Uma operação policial realizada na manhã de hoje, sexta-feira (14), revelou um esquema criminoso envolvendo fraudes bancárias praticada por pessoas em Marabá, Parauapebas e em Belém. Em Marabá, os alvos da operação foram localizados nos bairros Filadélfia, Novo Horizonte e no núcleo da Cidade Nova. O prejuízo foi de cerca de R$ 677 mil. O principal alvo da operação residia em Imperatriz, no Maranhão, mas se mudou para Marabá.
Os policiais se dividiram nas três cidades para cumprir mandados de prisão temporária e de busca e apreensão contra investigados pela realização de operações financeiras fraudulentas.
Em entrevista ao CORREIO, o delegado Tobias Rodrigues, da Divisão de Combate a Crimes Econômicos e Patrimoniais Praticados por Meio Cibernético (DCCEP), revelou o perfil dos detidos, que inclui, principalmente, pessoas que cederam suas contas bancárias para serem utilizadas no esquema fraudulento. “Eles sabiam do envolvimento e que o dinheiro era de fraude”, garante o delegado.
Leia mais:Ainda segundo ele, os indivíduos eram remunerados por essa prática, mesmo cientes de que o dinheiro movimentado era proveniente de atividades ilícitas.
“As nossas investigações iniciaram mediante 17 reclamações de contestação de operações financeiras. Os suspeitos atuavam na região de Belém, Marabá, Parauapebas e São Domingos do Araguaia, onde os mandados judiciais foram cumpridos. Ao todo, conseguimos prender 14 pessoas e apreendemos aparelhos celulares, máquinas de cartão e cartões de crédito”, explicou o titular da DCCEP, delegado João Amorim, coordenador da operação.
“LÍDER” PRESO EM MARABÁ
Entre os alvos da operação, foi destacado um indivíduo morador de Marabá com papel crucial no grupo criminoso. “Era o que cooptava, era o elo entre as pessoas que cediam as contas e os hackers, responsáveis por invadir essas contas”, revelou o delegado em entrevista.
Nenhum hacker foi preso na operação. Segundo Tobias, todos são do município de Imperatriz, no Maranhão.
Além dos cedentes de contas, foi identificada a participação de uma pessoa responsável por facilitar a compra de mercadorias com o dinheiro obtido de forma fraudulenta. As compras eram pulverizadas em supermercados para dificultar o rastreamento dos valores.
A operação contou com cerca de 60 policiais, incluindo agentes da região metropolitana de Belém, Marabá e cidades próximas como Pau D’Arco, Redenção e São Domingos do Araguaia.

CONEXÕES CRIMINOSAS E ATUAÇÃO INTERESTADUAL
As investigações apontam que um dos hackers do grupo, possivelmente, teria sido preso no ano passado pela Polícia Civil do Ceará em uma operação anterior. Esse criminoso, considerado perigoso, tem ligações com uma facção criminosa que atua na região Nordeste. “Estamos tentando confirmar”, explica Tobias.
Como revelado pelo delegado à reportagem, embora a maioria dos envolvidos não tenha reincidido em crimes desde 2021, o indivíduo que atuava como elo do esquema continuou as atividades criminosas. “Na época da participação dele na fraude que é objeto da investigação, ele residia em Imperatriz; posteriormente, veio para Marabá e continuou praticando (o mesmo crime)”, compartilha.
PREJUÍZO E FORMA DE ATUAÇÃO
Ainda segundo o delegado, o prejuízo das 17 contas que foram alvo dos ataques foi em torno de R$ 677 mil, pulverizados em compras em Marabá e Parauapebas. A empreitada criminosa foi identificada entre os períodos de 2019 a 2021. “Recolhemos bastante material eletrônico e, também, cartões e celulares”, detalha Tobias.

ENVOLVIMENTO POLÍTICO
Questionado pela reportagem sobre a possível participação de um vereador de Parauapebas, o delegado esclareceu que essa informação não foi confirmada. “A informação que temos é que ele não seria vereador, mas teria envolvimento político. Ele foi candidato recentemente, mas isso não foi o foco principal da operação”, afirma o investigador.
A pessoa em questão, presa em Parauapebas, seria Wallison Luz Cruz, o Lalá do Povo, candidato a vereador por aquele município em 2024 pelo PSDB.
(Ulisses Pompeu e Milla Andrade)