O médium João de Deus, preso e denunciado por crimes sexuais durante tratamentos espirituais, é ouvido nesta quarta-feira (9) pela Polícia Civil de Goiás. O depoimento, segundo comunicado da corporação, ocorre dentro do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital, onde o líder religioso está preso desde 16 de dezembro. O médium sempre negou as acusações de abuso.
Ainda conforme a nota, o depoimento faz parte do inquérito que investiga posse ilegal de armas, referente aos revólveres e pistolas encontrados na casa dele durante buscas. Esta é a segunda vez que o médium é ouvido pela polícia. Segundo a coporação, este inquérito deve ser finalizado nesta quarta-feira e remetido ao Judiciário.
A delegada Karla Fernandes, que coordena a força-tarefa, chegou por volta das 11h20 no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional. A corporação não divulgou detalhes o interrogatório.
Leia mais:João de Deus já teve prisão decretada por esse crime e, neste caso, a Justiça determinou prisão domiciliar. O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) recorreu desta decisão, e o Tribunal de Justiça ainda não havia decidido sobre o caso até às 10h40 desta quarta-feira.
Outra investigação em andamento pela força-tarefa é se João de Deus pode responder ainda pelo crime de estelionato, já que foram apreendidas supostas pedras preciosas em endereços ligados a ele.
“Ele usaria pedras não preciosas e venderia como se fossem. Então, havendo um laudo que diz que essas pedras não são preciosas, poderia configurar o estelionato identificando essas vítimas que adquiriram [as pedras]”, afirmou.
Em nota, a Polícia Civil informou que “a perícia em objetos apreendidos, como pedras preciosas e notebook ainda está sendo realizada” e que “o resultado dos laudos será determinante para os próximos passos nas investigações”.
Advogado do médium, Alberto Toron disse que desconhece queixas de que seu cliente “vendesse gato por lebre”. “As pedras a serem avaliadas podem não ser valiosas, mas isso não indica, automaticamente, a prática de estelionato”, completou.
O médium está preso desde o dia 16 de dezembro de 2018 no Núcleo de Custódia de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital. Ele foi denunciado pelo MP-GO no dia 28 de dezembro por quatro crimes que englobam fatos investigados pela Polícia Civil e pelo próprio MP: dois por violação sexual mediante fraude e dois por estupro de vulnerável.
Na segunda-feira (7), a defesa de João de Deus entrou com um recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ), contra a decisão monocrática do ministro Nefi Cordeiro de manter o médium preso. Advogado do investigado, Alberto Toron disse que entende que a decisão de negar o seguimento do habeas corpus “representa um equívoco”.
O médium tem ainda um habeas corpus tramitando no Supremo Tribunal Federal (STF), que não havia sido julgado até a manhã desta quarta-feira. A Procuradoria-Geral da República (PGR) se posicionou contra a concessão do habeas corpus dele em duas manifestações.
Situação atual
- Ministério Público Estadual de Goiás denunciou João de Deus por violação sexual mediante fraude e estupro de vulnerável no dia 28 de dezembro. Órgão também recorreu de decisão que determina prisão domiciliar de João de Deus por posse de arma, em 29 de dezembro;
- Médium está preso desde o dia 16 de dezembro;
- Ele é investigado por estupro, estupro de vulnerável, violação sexual mediante fraude e posse legal de arma;
- João de Deus prestou depoimento para a Polícia Civil quando foi preso, e ao MP-GO no dia 26 de dezembro;
- Esposa do médium foi ouvida pela Polícia Civil no dia 26 de dezembro e disse que não sabia de crimes;
- Justiça concedeu prisão domiciliar por posse de armas no dia 27 de dezembro, mas ele segue preso por violação sexual. João de Deus teve habeas corpus negado no TJ-GO e STJ e aguarda decisão do STF;
- Após o médium passar mal na prisão no dia 2 de janeiro, o presidente do Supremo pediu novas informações sobre o estado de saúde de João de Deus à Justiça de Goiás. Juíza Marli de Fátima Naves diz que não havia necessidade de transferência para hospital;
- Diante dessa informação, o ministro Dias Toffoli pediu novo parecer à PGR, que continuou contrária ao habeas corpus.
- (Fonte:G1)