantes, o investigador chegou a usar o nome da então delegada do município no momento em que ia cobrar propina do dono da festa, alegando que a delegada estaria dentro da viatura policial esperando o dinheiro, mas depois a vítima da extorsão descobriu que a delegada nem estava em Itupiranga naquela noite e não sabia de nada sobre a cobrança da propina.

SUPERMERCADO

Outra vítima é o dono de um supermercado em Itupiranga, o qual disse ter sido procurado especificamente pelo investigador Aelson, o “Índio”, o qual lhe acuspu de ter comprado uma arma de fogo ilegal das mãos de um policial militar e, por isso, iria não apenas prendê-lo, mas também humilha-lo publicamente, algemando-o na frente de seus pais.

Ainda conforme o que foi apurado até o momento, o policial pediu R$ 5 mil para deixar o dono do supermercado em paz. Ele teria dado apenas R$ 1 mil, de modo que o investigador prometeu lhe procurar na mesma semana para pegar o restante do dinheiro. Mas, de depois aconselhado por um amigo, o comerciante foi até o policial militar citado pelo investigador, e o PM lhe aconselhou a não dar mais nem um tostão para a Aelson e a denuncia-lo.

Ele não chegou a denunciar o investigador naquele momento, mas não entrou mais em contato com ele, sendo procurado por Aelson somente um mês depois do ocorrido. Segundo a vítima, o investigador entrou em seu supermercado lhe chamando de amigo e, dentro do escritório, lhe devolveu os R$ 1 mil e lhe agradeceu por ele ter lhe “emprestado” o dinheiro, o que soou estranho para o comerciante.

CIGARROS

O nome do investigador Álvaro só vai aparecer quando de uma denúncia de extorsão ao dono de um depósito de bebida e de cigarros. Nesse caso, os três atuam juntos, segundo o que a reportagem conseguiu levantar.

Segundo a vítima, o próprio investigador Álvaro é acusado de cobrar propina de R$ 2 mil para não prendê-lo por supostamente vender cigarros falsificados. O dono do depósito disse ter dado R$ 1mil aos policiais, divididos em duas vezes de R$ 500. (Da Redação)

SAIBA MAIS

Ainda não foi possível contato com os advogados dos investigadores para ouvir a versão deles sobre as graves acusações que pesam contra os três.