Dois dias após o Jornal Correio divulgar as mortes de Arleis Pereira de Sousa, de 31 anos, e Paulo de Tássio da Silva Mendes, de 36 anos, cujos corpos foram removidos pelo Instituto Médico Legal (IML) de Marabá, com marcas de tiros e carbonizados, começou a circular nesta manhã um vídeo do fazendeiro conhecido como “Evandro Cegão”, de Marabá, falando do caso.
Ele afirma que o crime aconteceu em sua propriedade, na região conhecida como Plano Dourado, já próxima a São Félix do Xingu, sul do Pará. Diz, ainda, que um terceiro funcionário também teria sido baleado e estaria desaparecido na mata.
No vídeo, Evandro afirma estar indignado com o ocorrido e relata que na fazenda – que mede 70 alqueires – ocorreu ‘uma chacina’. “Mataram dois trabalhadores meus e balearam outro que ninguém encontrou dentro do mato”. Afirma, ainda, ter acionado forças policiais, mas ninguém compareceu ao local, culpando o “Direitos Humanos” pela ausência policial.
Leia mais:“A polícia não pode vir assim porque os direitos humanos tá em cima, se encontrarem sem terras aqui, bandidos, ladrões, os que apoiam eles também, MST, esse povo bandido, não vou falar o nome do partido deles, que fez esse MST, que criou esses bandidos, ladrões”, declarou, referindo-se ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Ele falou, ainda, sobre o fato dos corpos terem sido carbonizados. “Queimaram o corpo, como eu vou entregar ele pra família? Como vai ter o velório agora? Pra que queimar o cara?”. O crime aconteceu no último sábado, dia 25. No vídeo gravado pelo fazendeiro não fica claro em que circunstâncias ocorreu o ataque ou se há registro de ocupação da propriedade por algum movimento social.
Na última segunda-feira, dia 27, a Reportagem do Correio procurou o delegado Ivan Pinto da Silva, do Departamento de Homicídios da Polícia Civil em Marabá, para questionar informações sobre a presença dos corpos no IML da cidade. De Belém, onde estava participando de um treinamento, o delegado informou que o brutal assassinato ocorreu em uma fazenda ocupada.
Hoje, quinta, dia 30, a Reportagem procurou a assessoria de comunicação da Polícia Civil para questionar sobre a situação e esta solicitou um prazo para se pronunciar. O Portal Correio de Carajás também tenta contato com lideranças do MST, movimento citado pelo proprietário rural. (Luciana Marschall)