Correio de Carajás

Polícia investiga crime na feirinha da Folha 28, em Marabá

Amarildo estava em situação de rua, mas era muito conhecido na Folha 28

A versão apresentada por Lourival Nascimento Filho, para “justificar” o assassinato cometido contra Amarildo Souza Lima, de 37 anos, não convenceu a Polícia Civil de Marabá. O homicídio ocorreu na tarde de sábado (2), em plena feirinha da Folha 28, região central da Nova Marabá. O autor alegou que familiares seus estariam sendo ameaçados por Amarildo, a vítima. Mas as imagens feitas pela câmera de segurança que flagrou o assassinato integralmente podem lançar a versão por terra.

O assassinato de Amarildo, que foi filmado, aconteceu em plena feirinha

“Na verdade, da análise do vídeo não transparece isso, porque ele (autor do crime) conversa aparentemente cordialmente com a vítima, abraça a vítima numa situação de trazer tranquilidade, confiança ou até mesmo superioridade. Então, ele não se comportou como uma pessoa que estava sendo ameaçada”, relata o delegado Vinícius Cardoso das Neves, superintendente regional de Polícia Civil, em Marabá.

Ainda de acordo com o policial, outro aspecto importante é que o autor estava usando um veículo plotado com a logomarca da empresa em que ele trabalha quando cometeu o assassinato. Mais: fez tudo isso à luz do dia, na presença de várias pessoas, sem encobrir o próprio rosto. “Isso denota que talvez ele não tenha premeditado esse crime”, observa o delegado, ao afirmar: “A Polícia trabalha com o objetivo de elucidar a real motivação desse crime”.

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Delegado Vinícius Cardoso quer saber: “A real motivação desse crime”

A prisão

Lourival foi preso pouco tempo depois do assassinato, escondido em um hotel no Núcleo Morada Nova, por militares lotados no Posto Policial Destacado (PPD) da localidade que fica a pouco mais de 15 km do palco do crime.

Lourival, autor confesso, contou uma versão que não convenceu a polícia

Já a arma usada no crime foi encontrada em uma casa na Quadra 39 da Folha 6 (Nova Marabá). Trata-se de um revólver marca Taurus calibre 38, que estava com quatro balas intactas e uma deflagrada.

Durante a audiência de custódia, o juiz plantonista converteu o flagrante em prisão preventiva, em face da necessidade de garantir a ordem pública, a instrução criminal e a aplicação da lei penal.

O revólver calibre 38 estava com uma bala deflagrada e quatro intactas

O crime

As câmeras de segurança mostram o momento em que o autor do crime e a vítima estão caminhando em uma rua que fica ao lado da Igreja Católica Sagrado Coração, na Feirinha da Folha 28. A área é bastante movimentada, por ser região de comércio e bares, mas o local para onde Lourival levou Amarildo é um pouco menos movimentado. Ali, ele deu um único tiro e saiu caminhando a passos largos em direção à picape da empresa.

Rapidamente, após o estampido do tiro, dezenas de curiosos foram até o local e já se depararam com Amarildo caído ao solo, sem vida.

A vítima

Amarildo era morador antigo da Folha 28, assim como grande parte de sua família. Mas ele havia se entregado ao vício do álcool, há muitos anos, e passava o dia inteiro ingerindo bebida alcoólica nas proximidades de onde foi morto. O local é cercado de bares, onde os alcoólatras se reúnem. Muitos deles ficam bem na esquina da igreja, pertinho de onde tudo ocorreu.

Ele vivia de fazer pequenos “bicos”, ali mesmo na feira, para sobreviver e sustentar o vício, passando a ficar em situação de rua. Amarildo não tinha histórico de brigas, nem de violência. Mas, em 26 de outubro de 2020, ele foi preso junto com outras duas pessoas, sob acusação de terem matado José Edivan Amaral, de 59 anos, que também estava em situação de rua. O crime aconteceu bem perto da casa dos familiares de Amarildo, também na Folha 28.

Ele negou participação no crime e não ficou muito tempo preso. Inclusive, a reportagem deste CORREIO não encontrou, no site do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), nenhum registro de que Amarildo estaria respondendo por esse homicídio.

(Chagas Filho)