Correio de Carajás

Polícia cria grupo de trabalho para se antecipar à violência nas escolas de Marabá

Na tarde desta terça-feira, 11, a Prefeitura de Marabá, por meio da Secretaria de Educação, reuniu diretores de todas as escolas municipais do núcleo urbano para uma conversa com o comando regional da Polícia Militar. O encontro aconteceu no plenário Thiago Koch, na Câmara Municipal de Marabá, e contou com a presença da secretária municipal de educação, Marilza Leite, do diretor de ensino da Semed, Fábio Rogério, do coronel da PM, Dayvid Sarah Lima, e de comandantes dos batalhões.

Durante a reunião, o coronel Dayvid Sarah Lima, do Comando Regional II da Polícia Militar do Pará, afirmou que no momento, em Marabá, não existe nenhum indício concreto que ações violentas serão realizadas nas escolas da cidade. Ele garante que operações serão feitas, ainda que não possam ser divulgadas. “Esta é uma maneira de garantir que as autoridades de segurança não percam o elemento surpresa de suas operações”, justificou.

Secretaria Municipal de Educação, Marilza Leite, e coronel Dayvid Sarah Lima, do CPR II, conversam com diretores escolares – Foto: Evangelista Rocha

Na oportunidade, as observações dos professores foram colhidas e na sequência, conforme o coronel, será criado um grupo de trabalho com órgãos de segurança pública para antecipar situações de violência, ameaça e emergência. Ele pede que os profissionais da educação fiquem atentos a atitudes que possam resultar em ações criminosas e que as autoridades de segurança sejam acionadas. Além desta, uma outra reunião foi realizada na manhã de hoje, mas dessa vez com diretores de colégios particulares da cidade, objetivando a troca de informações entre as instituições e os órgãos de segurança.

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Dayvid Sarah Lima explica que a PM já tem em mãos todos os endereços de escolas da zona urbana de Marabá e, atualmente, estão na fase final do planejamento das rondas escolares, principalmente nos horários de entrada e saída de alunos, momento em que os portões ficam abertos. As patrulhas serão feitas em escolas das redes municipal, estadual e particular, de maneira integrada com a Guarda Municipal e demais órgãos de segurança pública da cidade.

WALQUISE VIANA DA SILVEIRA
Sobre a ameaça feita aos professores da Escola Walquise Viana da Silveira, localizada no Núcleo São Félix, ele explica que um vídeo chegou até as autoridades de segurança e uma equipe especializada o rastreou até a residência de um jovem, que foi acompanhado até a delegacia. Lá, ele deu seu depoimento e na sequência, foi liberado.

O coronel relata que a ação que motivou a reunião do jovem com mais quatro amigos, culminou em uma ação praticada em outubro de 2022, mas não deu detalhes sobre o que ocorreu na época. “Não é algo motivado pelo agora. As coisas ficaram gravadas e pela divulgação do que vinha acontecendo nas redes sociais, decidiram achar que um susto, para se vingar, valeria a pena”, detalha.

MEDIDAS DE SEGURANÇA
Dayvid frisa que nenhuma denúncia deve ser descartada, mas levada a sério, e para isso existem ferramentas e etapas que podem ou não as descartar no processo. “O que a gente mais precisa, para agir de forma pontual e eficiente, é de informações que os senhores e as senhoras podem deter para fazer a denúncia”.
Segundo ele, as informações precisam chegar de maneira detalhada e objetiva, de preferência que não venham de terceiros, pois existe a possibilidade de que elas sejam para enganar as autoridades. “Estamos, inclusive, encaminhando para a delegacia alguns contatos que estão divulgando ‘fake news’, para que eles sejam responsabilizados e presos”, ressalta.

Ele pontua ainda que as mensagens que têm sido disseminadas nas redes sociais estão alcançando seus objetivos, que são o de levar terror no ambiente escolar. Ele atenta que as ações criminosas de fato, não são anunciadas, apenas executadas, dando exemplo de outras situações que ocorreram no país e no mundo afora. “Só que agora a gente observa a potencialidade dessas informações e as pessoas acreditam a tal ponto que acabam perdendo o controle e multiplicando isso como se fosse verdade”, adverte.

Para além dos alertas online, ele aconselha sobre medidas de segurança que devem ser tomadas no dia a dia. “Temos de tomar cuidado com pessoas não autorizadas, estranhas no ambiente escolar, que adentram nas escolas. Principalmente pelo portão da frente. O outro fato são os nossos jovens, as nossas crianças, que estão diretamente influenciadas e educadas pelo aparelho eletrônico”.

Marilza pede seriedade e tranquilidade para lidar com o tema – Foto: Evangelista Rocha

POSICIONAMENTO DA SEMED
Marilza de Oliveira Leite, secretária Municipal de Educação, na oportunidade incentivou os profissionais a seguirem em frente, mas atentos e cuidadosos a qualquer movimento. Ela cita que atualmente, com o grande acesso a tecnologias e a parte mais obscura da internet, ainda que os educadores tenham noção da realidade que os cerca, os resultados do acesso a essa tecnologia podem surpreender. Ela também pede seriedade e tranquilidade para lidar com o tema, e incentiva que os envolvidos peçam ajuda quando necessário. “Não é negativo, não é ruim dizer ‘eu não estou conseguindo lidar com essa situação’, pois são fatos novos”.
A secretária incentiva que os profissionais estreitem mais ainda os laços com as famílias dos alunos, e que o diálogo com eles seja ampliado. “Os pais têm de estar atentos também, se não a escola fica mais sobrecarregada”, complementa.
A fala da secretária foi posteriormente ressaltada pelo coronel, que asseverou situações em que os pais deixam a educação dos filhos completamente por conta da escola e que o ideal é que isso não ocorra.

Fábio Rogério Rodrigues Gomes, diretor geral de ensino, relatou que nos grupos com professores a apreensão foi grande logo após o feriado da Semana Santa, profissionais angustiados, principalmente devido à grande pressão dos pais. “Esse momento, ele objetiva fazer escuta, a Polícia Militar ouvir a angústia de vocês e também dar algumas orientações, algumas diretrizes de como devemos agir nesse contexto que a gente está vivendo de possíveis ataques às escolas no país afora”. (Ana Mangas e Luciana Araújo)