Apenas deslocamentos a trabalho, para atendimento médico ou para compra de medicação e alimentação serão permitidos entre 22 e 5 horas, a partir desta quarta-feira (3), em todo o Estado do Pará.
Em Marabá e região, o Comando de Policiamento Regional (CPR) II alerta que irá fiscalizar pessoas transitando nas ruas, assim como estabelecimentos proibidos de funcionarem após às 18 horas, como restaurantes, e depois das 21 horas, como supermercados. Os bares estão proibidos de abrirem as portas a qualquer hora do dia.
O governador do Estado do Pará, Helder Barbalho, publicou na tarde desta quarta a atualização do Decreto 800, de 31 de maio de 2020, em edição especial do Diário Oficial do Estado do Pará, contendo as novas regras de combate e prevenção ao coronavírus.
Leia mais:Todo o território paraense foi colocado sob bandeira vermelha, considerada zona de alerta máximo, que também proíbe aglomerações com mais de 10 pessoas e prática de esportes coletivos. Assim como os restaurantes, as lanchonetes não poderão abrir ao público após às 18 horas, mas o serviço de delivery está autorizado sem restrição de horário, não incluída a venda de bebidas alcoólicas, que deverá ser suspensa às 18 horas por todos os estabelecimentos. As medidas são válidas, inicialmente, por sete dias.
Conforme o coronel Benedito Sabbá, que comanda 16 municípios na circunscrição do CPR II, serão desenvolvidas ações conjuntas com órgãos de segurança local para repressão daqueles que não cumprirem com a nova ordem. Quem for flagrado em desacordo com o decreto poderá ser criminalmente responsabilizado, conforme o Art. 268 do Código Penal, que determina pena de detenção, de um mês a um ano, além de multa, para quem infringir determinação do poder público destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa.
“Espera-se que nesses sete dias de medidas um pouco mais restritivas a gente consiga dar uma freada no aumento do número de casos de Covid-19 no nosso estado”, diz, ressaltando que nesta terça-feira (2) o Brasil alcançou a apavorante marca de 1.641 mortes pela doença em um único dia, a maior desde o início da pandemia, em março de 2020.
“É um número muito alto que a gente tem que tentar frear porque, se não, a coisa sai do controle, mesmo com a vacina chegando porque sabemos que a aquisição está sendo muito difícil, o mundo todo está atrás e os laboratórios não conseguem fabricar o número suficiente para distribuir para o mundo todo”, lembra.
Para ele, a fiscalização mais complicada para a Polícia Militar será do toque de recolher. “Ninguém poderá estar na rua a não ser as pessoas que estão trabalhando na segurança pública e profissionais de saúde, se deslocando para o local de trabalho ou voltando para casa, além de alguns funcionários de outras áreas. Estes vão ter que estar identificados com crachá ou com algum documento da empresa que comprove que estão saindo do trabalho e indo para casa. A gente vai trabalhar duro nisso durante esses sete dias”, garante.
Ele ressalta que caso o número de casos não diminua, poderá haver ampliação do prazo de medidas restritivas mais duras. “Se o povo nos der essa ajuda, fizer sua parcela de ajuda, de cooperação, e se Deus quiser, será somente uma semana”.
Por fim, o coronel orienta que as pessoas se preocupem com a saúde e não apenas com o trabalho que deverá ficar de lado, como no caso de estabelecimentos que terão horário para fechar. “Eu acho que tenho que cuidar primeiro da minha saúde e com a minha saúde preservada eu corro atrás do emprego, do sustento da minha família. Falecido eu não tenho como sustentar minha família, eu acho que eu tenho que pensar primeiro em me proteger e em proteger a minha família, principalmente”.
Jader Santos, presidente da Associação de Bares, Casas Noturnas, Conveniência, Lanchonetes, Músicos e Artistas Similares do Estado do Pará, reconhece a gravidade da Covid-19, mas critica a forma adotada pelo governo do Pará para lidar com a situação. Para ele, deveria ter se pensado em alternativas que garantissem o giro da economia em segurança, justificando que a restrição de horários não impede as pessoas de continuarem circulando normalmente durante o período liberado, promovendo, consequentemente, a circulação do vírus, de forma que só uma parcela dos empresários pagará a conta.
“Haverá aglomerações para ir pro trabalho, com horário reduzido, e para sair do trabalho. Acredito que o caminho não era esse, mas sim de cumprir as normas da Organização Mundial da Saúde (OMS), de distanciamento social, uso de álcool em gel e o uso de máscara. Sou a favor da conscientização sobre isso e a fiscalização, porque acho que a restrição de direitos não vai resolver nada”, afirma.
Diante do decreto, entretanto, Jader Santos afirma que a solução para os empresários noturnos é adaptar-se aos horários ainda livres. “Nós estamos vendo um meio, com os empresários do ramo, principalmente em Marabá, de fazer um mapeamento para poder trabalhar nesse final de semana, se vai ser com almoço, janta, feijoada… enfim, procurando meios de se adaptar pra não piorar ainda mais ainda o que está ruim”, finalizou. (Luciana Marschall e Chagas Filho)