Pelo andar da carruagem, o policial militar Felipe Freire Sampaio Gouveia pode sentar no banco dos réus ainda este ano de 2019. Na semana passada, ele foi pronunciado pelo juízo da 3ª Vara Criminal de Marabá, pelo assassinato do professor Ederson Costa Santos, do Instituto Federal do Pará (IFPA). O crime aconteceu em agosto de 2018. Já a namorada do policial, Thaís dos Santos Rodrigues, foi impronunciada, ou seja, caso seja mantida a decisão de primeira instância, ela fica livre de responder pelo crime. Mas a acusação vai recorrer.
O crime, que aconteceu na Avenida Tocantins, em frente ao Sesi (Cidade Nova), teve ampla repercussão porque foi todo filmado pela câmera de segurança de uma empresa localizada naquela área.
De acordo com o advogado criminalista Ricardo Moura, que atua como assistente de acusação, Felipe foi pronunciado por homicídio duplamente qualificado (motivo fútil e emprego de recurso que dificultou a defesa da vítima) e também por roubo simples, já que ele se apropriou de bens da vítima (carteira porta-cédulas e celular), logo após o assassinato, como fica claro nas filmagens.
Leia mais:Perguntado sobre a impronúncia de Thaís, Ricardo Moura disse que a decisão gerou descontentamento tanto do Ministério Público quanto da assistência de acusação, que entendem que Thaís teve participação no crime. “A gente decidiu recorrer dessa impronúncia de Thaís… No entanto a gente requer no nosso recurso o desmembramento do processo, ou seja, que o juiz separe os processos para que o processo de Thaís suba para o Tribunal de Justiça”, explica o advogado, acrescentando que o MP também recorreu contra a impronúncia de Thaís.
O advogado diz acreditar que o acusado Felipe Gouveia sentará no banco dos réus ainda este ano, caso as etapas do processo sejam cumpridas de forma célere como vem ocorrendo até aqui. Já a situação de Thaís deve se arrastar por mais tempo, já que o Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) ainda irá avaliar o recurso.
De acordo com Ricardo Moura, a família do professor Ederson está extremamente consternada com toda essa situação e deve fazer manifestação, principalmente em redes sociais, para que esse processo não caia no esquecimento da sociedade local, pois o crime foi cruel.
O CRIME
Tudo aconteceu depois de uma batida de trânsito envolvendo o carro do professor e o veículo de Thaís, que estava acompanhada de Ederson. A discussão se deu porque o casal entendia que a culpa pela batida teria sido do professor, enquanto este entendia que não era o responsável.
Durante a discussão, na madrugada fria de 4 de agosto do ano passado, o professor teria mandado o casal procurar seus direitos. Foi o suficiente para o policial atirar duas vezes no indefeso professor, que estava encostado no carro com os braços cruzados, como bem mostram as imagens.
À frente da investigação na época, o delegado Ivan Pinto da Silva juntou as imagens e outras informações até chegar ao autor dos disparos, o policial militar Felipe Gouveia, lotado no 3º Batalhão de Polícia Militar de Imperatriz, no Maranhão, onde ele continuava trabalhando normalmente até o dia em que foi preso, cinco dias após o crime.
Depois disso, foi montado um cerco para chegar até Thaís, que acabou se entregando no dia 14 daquele mesmo mês. O delegado Ivan Silva sempre se disse convicto da participação de Thaís no crime, mas ela conseguiu o direito de responder em liberdade. Já o policial Felipe Gouveia segue preso no Centro de Recuperação Anastácio das Neves (Crecan), na Região Metropolitana de Belém. (Chagas Filho)
SAIBA MAIS
Caso os jurados acatem a tese da acusação, o policial Felipe Gouveia poderá pegar até 30 anos de cadeia.