Correio de Carajás

Polêmicos, fogos de artifício entram em cena no fim de ano

Entre entusiastas e críticos, shows pirotécnicos oferecem encanto, mas também perigos que devem ser observados

As festas de final de ano sempre são cercadas de tradições e costumes, e certamente em Parauapebas o que não vão faltar são fogos de artifício para iluminar as noites de Natal e Réveillon. Principalmente na virada do ano, shows pirotécnicos são usados para marcar a transição entre o novo e o velho – mas apesar da beleza que uns veem na apresentação, outros tem uma miríade de críticas à prática.

A primeira preocupação quando se fala em fogos de artifício são os acidentes que podem gerar incêndios e queimaduras, ou até mesmo casos como a Boate Kiss, quando um show pirotécnico gerou o incêndio e uma das tragédias mais tristes da história do país.

Em entrevista ao Portal Correio de Carajás, o tenente-coronel Hugo Cardoso, da Defesa Civil Municipal, lembrou que a prática é proibida por lei em locais fechados e deu outros detalhes de segurança ao se lidar com pirotecnia.

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Hugo explicou que há dois tipos de prática pirotécnica: os fogos de artifício individuais, que são tipificados desde “estalinhos e tracks” a até os fogos simples, que apenas geram ruído ao explodirem no céu. O outro tipo são os shows pirotécnicos, que não podem acontecer sem a autorização das autoridades competentes. Hugo lembra que realizar show pirotécnico sem o aval do Corpo de Bombeiros é crime e pode gerar cadeia aos praticantes.

Jaymerson da Silva, empreendedor do ramo da pirotecnia há seis anos, mas entusiasta da prática desde criança, explica que há quatro categorias de fogos de artifício, que vão da A à D, sendo a última categoria os fogos em larga escala de queima. “Não é qualquer pessoa que tem acesso aos fogos: todos são tipificados, por faixa etária, para quem pode usá-los ou não”, diz Jaymerson.

O comerciante confirmou que a procura por shows pirotécnicos aumenta muito em Parauapebas neste período do ano, apesar de julgar que “ainda não é cultural na cidade” realizar queima de fogos, mas que por ser entusiasta da prática, espera que isso mude.

Ainda sobre a segurança, o tenente-coronel Hugo também pontuou que fogos de artifício artesanais devem ser evitados por não conter o selo do INMETRO, que garante a testagem dos fogos, reduzindo o risco de acidentes caso as instruções contidas na embalagem sejam seguidas à risca. Jaymerson, que comercializa o produto de forma correta, agradece a recomendação.

ANIMAIS

Um dos pontos mais sensíveis da utilização de fogos de artifício é o impacto ambiental que eles causam, principalmente aos animais, sejam eles silvestres ou de estimação. Cães e gatos ficam amedrontados, chegando até mesmo a ter ataques de pânico durante a queima de fogos por conta dos ruídos emitidos; Hugo também comenta sobre a quantidade de pássaros mortos que um show pirotécnico realizado numa área de mata pode causar.

Aos ‘pets’, o ideal seria o uso de fogos de artifício de baixo ruído, que quase não causam alvoroço sonoro a ponto de tirar a paz dos pobres bichinhos. Jaymerson, no entanto, comenta que em Parauapebas quase não há procura por estes tipos de fogos, que são comercializados em sua loja, no bairro União.

A prática responsável dos fogos de artifício é um ponto focal para a APAMA (Associação dos Amigos e Protetores dos Animais e do Meio Ambiente), ONG de amparo animal atuante em Parauapebas, Canaã dos Carajás e região.

Em entrevista, a presidente da ONG Byancka Delavour opina que uso dos fogos de artifício “é uma ação muito danosa para os animais, idosos e crianças”, e que “para os animais, uma ação simples de soltar fogos pode ser algo irreversível, pois pode vir a causar a morte, devido ao alto grau de estresse sofrido pelo mesmo”. A ONG lançará na próxima quinta-feira (23) a campanha “Diga Não Aos Fogos de Artifício”, indo contra a prática considerada danosa para fauna e pessoas mais frágeis.

Byancka Delavour destaca a ação danosa dos fogos para animais e pessoas sensíveis

Sobre os fogos de artifício de baixo ruído, Byancka considera que “pode ser um caminho muito bom para todo esse dilema, vivido pelos animais, idosos, crianças com deficiência, sem esquecer dos pássaros, que também são bastante prejudicados”. Ela finaliza se direcionando aos donos de ‘pets’, pontuando que abraçá-los durante a queima de fogos, deixando-os fora da coleira e num local seguro e adequado, pode diminuir o estresse causado pelos ruídos.

Hugo Cardoso lembra que em Belém a prática pirotécnica foi proibida durante o pós-Círio, por conta da quantidade de pássaros presentes nas muitas mangueiras da capital paraense. A combinação de fatores gerava uma alta mortandade dos periquitos que “moram” nas copas, e pontua “se lá, que é um centro urbano, morrem muitos animais, imagine aqui que é no centro da floresta?”. Segurança em primeiro lugar! (Juliano Corrêa e Ronaldo Modesto)